Miguel Alvarenga - Se bem me lembro, o
seu último par de bandarilhas, com a elegância e o poderio que o
caracterizavam, mesmo já retirado das arenas, foi no Campo Pequeno no festival
de despedida do Maestro Armando Soares. Mário Freire foi um bandarilheiro
diligente e oportuno, daqueles sempre ao quite - tal como o viria depois a ser
na pele de empresário e de apoderado. Representou ganadarias, esteve anos na
praça de Setúbal ao lado de Jorge Pereira dos Santos, foi empresário do Campo Pequeno
em sociedade com Camacho, Quintano Paulo, António Sousa, "Cachapim" e
Pereira dos Santos. E foi apoderado. Apoderado "eterno" de toureiros
como Luis Miguel da Veiga, Armando Soares, Mário Coelho e Luis Rouxinol - com
quem esteve vinte e dois anos, até ao seu último dia.
Fazia parte de uma geração-outra onde
tinham também ombreado, entre (poucos) outros, Homens diferentes como Alfredo
Ovelha, Fernando Camacho, Raul Nascimento, José Agostinho dos Santos, Manuel
Gonçalves e, mais recentemente, Rogério Amaro e José Carlos Amorim. Restam já
quase nenhuns desse tempo e desses costumes. Manuel Andrade Guerra
classificou-o como "o último gentleman da nossa Tauromaquia".
Visitei-o mais que uma vez no seu leito
hospitalar, na CUF. Alimentava ainda a esperança de que iria recuperar e voltar
a acompanhar o seu cavaleiro, Luis Rouxinol.
Faria 83 anos daí a poucos dias. Já mal
falava da última vez que o fui ver. Disse-me adeus com a mão e saí desfeito do
quarto, consciente de que era mesmo um adeus verdadeiro. Morreu três dias
depois. Fez ontem, 11 de Março, um ano. Já tanto tempo. Já tanta saudade.
Foto Emílio