"E agora, que o Vítor Mendes
se despediu, quem vamos ver a Espanha?"
Numa altura em que sou muito questionada
por "escrever no calor da emoção", sinto-me "obrigada" a
reafirmar, que assim sou...! Não me arrependo e disso muito me orgulho!
Para escrever com frieza e amargura,
estão cá outros...
Desses quantos visionários que só agora
chegaram à crítica, achando que sabem tudo, ainda não lhes li uma menção
honrosa ao melhor e mais célebre matador de toiros português... Vítor Mendes.
Para isso esses meninos, não têm tempo.
Dedicam-no a dissecar as minhas crónicas e escritos. Embora fique feliz pelo
tempo que me dedicam, acho são os verdadeiros artistas quem merece tais
louvores.
Depois de muito pensar sobre o assunto,
conclui que, como noutros casos, ao tempo em que estes indivíduos (Moura e
Mendes), deram brado lá fora, estes tais meninos, não tinham ainda bilhetito
dado no Campo Pequeno... Logo, não poderiam ir a corridas... E como lá fora não
são reconhecidos, agora e muito menos, antes... Passou-lhes uma série de
informações ao lado. Madrid é Madrid, e lá não calçam eles...
Ao tempo também não existia
"Facebook", portanto, não dispunham de palcos para fazerem tertúlias
e fóruns do género "noite da má-língua"...
Pois é, mas podiam ao menos ler... De
certo, no Campo Pequeno (das poucas corridas onde se deslocam), alguém se disponibilizará
a emprestar-lhes livros que os informe de quem foram estes homens...
Descansem, hoje não falo aqui de Moura!
Falo de uma outra figura ímpar pela singularidade dos seus feitos.
Quer se queira ou não, foi Vítor
Valentim Mendes o mais destacado matador de toiros português. Reconhecemos que
houve outros com extrema importância e cuja qualidade das suas interpretações
do toureio jamais se podem questionar, mas este Homem, nascido em Marinhais a
14 de Fevereiro de 1959, foi aquele que discutiu posição lá fora, o que se
impôs por entre as centenas de toureiros espanhóis, aquele que cortou orelhas,
abriu portas grandes e que repetiu presença nas grandes feiras...
Organizam-se jantares por isto e por
aquilo, mas bolas, haverá alguém que se recorde de homenagear este artista,
durante muitos anos "avaliado" como o melhor bandarilheiro do mundo?
O povo português tem e terá sempre
aquele espírito fadista, que é como quem diz, gosta de uma boa tragédia...
Talvez um dia, e desculpe Maestro, a violência das minhas palavras, um dia,
dizia eu, quando este Homem morrer, aí sim, talvez venha a ser reconhecido.
Em boa hora pisará o Campo Pequeno.
Dia 26 deste mês, sexta-feira, lá
estarei, aplaudindo o toureiro que em Madrid, na sua linda despedida, me fez
chorar... comemorará 30 anos de alternativa (a 13 de Setembro).
Ainda hoje recordo a pergunta que fiz a
minha mãe, aquando da sua despedida: "Mamã, e agora que o Vítor Mendes se
despediu, que matador português Espanha?"!
Ficou um vazio que permanece até aos
dias de hoje...!