sábado, 5 de agosto de 2017

Praça cheia ontem em Angra: Moura Jr. e Manuel Pires, os Bravos de uma corrida histórica!

João Moura Jr. ganhou ontem em Angra do Heroísmo o troféu da melhor lide.
Sem contestação alguma e depois de ter sido anunciada a constituição do júri.
Recebeu o galardão das mãos de , coordenadora das Festas da Praia
da Vitória/2017
Toureio mourista em noite de glória ontem na Monumental da Ilha Terceira.
João Moura Jr. a reafirmar além-Atlântico a solidez e a serena tranquilidade
do momento que está a viver, sagrando-se incontestavelmente também nos
Açores como o primeiro da nova geração de cavaleiros tauromáquicos
José Luis Figueiredo (ex-cabo dos Forcados Amadores do Montijo) e Óscar
Romão
(antigo elemento do grupo), ao início da corrida, ladeados por Tibério
Diniz
(vereador da Cultura da Câmara da Praia) e Francisco Godinho (presidente
da Tertúlia Tauromáquica da Praça da Vitória), no acto de homenagem à memória
do forcado António Gouveia, que morreu nesta arena há 26 anos, vítima de colhida
Classe e valor no toureio de João Pamplona, brilhante no quinto toiro, depois
de ter enfrentado primeiro (foto) um toiro de Silva Herculano que se parava no
momento da reunião e que retirou brilhantismo à esforçada lide do valoroso
cavaleiro terceirense... que mesmo assim, merecia música!
Trinta anos depois da estreia de seu pai na Ilha Terceira, o novo Rouxinol
reafirmou ontem nos Açores que é um caso e vai fazer História nesta arte!
Pega monumental ao último toiro da corrida de ontem em Angra. Manuel Pires
em noite de apoteose e a consagrar-se como um dos grandes Forcados da
actualidade
José Quintas e Pedro Fonseca (foto) foram os autores das duas excelentes
pegas dos Amadores de S. Manços ontem em Angra do Heroísmo
Os Amadores de Arronches executaram duas valentes pegas por intermédio
de João Rosa e Luis Marques
Tibério Diniz, vereador da Cultura da Câmara da Praia da Vitória, entregou
ao forcado Manuel Pires, futuro cabo dos Amadores do Ramo Grande, o
aclamado troféu que premiou a melhor pega da corrida de ontem
António Ferreira, representante da ganadaria de Albino Fernandes (genro do
saudoso ganadero terceirense), recebendo os troféus de apresentação das mãos
de Paulo Coderniz (da Assembleia Municipal da Praia da Vitória) e o prémio de
bravura (foto de baixo), entregue por Francisco Godinho, presidente da Tertúlia
Tauromáquica da Praia da Vitória, a Tertúlia "Paulo Caetano)


Miguel Alvarenga - A Festa de Toiros na Ilha Terceira, a Terra dos Bravos, tem um sabor diferente, especial. A aficion é imensa, exigente e entendida, aqui não há crise que valha, o público vai aos toiros e ontem encheu (três quartos fortes) a sua bem cuidada e bonita Monumental para assistir a uma grande (grande, mesmo!) corrida, a primeira celebrada por ocasião das tradicionais e portuguesíssimas Festas da Praia da Vitória.
Já aqui não vinha há uns anos. À “minha” Ilha, à Ilha de tantos e tão queridos Amigos, como o Carlos Alberto Moniz, o Silveirinha, o João Parreira, o Valdemar Barcelos, o António Pontes, o Carlos Ávila, o João Carlos Pamplona e outros mais - que ontem tive o gosto imenso de rever. Gente boa. Distinta.
A primeira vez que vim à Terceira foi exactamente há trinta anos, depois vim e voltei a vir imensas vezes. Há trinta anos, Luis Rouxinol apresentou-se aqui, pelas festas, numa praça portátil instalada na Praia da Vitória, poucos dias depois de ter tomado a alternativa em Santarém. Três décadas depois, assisti ontem à apresentação de seu filho Luis Rouxinol Jr. na Terra dos Bravos, também depois de ter recebido triunfalmente a sua alternativa no Campo Pequeno. A História cumpre-se de novo - e repete-se. Com a mesma glória.
A nocturna de ontem ficou marcada por dois triunfos memoráveis: o do cavaleiro João Moura Jr., que vive momento de enorme consagração e ganhou o troféu para a melhor lide pela sua primeira e extraordinária actuação frente a um bom toiro do Engº Luis Rocha; e o de um Forcado de eleição, Manuel Pires, que na segunda-feira vai assumir a liderança do Grupo do Ramo Bravo na tarde em que este comemora o seu 10º aniversário e se retira o cabo fundador Filipe Pires, seu primo.

