Cumprem-se neste dia 11 de Agosto - data fatídica para a tauromaquia nacional - 48 anos sobre a morte de José Falcão na arena de Barcelona e 39 sobre a grave colhida sofrida na arena do Campo Pequeno pelo cavaleiro José Francisco Varela Crujo, que quatro anos depois lhe viria a causar a morte (ambos nas fotos de cima)
José Falcão morreu há 48 anos na Monumental de Barcelona, colhido pelo toiro "Cuchareto", nº 12, com 506 quilos, da ganadaria espanhola de Hoyo de la Gitana.
O famoso toureiro vilafranquense, único matador de toiros português vítima de colhida mortal, era natural de Povos (Vila Franca de Xira) e tinha 30 anos no dia em que morreu (11 de Agosto de 1974).
Novilheiro de renome, que formou ao tempo histórica parelha com o eborense Óscar Rosmano, Falcão era ao tempo o mais emblemático representante do toureio a pé nacional em Espanha.
Recebera a alternativa a 23 de Junho de 1968 na Feira de Badajoz, apadrinhado por Paco Camino na presença de Francisco Rivera “Paquirri", que anos mais tarde viria também a ser vítima de colhida mortal em Espanha.
José Falcão sofreu a grave cornada na femoral quando batiam as sete menos dez da tarde de 11 de Agosto do ano da nossa "revolução". Alternava nessa corrida em Barcelona com os matadores espanhóis Manolo Cortés e Paco Bautista e com o rejoneador Álvaro Domecq.
Foi Domecq quem primeiro saltou à arena a acudir o matador português, procurando estagnar-lhe com a mão a tremenda hemorrogia no caminho que decorreu entre a arena e a enfermaria. Mal o deitaram na mesa de operações, José Falcão dirigiu estas palavras ao famoso cavaleiro: "Gracias, Álvaro, muchas gracias".
Estava consciente da gravidade da cornada. Depois virou-se para o Dr. Olivé, que se preparava para o operar e pediu: "Doutor, duérmame" (adormeça-me). E adormeceu para sempre. Morreu às onze horas e dez minutos dessa noite.
Casara no Inverno anterior e não chegou a conhecer a filha, que nasceria poucos meses depois da tragédia. Inicialmente sepultado em Barcelona, o corpo de José Falcão foi trasladado anos mais tarde para o cemitério de Vila Franca de Xira, onde repousa desde então em paz.
Oito dias antes dessa trágica tarde (domingo, 4 de Agosto) toureara com Ricardo Chibanga na praça da Figueira da Foz, sua derradeira actuação em Portugal, onde em Junho desse mesmo ano estoqueara um toiro no Campo Pequeno em plena Corrida TV. Foi também o último matador de toiros a matar um toiro na arena de Lisboa.
Cumprem-se hoje também 39 anos sobre a trágica nocturna realizada na praça de toiros do Campo Pequeno (cartaz em baixo) em que foi vítima de colhida fatal o cavaleiro José Francisco Varela Crujo, que viria a morrer quatro anos depois, no dia de Natal do ano de 1987.
Filho do também já falecido ganadeiro José Crujo, o malogrado cavaleiro tauromáquico nasceu em Lisboa a 23 de Outubro de 1956, mas bem cedo foi viver para Beja, onde se iniciou na prática do toureio equestre.
Debutou em público a 9 de Setembro de 1970 na praça de Moura e tomou a alternativa no Campo Pequeno na corrida de Domingo de Páscoa do ano de 1977 (10 de Abril), apadrinhado por Mestre David Ribeiro Telles e com um toiro da ganadaria Ortigão Costa.
Varela Crujo desenvolveu digna carreira em arenas de Portugal, Espanha e França, gozando de enorme popularidade neste último país, onde toureara dias antes da fatídica queda em Lisboa.
Nessa noite de 11 de Agosto de 1983, José Varela Crujo alternava no Campo Pequeno com José Maldonado Cortes e os matadores Mário Coelho e Pepe Câmara, frente a toiros da ganadaria Pontes Dias.
O malogrado cavaleiro esteve em coma vigil durante quatro anos, acabando por morrer a 25 de Dezembro de 1987.
Foi o terceiro cavaleiro a perder a vida por colhida na arena lisboeta depois de Fernando de Oliveira (12 de Maio de 1904) e Joaquim José Correia "Quim-Zé" (16 de Outubro de 1966).
Fotos D.R. e M. Alvarenga
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4 de Agosto de 1974, Figueira da Foz. José Falcão na sua última corrida em Portugal, oito dias antes da tragédia em Barcelona, bandarilhando a duo com Ricardo Chibanga |
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Colhida mortal de Falcão em Barcelona foi há 48 anos |
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Varela Crujo fotografado por M. Alvarenga em Beja, um mês antes da colhida em Lisboa, numa entrevista a "O Diabo" |
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A colhida fatal de Varela Crujo há 39 anos em Lisboa, captada por Henrique de Carvalho Dias, o único fotógrafo que registou a tragédia. Em baixo, o cartaz dessa corrida |