Miguel Alvarenga - A única referência oficial da nova empresa de Vila Franca ao cancelamento da corrida desta tarde veio expressa na página "Palha Blanco" da rede social Facebook e diz textualmente que "a corrida de hoje foi dada sem efeito por decisão totalmente alheia à empresa", especificando que "os três toureiros entenderam que o piso 'não estava apto para tourear', conforme acta do cancelamento que se junta" e nós publicamos aqui.
A empresa informa que brevemente será anunciada uma nova data e o empresário Bernardo Alexandre, em declarações há momentos ao "Farpas", confirma que "a corrida vai ser dada, nós queremos dar esta corrida e isso vai acontecer".
Recorde-se que fora anunciado que o cavaleiro triunfador desta tarde entraria no cartel da corrida nocturna de terça-feira da Feira de Outubro. O empresário diz-nos que "até Outubro temos muito tempo para dar a corrida e vamos dá-la".
A devolução dos bilhetes ocorre de imediato e nos próximos três dias, entre as 17h00 e as 20h00, na Tertúlia "Riba do Tejo".
Recordamos que a decisão (dos cavaleiros) de cancelar a corrida aconteceu depois de Luis Rouxinol Jr. ter sofrido na arena uma aparatosa queda quando, cerca das 15h30, montava um cavalo com o objectivo de avaliar o estado do piso.
A partir daí, têm-se sucedido diversas e distintas versões sobre os acontecimentos desta tarde em Vila Franca. Uns culpam os toureiros e acusam-nos de "não terem querido tourear", outros acusam a empresa de só ter assumido o cancelamento "em cima da hora da corrida, com o público (que era muito) na rua à espera de entrar", quando "isso deveria ter sido decidido à hora do sorteio, de manhã".
A empresa fez todos os possíveis e impossíveis para que a corrida fosse para a frente. Bernardo Figueiredo, apoderado dos Telles, inclusivamente, fez-nos chegar esta foto (em baixo) onde se vê João Ribeiro "Curro", bandarilheiro dos Ribeiro Telles, a conduzir uma carrinha que transporta a rede com que se tentou arranjar a arena.
"Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que a corrida se realizasse" - repete Bernardo Alexandre, líder da nova empresa adjudicatária da "Palha Blanco".
E, para agitar as hostes e aumentar a confusão, circula mesmo pelos mentideros desta atribulada Festa que Rui Bento, apoderado de Luis Rouxinol Jr., se pôs ao lado da empresa e criticou o cavaleiro por não querer tourear, havendo ainda quem afiance que Bento pôs o lugar à disposição e manifestou mesmo a intenção de romper o apoderamento com os cavaleiros de Pegões...
"Não é verdade!" - esclarece Rui Bento ao "Farpas". E explica:
"Como toureiro, respeito os toureiros e não sou eu quem vai obrigar um cavaleiro a pôr-se em cima do cavalo e ir tourear quando existe o risco de cair e se aleijar. Mas também lembro que o toureio é uma profissão de risco e quem quer ser figura tem que arriscar, eu tenho o corpo cozido de cornadas! Mas não é verdade que me tenha demitido de apoderado, isso foi espalhado e levado por recadeiros por quem ouviu uma conversa minha com o António Telles (pai), quando eu disse que, se queriam cancelar a corrida, tinham que o ter feito à uma hora da tarde, depois do sorteio, e não quase às quatro, à hora da corrida começar. Nem o António Telles, nem o filho, nem o apoderado dele estiveram na praça no sorteio. Estávamos todos, menos eles. Todos os que estavam viram o piso e concordaram que estava em condições. Entre a uma da tarde e as quatro caíram uns chuviscos, mas nada que alterasse radicalmente o estado do piso. E foi isso que eu disse. Defendi que não se faz uma coisa destas a uma empresa, em cima da hora da corrida, com o público todo na rua à espera para entrar. Mais a mais, era a estreia da empresa. O António, que já ontem à noite tinha telefonado ao Rouxinol (pai) dando conta de que o piso não estaria bom para tourear, disse-me que eu não entendia de cavalos e não estava a ver o problema como eles, cavaleiros. E eu respondi que, se era assim, deixava já de ser apoderado de qualquer cavaleiro e demitia-me... Mas isso foi uma forma de falar, de transmitir o meu desagrado pela nega dos cavaleiros em tourearem e por fazerem uma coisa destas à empresa. Quem ouviu, foi a correr transmitir aos quatro ventos que eu me tinha demitido de apoderado dos Rouxinóis, mas não é verdade. No hotel, falei com os Rouxinóis, voltei a dizer o que tinha a dizer, e agora estou tranquilamente em casa com o meu filho a ver a televisão. Calma e descontracção!".
Diz-se, entretanto, que os três cavaleiros vão emitir, ou já terão mesmo emitido, um comunicado conjunto a explicar a sua posição, depois de a empresa ter afirmado nas redes sociais que a responsabilidade do cancelamento era deles e que a decisão de cancelar era "totalmente alheia à empresa".
Recorde-se que esta nova empresa ganhou o concurso para adjudicação da praça (por cinco anos) depois de o anterior empresário Ricardo Levesinho ter posto o lugar à disposição, abdicando do direito de opção que o poderia ter mantido ainda este ano à frente dos destinos da "Palha Blanco" - que, diga-se em nome da justiça, tão bem geriu nos anos em que o fez.
A decisão de Levesinho de ir embora aconteceu, recordamos também, depois da bronca ocorrida na Feira de Outubro do ano passado, quando os matadores Daniel Luque e "Juanito" se recusaram a tourear porque não havia toiros sobreros, sendo a corrida suspensa...
Querem ver que a "Palha Blanco" passou a ser uma praça condenada às suspensões? Ninguém acredita em coincidências, mas que as há...
Fotos D.R. e www.palhablanco.pt