sexta-feira, 20 de março de 2015

Pôs o dedo na ferida: Maurício Vale acusa empresários de "compadrio" e diz que "há pactos invisíveis"


Maurício Vale pôs o dedo na ferida, sem papas na língua e classificou os empresários taurinos da actualidade "muito abaixo do nível necessário para que a Festa Brava em Portugal reconquiste o público que tem vindo a perder nos últimos anos". O conhecido e prestigiado crítico tauromáquico, antigo comentador da RTP e actual responsável pelo programa taurino da Rádio Iris de Samora Correia, teve uma corajosa (e por isso mesmo, polémica) intervenção quando sexta-feira passada assistia, no Museu Municipal de Azambuja a um colóquio sobre "A Tauromaquia no Feminino" em que participavam as cavaleiras Ana Batista (de que foi apoderado) e Ana Rita (de que é apoderado).
Maurício encontrava-se entre a assistência quando usou da palavra, afirmando que as empresas que organizam hoje as corridas de toiros "não são objectivas" e vão "por gostos pessoais e compadrios".
"Existem pactos invisíveis. Hoje em dia há empresas que apoderam cavaleiros e só os contratam para as suas corridas porque são seus apoderados", acusou, defendendo que "as escolhas de cavaleiros e grupos de forcados para as corridas não podem ser feitas na base das amizades e compadrios, como tem acontecido nos últimos anos".
Citado hoje pelo jornal "O Mirante", que dá grande destaque à sua intervenção no colóquio de Azambuja, Maurício Vale (na foto ao lado, assistindo a uma corrida com sua Mulher) afirmou que "há que organizar as corridas de toiros em função do que um cavaleiro faz na arena. Se tem triunfado, deve ser chamado para mais corridas mas, infelizmente, não é isso que acontece. Existem muitos interesses instalados neste mundo que não dignificam a Festa Brava".
Subscrevemos as palavras corajosas de Maurício Vale. Estamos de acordo em 200 por cento. Nada hoje é como era antigamente - e como deveria ser na realidade. Um triunfo de um toureiro já de nada vale. Valem antes os "compadrios", as trocas e baldrocas, a força empresarial de quem os apodera. E assim, na verdade, não será muito fácil reconquistar o público que a Festa tem vindo a perder nos últimos anos.

Foto D.R.