segunda-feira, 12 de março de 2012

Mário Freire - um ano de saudade



Miguel Alvarenga - Se bem me lembro, o seu último par de bandarilhas, com a elegância e o poderio que o caracterizavam, mesmo já retirado das arenas, foi no Campo Pequeno no festival de despedida do Maestro Armando Soares. Mário Freire foi um bandarilheiro diligente e oportuno, daqueles sempre ao quite - tal como o viria depois a ser na pele de empresário e de apoderado. Representou ganadarias, esteve anos na praça de Setúbal ao lado de Jorge Pereira dos Santos, foi empresário do Campo Pequeno em sociedade com Camacho, Quintano Paulo, António Sousa, "Cachapim" e Pereira dos Santos. E foi apoderado. Apoderado "eterno" de toureiros como Luis Miguel da Veiga, Armando Soares, Mário Coelho e Luis Rouxinol - com quem esteve vinte e dois anos, até ao seu último dia.
Fazia parte de uma geração-outra onde tinham também ombreado, entre (poucos) outros, Homens diferentes como Alfredo Ovelha, Fernando Camacho, Raul Nascimento, José Agostinho dos Santos, Manuel Gonçalves e, mais recentemente, Rogério Amaro e José Carlos Amorim. Restam já quase nenhuns desse tempo e desses costumes. Manuel Andrade Guerra classificou-o como "o último gentleman da nossa Tauromaquia".
Visitei-o mais que uma vez no seu leito hospitalar, na CUF. Alimentava ainda a esperança de que iria recuperar e voltar a acompanhar o seu cavaleiro, Luis Rouxinol.
Faria 83 anos daí a poucos dias. Já mal falava da última vez que o fui ver. Disse-me adeus com a mão e saí desfeito do quarto, consciente de que era mesmo um adeus verdadeiro. Morreu três dias depois. Fez ontem, 11 de Março, um ano. Já tanto tempo. Já tanta saudade.

Foto Emílio