Há 55 anos o toureiro-frade Juan García “Mondeño” elegeu a praça de toiros do Campo Pequeno (então gerida pelo saudoso Manuel dos Santos) para fazer a sua reaparição mundial nas arenas, depois de abandonar a vida religiosa e o convento onde fora ordenado dois anos antes.
No início dos anos 60, o toureiro andaluz surpreendeu o mundo taurino ao deixar as arenas para se dedicar a Deus e à vida de frade. A sua ordenação aconteceu no Convento Dominicano de Caleruega na província de Burgos a 30 de Agosto de 1964. “Mondeño” tomara a alternativa de matador de toiros na emblemática Real Maestranza de Sevilha em Março de 1959 apadrinhado pelo lendário António Ordoñez. Era, ao tempo, uma das grandes figuras do toureio espanhol.
A sua vocação não foi tão forte quanto a paixão que nutria pela arte do toureio e em 1966 deixou o convento para regressar às arenas, elegendo a praça de Lisboa para se voltar a vestir de luces.
A sua reaparição mundial ocorreu na Monumental do Campo Pequeno em 27 de Março de 1966 (programa em baixo), cumprem-se hoje exactamente 55 anos, numa tarde em que toureou mano-a-mano com António dos Santos. A cavalo actuavam Pedro Louceiro e o jovem promissor Joaquim José Correia (Quim-Zé), que em Outubro desse mesmo ano viria a morrer, vítima de colhida, nessa mesma arena de Lisboa. Lidaram-se toiros de Manuel João Coimbra Barbosa e pegou o Grupo de Forcados Amadores do Montijo, sob o comando de José Carvalheira.
Anos mais tarde, "Mondeño" viria a retirar-se do toureio. Vive hoje na cidade de Paris.
Fotos D.R.