terça-feira, 13 de março de 2012

"Chaubet" louva Monumento ao Forcado na Amieira (Portel)




Carlos Patrício Álvares (Chaubet) - Felizmente que Amieira e Portel estão situadas no Alentejo profundo, numa zona que parece não interessar aos que querem mandar na nossa Tauromaquia. As pessoas fazem o que consideram ir enriquecê-la sem estar a pedir licença a ninguém. Caso não fosse assim, possivelmente lá viria a ANGF e os grupos seus associados, que não foram convidados para a iniciativa, reunidos em assembleia, (nada se faz sem ser assim, dizem...) a inventarem penalizações para a Junta de Freguesia da Amieira e para a Câmara de Portel.
Ao tempo escrevia no "Olé" e foi esse semanário, sempre atento ao que se vai passando no nosso meio taurino, o único ou, pelo menos, o primeiro, a dar a notícia. Estava em construção, na Amieira, um Monumento alusivo ao Forcado.
Agora, que tanto se fala de forcados e há mais gente a falar num Monumento em sua homenagem, lembrei-me desse existente em frente da Praça de Toiros da Amieira, aldeia ribeirinha da barragem do Alqueva. Até à data, pela descrição e fotografia que li e vi, a mais espetacular escultura alusiva aos forcados. Fiquei agradavelmente surpreendido ao ler a notícia. Sem espalhafato ou vaidosas exibições, Amieira e Portel, demonstravam bem o apreço e respeito que nesta região têm pelo Forcado.
A tal, certamente não é alheio o êxito que o Grupo de Forcados de Cascais, constituído quase exclusivamente por rapazes da zona, têm obtido. É aliás, na fotografia de uma pega feita por este grupo, que se baseia o Monumento. Da autoria do fotógrafo Fernando Henriques, patenteia bem a violência do toiro, a valentia e determinação do conjunto do Grupo. Houve depois os escultores António e Francisco Charneca que, inspirados nessa fotografia, esculpiram uma obra de grande impacto e beleza, que realça ainda com mais expressão o que é uma verdadeira pega e a voluntariedade dos homens que a executam.
Estão pois de parabéns: o grupo de Forcados Amadores de Cascais, cujo comportamento inspirou e despoletou todo este interesse; o fotógrafo Fernando Henriques por ter apanhado um momento tão expressivo da atuação do grupo; e os escultores António e Francisco Charneca por, com a sua arte, terem sabido sublimar o que a fotografia transmite.
Tenho afirmado que o desejo de pegar toiros, a pega, nasceu da apetência que o português tem pelo perigo, pela aventura. É no Povo que se encontra a sua génese. É ele que mais a admira. O Monumento em Amieira é prova disso. Noutras terras de Portugal, de maior relevância, com pergaminhos ancestrais no meio da forcadagem, não existe nada com igual imponência.

Fotos D.R. e M. Alvarenga