Manzanares em ombros ontem em Las Ventas |
Manzanares sofreu esta aparatosa voltareta, felizmente sem consequências |
Ricardo Relvas (correspondente em Espanha) - Depois de ter indultado um toiro em Sevilha, sagrando-se máximo triunfador da Feira de Abril, José Maria Manzanares reafirmou ontem em Las Ventas, Madrid, que este é o seu ano: saíu em ombros pela porta grande, 24 horas depois de Talavante ter cometido idêntida proeza.
A 9ª corrida da Feira de Santo Isidro registou lotação esgotada, um cartel de "não há bilhetes" 12 horas antes. Na rua, venderam-se barreiras do tendido 9 a mil euros!
Sairam quatro toiros de Nuñez del Cuvillo e dois da ganadaria portuguesa de Ortigão Costa, que sairam em primeiro e quinto lugares (sendo este devolvido aos currais). Houve de tudo um pouco. Cuvillo enviou 14 toiros e só passaram quatro no reconhecimento (inspecção). Fica a incógnita: como seriam os outros?...
O primeiro, de O. Costa, saíu encastado e nobre, bem apresentado; o segundo (Cuvillo) foi manso e protestado, com pouca força; o terceiro foi bravo e nobre; o quinto, também de O. Costa, manso e sem força, foi devolvido aos currais e substituído por um sobrero de Carmen Segóvia, manso, que foi a menos; o sexto, de Cuvillo, muito encastado e nobre.
"El Juli" foi silenciado no primeiro e cortou uma merecida orelha no seu segundo. O vento prejudicou a primeira faena. Na segunda, saíu decidido e realizou uma faena acompanhada de "olés", cortando uma meritória orelha que, mesmo assim, teve alguns protestos de um sector do público.
O francês Sebastián Castella (silêncio nos dois) desenhou no seu primeiro uma única série boa e no segundo veio de mais a menos...
Manzanares escutou ovação, apesar de um aviso, no seu primeiro. Assim que pegou na muleta, houve um silêncio enorme na praça. Mas o vento prejudicou-o e a faena não teve a qualidade que o público queria e desejava. Demonstrou, contudo, toureria e tranquilidade.
Foi no segundo toiro, debaixo de chuva e sem que o público abandonasse as bancadas, que o diestro de Alicante "formou o lio". O toiro foi nobre e transmitiu. Os "olés" ouviram-se na praça a cada passe do matador. Apesar de sofrer uma voltareta impressionante, continuou como se nada se tivesse passado. Sereno, tranquilo, mandão. Matou a receber nos médios. Duas orelhas. Apoteótica saída em ombros.
Fotos Ricardo Relvas