É quase inacreditável a força com que Juan José Padilla está a enfrentar tudo por que passou. O heróico diestro de Jerez recebeu este fim-de-semana em sua casa uma equipa de repórteres do diário "ABC" e quando o jornalista Andrés Amorós lhe perguntou como foi possível uma recuperação tão rápida, explicou:
"Não se pode olhar para trás. Todo o segredo está na cabeça. Quem tem vontade, tem força...".
Não é o olho, tapado com uma pala, o que mais o preocupa neste momento:
"O ouvido é o mais incómodo. Oiço um 'apito' constante, como se fosse um sinal sonoro transmitido pelo cérebro. E as dificuldades com os alimentos sólidos, por causa da mandíbula... As duas coisas vão-se resolver!" - diz.
E, sobre o regresso às arenas, nega que o faça por uma questão de dinheiro:
"Não é isso que me preocupa. Graças a Deus, tenho uma estabilidade económica. Mas quero 'devolver' todo o apoio que tanta gente me deu. Se estou bem, seria egoísta ficar em casa. Deus está a dar-me a oportunidade de voltar à vida, porque não havia de tourear? Quero agora expressar o meu toureio com a máxima seriedade".
Questionado sobre que significado tem para si a Tauromaquia, eis a pronta resposta de Padilla:
"Absolutamente tudo, juntamente com a minha Família! É a minha vida, o meu mundo. Esta cornada só me 'tramou' o olho, nada mais. Espero retirar-me do toureio quando eu o entender, não por causa de um incidente!".
Fotografado em sua casa beijando a filha sob o olhar de sua Mulher, Juan José Padilla (19 temporadas como matador de toiros) frisa que não quer que as pessoas tenham pena de si:
"Estou muito agradecido às empresas e aos meus companheiros por todas as atenções que têm tido, mas quando voltar a sair a um ruedo, saio como mais um, disposto a ganhar a 'guerra'. Assumo plenamente toda a exigência e os valores do toureio".
- E continuarás a fazer "largas cambiadas", a colocar bandarilhas? - pergunta o jornalista.
"Claro que sim! Quando o toiro o permita e eu o sinta assim. Não é algo pré-estudado. Não será um problema a pala, tudo vai depender, como sempre, dos toiros, se bem que, com alguns, confesso, não ma bastava ter dois olhos, mas quatro...".
O regresso às arenas, como se sabe, está marcado para o próximo dia 4 de Março na arena de Olivença, ao lado de Morante e "Manzanares".
Foto "ABC"
