Depois de a Rádio Oásis FM ter "apagado" da sua grelha o programa taurino que mantinha há 27 anos e que iria regressar à antena na próxima segunda-feira, António Lúcio reage à falta de reacção dos agentes taurinos numa pertinente e oportuna Carta Aberta ontem escrita no seu blog "barreira de sombra" - que aqui reproduzimos com a devida vénia e para que todos possamos meditar. E reagir, como convém!
Dirijo-me a todos aqueles que, como eu,
são aficionados à Festa Brava nas suas mais diversas vertentes. E, em especial,
àqueles que têm responsabilidade na manutenção da pouca comunicação social
dedicada á tauromaquia neste nosso País.
Os aficionados querem informação, seja
ela escrita nos meios convencionais - jornais e revistas -, seja nos
blogues/sites na internet, nas redes sociais, ou na forma audiovisual, aqui
entendidas também as rádios e televisões. E é sobre algumas destas situações
que me dirijo a todos vós.
Após muitos anos de «Sol e Toiros» na
Antena Um, antiga Emissora Nacional; após muitas transmissões de corridas na
RTP e de programas de tauromaquia com o Francisco Morgado e Maurício do Vale,
Eduardo Leonardo e mais recentemente com o José Cáceres; depois de algumas
incursões da TVI com transmissões mas sem nunca ter assumido um programa de
tauromaquia; foram as rádios locais a manter viva a chama da informação taurina
com diversos programas que, a pouco e pouco e a pretexto da crise que se foi
instalando neste País (abundância só tem havido de escândalos e disparates),
têm vindo a acabar - Rádio cartaxo, Rádio Voz de Alenquer, Rádio Oásis FM. Na
televisão, todos sabemos o que aconteceu no ano passado em que não houve
programa de tauromaquia na RTP/2 e as transmissões foram o que foram.
Se nos virarmos para os jornais, e se
dantes a tauromaquia estava presente em muitos e pelos melhores motivos, agora
só o "Correio da Manhã" tem uns "linguados" do Maurício e
resumos de crónicas de João Aranha e Joaquim Tapada, sempre sem o destaque que,
em tempos de Manuel Andrade Guerra tinha. A importância em termos de vendas
deste jornal é inversamente proporcional ao destaque dado á tauromaquia. E
alguns jornais regionais, felizmente, ainda vão dando destaque à Festa Brava
porque entendem o sentir e pensar das gentes a quem se dirigem.
A verdade, meus caros amigos, é que o
espaço que conquistáramos há 26/27 anos a esta parte, está a ser cada vez menor,
de menor importância, estrangulando a informação, silenciando as vozes que dão
voz à tauromaquia e seus intérpretes e valores. E não vejo, vinda seja de que
parte for, qualquer acção que vise acabar com esta situação que, não fossem as
revistas "Novo Burladero" e "Contra Barreira" e o jornal
"Olé", e os muitos sites/blogues que existem e ninguém disporia de
qualquer tipo de informação sobre a actividade tauromáquica neste País, com
todos os prejuízos inerentes para todos quantos vivem desta actividade.
A verdade é que a promoção da festa, dos
seus intervenientes, em todas as áreas, é feita quase exclusivamente nestes
meios acima referidos e de forma praticamente gratuita. Mas não ouvimos ninguém
vir em defesa daqueles que o fazem ao longo das 52 semanas de um ano, dos seus
365 dias. E um dia destes, sem rádios, sem televisão, sem jornais, quero ver
onde vai parar a promoção e divulgação da Festa Brava.
Silêncio? Só quando se vai cantar o
fado!!!
António Lúcio
Foto D.R.