Hugo Teixeira - A última encerrona da carreira de João Moura, ontem em Portalegre, foi um êxito! O prodígio de Monforte foi passeado em ombros, terminando o festejo a ouvir-se na maior praça (em termos de lotação) do Alentejo: Toureiro, toureiro, toureiro!
Perante uma boa casa, com muita juventude e de um público em geral muito alegre, Miguel Moura voltou a “partir a loiça” e o promissor Tomás Moura deixou escrito que continuará a dinastia mourista.
As nuvens carregadas e a chuva que assolava a região não afastaram os aficionados da Praça de Toiros "José Elias Martins", em Portalegre, a maior em termos de lotação no Alentejo.
Mais de meia casa (a rondar os três quartos) para ver a última encerrona de João Moura, que está a assinalar 45 anos de alternativa e de glória.
Nas cortesias, Moura escutou uma ovação de arrepiar e, numa tarde única e irrepetível, o Maestro de Monforte mostrou porque é e será sempre o Número 1 do toureio a cavalo.
Não vou relatar aqui toiro a toiro, pois os Veiga Teixeira saíram díspares de apresentação e bravura, mas proporcionaram no geral um enorme triunfo a Moura, que bregou com maestria, ladeou como só ele sabe e atacou, de frente, os toiros, como um guerreiro.
Ao longo da tarde não faltaram os ferros com cites de praça a praça e momentos de reunião únicos, onde não faltaram também as ligeiras batidas ao píton contrário, com aquele toque de genialidade que só Moura sabe fazer. Não faltou em praça nada do seu manual do toureio, aquele manual que levou o “menino de Monforte” a todos os cantos do mundo, rumo à consagração. Foi uma tarde de emoções, acreditem!
João Moura continua a ser um caso, não só pelas ganas que leva sempre para a arena, mas também pela leitura que faz dos toiros, dando a cada lide um toque único.
Repartiu os últimos três toiros com o seu filho Miguel Moura e com o amigo João Soler Garcia.
Se esteve muito alegre com Garcia, que deixou também bons apontamentos, foi com Miguel Moura que se deu a enorme explosão.
Miguel está imparável!
Depois do êxito de Madrid, onde cortou uma orelha e do estrondoso triunfo no Campo Pequeno, Miguel foi a Portalegre “dar um murro na mesa” e dizer a toda a afíccion que está na luta pelo trono do toureio a cavalo.
O cavalo com o ferro de Luis Rouxinol é um caso e o público explodiu, com fortes ovações aqueles momentos de arrepiar e de risco que ambos proporcionaram.
O labor de Miguel Moura, que bregou como ninguém, ladeou e cravou a ferragem com enorme nota artística, foram os pontos fortes da sua passagem.
Tomás Moura, o mais novo da dinastia mourista, fechou a gloriosa tarde, perante um novilho de Charrua voluntarioso. O Tomás tem um longo caminho a percorrer, mas tem tudo para ser também toureiro e um caso. Em Portalegre deixou essa ideia e o público acarinhou o benjamim da família Moura pela sua desenvoltura dentro de praça. Eu acredito no Tomás, tem “sumo” para vir a ser toureiro.
De destacar ainda que o ganadeiro de Veiga Teixeira deu volta ao ruedo após a lide do quinto da tarde. Os toiros foram recolhidos a cavalo, por uma dupla de campinos, e o fado também marcou presença, através da voz inconfundível de Manuel da Câmara, que cantou como ninguém dois fados que retratam a vida e a obra de João Moura.
Ao longo da tarde, João Moura foi brindando as suas atuações.
Francisco Romão Tenório, a presidente da Câmara de Portalegre, Fermelinda Carvalho, Fermín Bohórquez, Manuel da Câmara, João Augusto Moura, Bini Moura, a sua equipa de sempre, a família Cabecinha, foram alguns dos eleitos.
João Moura foi também homenageado pela Câmara de Portalegre, pela empresa Toiros com Arte, pelos três grupos de forcados em praça, entre outras entidades.
No final do festejo foi passeado em ombros, não só pelo que fez em praça naquela tarde, mas pelo seu percurso glorioso, de uma figura única que fica na História.
No capítulo das pegas estiveram em praça os forcados Amadores de Portalegre, Arronches e Académicos de Elvas, numa tarde de vistosas e de rijas pegas.
Por Portalegre foram solistas Gonçalo Costa e Ricardo Almeida à primeira tentativa. E Filipe Rodrigues pegou ao segundo intento o novilho lidado por Tomás Moura.
Pelos Amadores de Arronches foram caras Nuno Carrajola à quarta tentativa e a sesgo; já Luis Sarrato fechou a tarde para os de Arronches ao primeiro intento.
Os Académicos de Elvas elegeram para a sua primeira intervenção o forcado João Bandeiras que pegou ao primeiro intento; e depois Gonçalo Machado que, igualmente à primeira tentativa, concretizou a sorte.
Muita juventude nas bancadas, um público muito alegre e entregue, que entre a chuva que caiu e as nuvens carregas que pairavam no céu de Portalegre, aplaudiram com estrondo João Moura.
Dirigiu com acerto Marco Gomes, assessorado pelo médico veterinário José Guerra.
Uma tarde para recordar!
Foto Nélia Ramos/Facebook
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