sexta-feira, 31 de agosto de 2018

João Moura Jr: "Gostava de tourear mano-a-mano com Ventura em Lisboa com toiros de Grave ou Vale Sorraia!"



Reconhece que o seu pai "é feito de outro material" e que "não é qualquer um que consegue chegar lá". Mesmo assim, ambiciona "algum dia atingir o que ele conseguiu". João Moura Júnior faz um primeiro balanço de mais uma temporada de êxitos e de consagração e confessa-se satisfeito com os objectivos alcançados por seu primo Benito, o novo apoderado. Revela que o seu próximo objectivo é sair em ombros pela Porta do Príncipe em Sevilha. E confessa que gostava de tourear mano-a-mano em Lisboa com Ventura frente a toiros de Grave ou Vale Sorraia. Depois do recente triunfo no Campo Pequeno na Corrida TVI, tem os próximos grandes compromissos em Montemor (próximo domingo), Moura e Vila Franca 

Entrevista de Miguel Alvarenga

- Triunfo importante na Corrida TVI no Campo Pequeno, com toiros sérios de Murteira Grave. Um marco nesta tua temporada de êxitos?
- Foi sem dúvida um marco da minha temporada, e também para a temporada do Campo Pequeno. Foram toiros sérios em que nenhum de eles deu hipóteses de haver erros. A meu ver, acho que estive desde o primeiro momento muito disposto em pisar a linha do fogo e consegui triunfar. Como todos sabem, um triunfo no Campo Pequeno é sempre marcante, mas acho que esta corrida teve ainda muito mais importância, por ter sido com a ganadaria Murteira Grave e também por haver 2 milhões de pessoas a ver na TVI. Ainda é muito cedo para falar deste assunto, mas para o ano gostava muito de tourear outra vez nesta corrida da TVI.
- E Espanha, que balanço da época até aqui?
- Tem sido uma temporada não com muitas corridas, como era habitual, mas tenho que destacar a minha faena de Madrid, que foi sem dúvida uma das melhores de toda a minha vida, foi só pena o toiro não ter caído porque a porta grande tinha-me vindo ajudar a mudar muita coisa. E também quero ressalvar a porta grande de Bayonne, em França, foi daquelas tardes que jamais me vou esquecer, é uma afición maravilhosa e tem um sabor muito especial triunfar lá.
- Três grandes compromissos se avizinham: já no próximo domingo, em Montemor; no dia 7 em Moura com teu pai e Diego Ventura; e no dia 30 em Vila Franca, a corrida do centenário da “Palha Blanco”. Como os encaras?
- São todos eles muito importantes, são três praças de máxima categoria e três cartéis muito competitivos. Vai de certeza haver guerra, estou mentalizado para acabar a minha temporada tal como comecei, por isso só espero que sejam três corridas em que feche esta minha campanha de 2018 com chave de ouro.
- As praças têm estado cheias, a Festa Brava vive um momento de imenso fulgor e muitos cavaleiros estão finalmente a destacar-se e a impor-se, caso, por exemplo, de Francisco Palha. Como vês o actual momento da nossa tauromaquia?
- Sem dúvida que as praças tem estado praticamente todas cheias, o que tem sido muito importante para a nossa festa, mas também não quero deixar de dizer que neste momento há, e eu vou-me incluir neles, cavaleiros que arriscamos e atiramos a moeda ao ar em cada tarde, e quando isso acontece, há interesse máximo do público e as praças enchem, tal como tem acontecido até agora. Portanto, acho que neste momento, a nossa tauromaquia está em alta.
- Qual o cartel ideal em que gostavas de participar?
- Gostava muito de voltar a fazer um mano-a-mano com o Diego Ventura no Campo Pequeno, com toiros de Murteira Grave ou Vale Sorraia, acho que seria um cartel impactante!
- Mudaste de apoderado este ano. Que balanço fazes, até ao momento, do trabalho de teu primo Benito?
- Tem feito um trabalho excepcional, decidimos desde o primeiro momento tourear entre as dez a doze corridas, e vou acabar com onze corridas feitas em Portugal. Portanto, tem sido tal como nós queríamos e quando as coisas assim são, só tenho que estar contente por todo o trabalho e dedicação que o meu primo tem feito.
- Que metas e objectivos te faltam atingir?
- Sou uma pessoa exigente e perfeccionista e nunca me sinto conformado com os meus feitos. Sou novo e tenho muitíssimo para evoluir. Mas falando de objetivos, sonho muita vez conseguir sair em ombros pela Porta do Príncipe de Sevilha, esse é um dos meus sonhos e um dos meus primeiros objectivos.
- Imaginavas a tua vida sem seres toureiro?
- Hoje em dia imagino, tenho passado por muitas coisas, tanto boas como más na vida, e por isso sinto-me uma pessoa preparada para encarar qualquer “obstáculo” que a vida nos possa trazer.
- Como tens vivido e sentido esta temporada de comemoração dos 40 anos de alternativa de teu pai? Ambicionas também lá chegar?
- Tem sido especial, a comemoração dos 40 anos no Campo Pequeno foi uma corrida marcante para todos nós. Chegar lá era um sonho, mas o meu pai está feito de outro material que não é qualquer um que consegue chegar lá. Vou trabalhar para algum dia conseguir atingir o que ele conseguiu.
Fotos Emílio de Jesus, las-ventas.com e @João Moura Jr.