segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Todos ao Campo Pequeno! Pronto, eu vou!

Miguel Alvarenga - Irritou-me muita coisa na última tourada do Campo Pequeno. Irritou-me sobretudo este novo público festivo e desconhecedor que vai ali divertir-se e bater palmas (mais palmas até para o cornetim que propriamente para os toureiros, e digo isto com o maior respeito, consideração e admiração pelo nosso amigo José Henriques), que ri a bandeiras despregadas quando os forcados vão pelo ar, um públicozinho que transformou a minha praça, a praça onde o meu Pai me levou pela primeira vez a ver uma tourada e onde aprendi a ser aficionado, numa Feira Popular com sabor a sardinhas e farturas e não a corridas de toiros como elas eram. Irritou-me muita coisa e decidi não voltar.

Fui uma semana de férias, arejei as ideias, acalmei a olhar o mar (que adoro), repensei e tomei a decisão de voltar. Acima de tudo, por tudo o que está escrito nesta foto que publico aqui em baixo. Sou amigo do Luis Miguel Pombeiro há quase cinquenta anos. Talvez mesmo há cem ou duzentos. E ele não merece que eu lhe vire as costas. Só isso. E só por isso.

Volto, mas volto contrariado. Juro que não me apetece nada. Mas faço isso pelo Luis Miguel. E pelo Campo Pequeno - que está a morrer aos poucos, mas que acredito que pode ainda um dia ressuscitar.

Li com redobrada atenção o artigo de Ángel Luis de la Calle, correspondente em Madrid do "Expresso", que foi capa da revista do jornal na última sexta-feira. Um artigo sobre uma suposta rivalidade entre Morante de la Puebla e Roca Rey naquilo que o articulista considera ser um "tempo de crise" numa tauromaquia "em fase de declínio, prenúncio de um futuro incerto".

O artigo é meio tendencioso - e originou algum sururu nas redes sociais. Mas Ángel Luis de la Calle tem razão em muitas das coisas que escreve. E cita António Lorca no diário "El País": "Os poucos fãs que restam foram substituídos por um público festivo que só procura diversão, sem real conhecimento da arte". Nada mais verdadeiro. Nada mais igual ao que hoje se passa no Campo Pequeno...

Mesmo assim, eu volto. E vou quinta e sexta ao Campo Pequeno. O Pombeirinho, por todo o seu esforço, pela tão longa e tão grande amizade que nos une, não merece que lhe vire as costas. Lá estarei. Venham também!

Pronto!

Fotos Maria Mil-Homens e D.R.