quinta-feira, 12 de março de 2015

Marcos Bastinhas a 48 horas do regresso às arenas: "Será um momento fantástico!"




Marcos Tenório Bastinhas regressa no sábado às arenas, na praça alentejana de Nisa, depois do grave acidente sofrido em Julho do ano passado em Albufeira, quando foi atingido na cara pelo cabo de uma bandarilha e só por milagre não perdeu o olho esquerdo. O jovem cavaleiro, filho do Maestro Joaquim Bastinhas, considera "uma vitória" ter superado todas as adversidades, agradece à Família e aos amigos todo o apoio que lhe deram nas horas difíceis por que passou e confessa que nunca na vida lhe passou pela cabeça que poderia não voltar a tourear. O regresso, considera-o "um momento fantástico, mas também de muita responsabilidade". O seu estado de espírito é de "enorme satisfação", quando faltam menos de 48 horas para voltar a vestir-se de toureiro.

Entrevista de Miguel Alvarenga

- Oito meses depois do acidente que te obrigou a parar no ano passado, faltam dois dias para o regresso, já no próximo sábado na arena de Nisa. Que sentimento, Marcos?
- O sentimento é de satisfação, como não poderia deixar de ser. Como toureiro vou voltar a fazer aquilo que mais gosto: tourear! Como homem é para mim uma vitória este regresso.
- Porquê?
- Superei as adversidades que a vida levanta e põe à prova as nossas capacidades psicológicas de superar as adversidades. Estou tremendamente motivado e ilusionado por voltar a pisar as arenas, compartir cartel com os companheiros, sentir o público, lidar o toiro. Como vê, são muitas sensações bonitas. Será um momento fantástico, mas também de muita responsabilidade.
- Alguma vez pensaste que não voltarias a tourear?
- Sinceramente, nunca! Senti, sim, uma enorme raiva por estar ali parado numa cama do hospital, sem poder tourear e a perder as corridas nas quais tanta ilusão depositara e para as quais também tinha trabalhado imenso. Nestes momentos é a raiva e a revolta que se apoderam de nós. Até as dores passam a plano secundário. Felizmente tive uma família ao meu lado que me entendeu e apoiou sempre. O meu Pai como toureiro, a minha Mãe como esposa de um toureiro e também, claro, como pais, assim como a minha Mulher, foram também fundamentais na minha convalescença, assim como no plano anímico. A eles aproveito para agradecer a grande família que são e  eles dedico o meu regresso às arenas. Mas como disse no início, nunca pensei que não voltaria a tourear. Pelo contrário, os meus pensamentos e as minhas ganas estavam, sim, focados sempre no regresso. E quanto mais depressa melhor!
- Sentes que estás finalmente a 100 por cento, Marcos?
- Pelo menos assim me tenho entregado ao trabalho e à preparação da temporada. A ilusão é imensa e a quadra, apesar de estar preparada, não é por isso que deixo de treinar mais. Sou exigente para comigo e para com os cavalos, mas acima de tudo respeito o público - sobretudo todo esse público que me apoiou e acarinhou durante os meses difíceis que vivi. Sem dúvida que estou preparado, não a 100 por cento, porque há sempre algo mais que queremos fazer, algo mais que a nossa ambição quer alcançar e, como sabe, a ambição dos toureiros não tem limites, porque só assim se chega aos êxitos. A motivação, essa, está a 200 por cento!
- A crítica foi unânime em eleger o Maestro Joaquim Bastinhas, teu Pai, como grande e absoluto triunfador da última temporada. Um comentário, Marcos...
- Foi unânime, como bem disse. Tanto o público, imprensa, aficionados, profissionais, elegeram ou deram ou destacaram o meu Pai como a figura da passada temporada. Isso orgulha-me, ver uma figura do toureio consagrada com uma carreira tão brilhante, a tourear com tanta ilusão, com tanta raça, com tamanha alegria e valor, como se fosse um jovem acabado de chegar ao toureio! É absolutamente e só um enorme toureiro, que ama a profissão, que desafia qualquer um, que está para competir - e que acredito não ser fácil levar-lhe a palma - evidentemente que é um orgulho ter o apelido Bastinhas, é importante tê-lo ainda hoje, quando necessário, como professor, mas é uma enorme responsabilidade! Acredito que o meu Pai é uma referência do toureio a cavalo para todos nós.
- Estás anunciado para o Campo Pequeno, a 4 de Junho, com dois "monstros" do toureio a cavalo, João Moura e Pablo Hermoso. É o teu primeiro grande desafio na capital?
- Sem dúvida. Mas qualquer corrida no Campo Pequeno é sempre um grande desafio para os toureiros. Estamos a falar da primeira praça de Portugal e na mais importante do mundo para o toureio a cavalo. O cartel é "monstro" - é para este e para todos, que me preparo os 365 dias do ano. Sem dúvida que são dois grandes toureiros, mas eu cá estou também, para demonstrar e provar que o meu toureio está à altura dos desafios, que me colocam e queiram colocar.
- A quem vais brindar no sábado a lide do teu regresso às arenas?
- Reservo a resposta para esse momento...

Fotos Emílio de Jesus e D.R./@Marcos Tenório Bastinhas