sábado, 16 de abril de 2016

Toureiros acusam: há doping nas arenas!

Duarte Pinto, João Salgueiro (na foto, com o Dr. Paulo Pereira) denunciaram hoje
escândalos que se passam nas praças de toiros. Salgueiro alvitrou que se devia
fazer controlo ao doping nos cavalos, como se faz noutras modalidades equestres.
Duarte Pinto disse, convictamente, que isso acontecesse, mais de 75 por cento
dos cavalos não seriam autorizados a actuar...
Um aspecto da assistência, esta manhã, no salão da praça do Campo Pequeno
Patrícia Sardinha, presidente do Grupo Tauromáquico "Sector 1", hoje, na abertura
de mais uma sessão do I Fórum Nacional de Cultura Taurina
Duarte Pinto, João Salgueiro e o Dr. Paulo Pereira esta manhã no colóquio
na praça de toiros do Campo Pequeno



Vai passar a haver mais veterinários nas praças para assegurar o bem estar dos cavalos e dos toiros. E, como acontece noutras modalidades, vai começar a haver controlo de doping aos cavalos. João Salgueiro e Duarte Pinto puseram esta manhã em público o dedo na ferida, disseram que quando isso acontecer, muitas corridas vão deixar de se poder efectuar e 75 por cento dos cavalos podem ser impedidos de entrar na arena. A bomba rebentou esta manhã durante um colóquio na praça do Campo Pequeno. Há doping nas arenas - dizem eles!

A Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária vai incrementar medidas, numa acção conjunta com as empresas das praças de toiros, a começar precisamente pela do Campo Pequeno, em Lisboa, que visam garantir o bem estar dos animais intervenientes nas corridas, nomeadamente dos cavalos (durante o decorrer do espectáculo) e dos toiros (após a corrida). Esta louvável acção foi anunciada esta manhã por uma médica veterinária da DGAV durante o colóquio sobre a evolução e o estado actual do toureio a cavalo, que decorreu num dos salões da praça de toiros do Campo Pequeno, integrado no I Fórum Nacional de Cultura Taurina organizado pelo Grupo Tauromáquico "Sector 1" e em que participavam os cavaleiros João Salgueiro e Duarte Pinto, bem como o Dr. Paulo Pereira, Relações Públicas da empresa.
Esta medida passa pela presença nas praças de toiros, em dia de corrida, de um ou mais médicos veterinários da Direcção-Geral, independentemente da habitual intervenção nos espectáculos do veterinário delegado para assessorar o director de corrida. Esses veterinários passarão a inspeccionar e assegurar-se do estado de saúde de todos os cavalos que vão intervir na corrida, podendo não autorizar a actuação de animais "que não estejam em perfeitas condições de saúde".
"Um cavalo, como uma pessoa, pode estar com febre, pode estar doente e pode não se encontrar em condições perfeitas para tourear", explicou a veterinária.
Quanto aos toiros, compete aos mesmos veterinários, nestas novas acções que vão ser levadas a cabo ainda este ano, acompanhar os seus tratamentos após as corridas e assegurar o bem estar dos animais nas horas que se seguem ao final das corridas.
"É importante que isso aconteça, sobretudo no que aos cavalos diz respeito. Mas aviso desde já que se isso fôr para a frente, duvido muito que alguma corrida mais se volte a realizar...", afirmou João Salgueiro, pondo o dedo numa ferida por norma "tabú" e por hábito intocável. E disse mais: "Era importante que começasse a haver um controlo de doping aos cavalos de toureio, antes e depois das corridas, assim como o há noutras modalidades equestres. No mundo dos toiros isso nunca aconteceu e era bom que passasse a acontecer...".
E Duarte Pinto reforçou: "Se isso passar a ser feito, 75 por cento dos cavalos vinham embora das praças e não eram autorizados a tourear... pela simples razão de que muitas vezes não estão em condições de tourear e mesmo assim toureiam e ninguém dá por isso. Quem manda é o público e seria bom que o público fosse entendido para pôr muita coisa na ordem e protestar contra o uso de gamarras, serretas, etc.".
Lançada a "confusão" e trazido para a mesa um assunto que vai a partir de agora fazer correr muita tinta, João Salgueiro explicou depois ao "Farpas", já no exterior da praça e, como sempre, sem papas na língua:
"Os casos de doping nos cavalos não acontecem apenas nas outras actividades e modalidades equestre. Nos toiros, há muitos anos que isso sucede e que isso se pratica, mas ninguém diz nada, ninguém denuncia nada e tudo ocorre dentro da habitual impunidade pela simples razão de que não há qualquer espécie de controlo aos animais. Se passar a haver, vai cair o Carmo e a Trindade... e, como eu disse, muitas corridas não se vão chegar a realizar".
E especificou melhor:
"As pessoas não se apercebem, mas muitas vezes, muitas mesmo, dão-se substâncias aos cavalos, sobretudo àqueles que actuam muito, para aguentarem a pressão e continuarem a tourear. É por isso que às vezes morrem cavalos sem se perceber porquê... São coisas demasiado graves que sucedem e que era importante acabar com elas".
Não vamos acreditar que, depois de dizerem o que esta manhã disseram em público no colóquio do Campo Pequeno, os cavaleiros João Salgueiro e Duarte Pinto sejam chamados a uma Comissão de Inquérito na Assembleia da República para explicarem melhor aos senhores deputados da Nação o que é isso do doping nas arenas, mas que o caso, a partir de hoje, vai fazer correr muita tinta, disso não tenhamos dúvida alguma. E pode mesmo fazer grandes estragos!

Fotos M. Alvarenga e D.R.