Uma pega "do outrro mundo"!

Pega “do outro mundo”, que bem esteve Manuel Pires a citar, que elegância, que tranquilidade, que porte de toureiro bom. E que bem recuou depois, mandando e templando a investida do bravo toiro da Casa Agrícola José Albino Fernandes, fechando-se com decisão e não mais saindo da cara do oponente, a aguentar derrotes e mais derrotes, até os companheiros chegarem e confirmarem aquilo que já ele tinha confirmado e bem, que a pega estava consumada. Praça em loucura, aplaudindo de pé e uma volta deu com Rouxinol Jr. e outra sózinho, todos a aclamar em euforia, que ninguém o queria ver sair dali, todos insistiam em consagrar aquele momento e registá-lo para a posteridade como um dos mais emotivos que nos últimos tempos aqui se viveram na Monumental de Angra do Heroísmo. Grande Forcado! Não tenho dúvidas em afirmar: um dos grandes Forcados da actualidade!

Toiro de Albino Fernandes ganha os dois prémios

O Concurso de Ganadarias foi ganho "em duplicado" pelo quinto toiro da noite, da Casa Agrícola José Albino Fernandes, brilhantemente lidado por João Pamplona, que se chamou “Juanito”, tinha o nº 428 e pesou 528 quilos. O júri que atribuiu ontem os prémios, sem a mínima contestação, era formado por Francisco Parreira, pelo ganadero alentejano Diogo Passanha (que se encontra na Terceira a assistir às corridas das Festas da Praia) e pelo antigo cabo dos Amadores do Montijo, José Luis Figueiredo. O toiro de Albino Fernandes, saudoso e destacado ganadero terceirense, foi premiado com os troféus de bravura e de apresentação.
Foi também muito bom o sexto toiro, da mesma ganadaria; e o primeiro, de Luis Rocha. Destaque, ainda, para o quarto, de Silva Herculano. Lidavam-se dois de cada uma das referidas ganadarias.

João Moura Jr., a solidez de uma Figura

João Moura Jr. reafirmou ontem na Terceira o momento altíssimo que está a viver. Moral em alta, imparável, com uma quadra de nível elevadíssimo. Trouxe alguns craques aos Açores e deixou outros no continente. Depois de na segunda-feira aqui voltar a actuar, segue para a Graciosa, onde toureia nos próximos dias 12 e 14 e na manhã de dia 15 ruma a Lisboa para actuar nessa tarde em Reguengos e à noite na Messejana.
Esteve enorme na lide do primeiro toiro, de Luis Rocha. Enorme a bregar, a ladear na cara do toiro, a cravar em terrenos de compromisso, a rematar as sortes com maestria e o temple que é apanágio do toureio mourista. A transmitir segurança, uma solidez admirável, a tranquilidade serena de quem vive um momento de absoluta afirmação e de solene consagração. Incontestavelmente o primeiro da nova vaga.
O seu segundo toiro, da ganadaria Silva Herculano, também não destoou. João Moura Jr. voltou a estar em grande nível, entusiasmando o público que se foi levantando de ferro em ferro, como que impelido por uma mola, a aplaudir, a consagrar tanta arte e tamanho Toureiro. Triunfo grande, a deixar justificada expectativa para a repetição, depois de amanhã, aqui em Angra.

A classe de João Pamplona

João Pamplona, o mais jovem de uma histórica e respeitada Dinastia terceirense de bons cavaleiros, tem, desde que se iniciou, demonstrado valor e classe para poder ir longe. Toureia pouco, mas parece que está muito toureado. Tem presença, é excelente equitador e possui, desde muito novo, uma rara intuição que sempre deixou antever um futuro brilhante.
O seu primeiro toiro, segundo da noite, de Silva Herculano, investia com alegria, mas parava-se no momento da reunião e isso não permitiu a João Pamplona o triunfo que se antevia, obrigando-o a passar demasiadas vezes em falso, sem deixar o ferro por “não ter toiro”. Mesmo assim, pelo seu esforçado labor e pela seriedade com que soube ultrapassar as dificuldades do toiro, merecia ter tido música, mas o director de corrida não lha concedeu e no final veio apenas ao centro da arena, recusando dar a volta - com a dignidade que marca quem é bem nascido. E ele é.
No quinto toiro da corrida, um bom exemplar de Albino Fernandes que exigia, pedia contas e transmitia (vencedor do Concurso de Ganadarias), João Pamplona esteve por fim em grande nível e pôde aqui demonstrar todas as suas potencialidades e aptidões numa lide bem desenhada, em que sobressaiu a ousadia e a verdade toureira em cites de praça a praça, com ferros cravados em sortes frontais, vencendo o piton esquerdo, que resultaram emotivos. Teve música e deu aplaudida volta à praça.

30 anos depois, o novo Rouxinol brilha na Terceira

Luis Rouxinol Jr. é, disse-o sempre, um caso e está a afirmar-se por si próprio, distanciando-se do selo de ser filho de Luis Rouxinol. Toureiro de um valor acentuado e de uma raça desmedida. Sabe o que faz e faz bem. Lide redonda no terceiro toiro, de Luis Rocha (de boa nota também) e uma actuação de grande fulgor no no último, de Albino Fernandes, onde superou, encastando-se, uma aparatosa queda logo de início, por o cavalo ter escorregado e que podia ter tido consequências graves.
Recompôs-se o jovem Rouxinol e foi como se não se tivesse passado nada. Casta, muito casta e uma lide brilhante, em crescendo. Trinta anos depois da estreia de Luis Rouxinol na Terra dos Bravos, nota alta para o debute do novo Rouxinol, a seguir com brilhantismo e uma raça tão própria os passos de glória que marcaram três décadas de carreira notável de seu pai.
Aplausos para a brega desenvolvida, quer a lidar, quer a colocar os toiros para as pegas, pelos seis bandarilheiros que ontem coadjuvaram as lides: Benito Moura e Diogo Malafaia, Diogo Coelho e Gonçalo Toste, David Antunes e Sérgio Silva.

Noite triunfal para os Forcados

As pegas estiveram a cargo dos forcados continentais de S. Manços e de Arronches e dos terceirenses do Ramo Grande.
João Quintas, à primeira e Pedro Fonseca, ao segundo intento, foram os forcados de cara nas pegas do Grupo S. Manços, tendo estado bem e com os companheiros a ajudar com coesão.
Pelos Amadores de Arronches pegaram João Rosa (muito bem, à primeira) e Luis Marques, à segunda tentativa. Bem, também, todo o grupo nas ajudas.
Os Amadores do Ramo Grande executaram brilhantemente as duas pegas à primeira. André Lourenço foi o forcado de cara no terceiro toiro da noite e o já referido Manuel Pires fez a grande pega da corrida ao último.
Ao início do espectáculo e com a presença na arena do antigo cabo dos Forcados Amadores do Montijo, José Luis Figueiredo e de Óscar Romão, antigo elemento do grupo, foi prestada homenagem à memória do forcado António Gouveia, falecido nesta praça há exactamente vinte anos, vítima de colhida. Ao intervalo descerrou-se nos corredores da Monumental uma placa alusiva a esta trágica efeméride na presença dos cavaleiros e forcados e de muito público.
A corrida foi bem dirigida por Mário Manteigas, que foi recordado empresário desta praça, há anos, em sociedade com António Pontes e com os empresários continentais Rogério Amaro e António Manuel Cardoso “Nené”.
Noite para a História na Monumental da Ilha Terceira. Uma corrida das que fazem aficionados. Das que fazem falta à Festa! E venha a segunda, na próxima segunda-feira! Que aqui vale a pena ir aos toiros.

Fotos Simão Fonseca