Exactamente no dia em que se cumprem 33 anos da sua alternativa na Nazaré, o bandarilheiro João Boieiro despede-se amanhã das arenas na Corrida TVI no Campo Pequeno. O adeus ocorrerá no final da lide do primeiro toiro, por António Telles (em cuja quadrilha sai). Mestre Luis Miguel da Veiga, com quem esteve ao longo de onze anos, cortará a coleta ao valoroso toureiro de Alhandra
O bandarilheiro João Boieiro despede-se das arenas amanhã, sexta-feira, no Campo Pequeno, na Corrida 25º Aniversário TVI, em que integrará a quadrilha do cavaleiro António Ribeiro Telles.
João Boieiro coloca, assim, final a uma carreira de mais de trinta anos, dando-se a curiosidade de a sua despedida, simbolizada pelo corte da “coleta” (pequena trança de cabelo usada na parte posterior da cabeça e que significa a profissão de toureiro), ocorrer na mesma data em que se profissionalizou, há 33 anos (Nazaré, 24 de Agosto de 1985, apadrinhado por Ludovino Bacatum).
A sua prova de bandarilheiro praticante teve lugar em Santarém, a 4 de Junho de 1983.
Amanhã, no final da lide do primeiro toiro da noite, por António Ribeiro Telles, terá lugar a cerimónia do corte da colecta que será executada pelo cavaleiro já retirado Luís Miguel da Veiga, em cuja quadrilha Boieiro esteve colocado durante onze anos.
Para além do cavaleiro Luís Miguel da Veiga integrou também as quadrilhas dos cavaleiros Joaquim Bastinhas e Sónia Matias, entre outros e as dos matadores de toiros José Júlio, Mário Coelho, Rui Bento Vasques, José Luís Gonçalves, Pedrito de Portugal, Manuel Moreno e Eduardo de Oliveira.
Fazendo um balanço da sua carreira, refere ter sido “muito positivo” e destaca, por um lado, ter “sempre gostado muito de bandarilhar”, pelo que sempre lhe agradou “integrar quadrilhas de matadores de toiros, onde podia exercer esse tércio da lide” e, por outro, os “onze magníficos anos” em que integrou a quadrilha de Mestre Luís Miguel da Veiga.
Natural de Alhandra e descendente de uma família de toureiros, João Boiero refere sempre se ter falado de toiros em sua casa: “O meu bisavô, João Carraça, foi forcado e pegou até aos 70 anos de idade. A minha avó teve seis filhos e lá em casa constituiu-se um grupo de forcados de que o meu pai foi o cabo. Ora, com um ambiente destes eu só podia, tal como os meus irmãos (Laurentino, já falecido e Mário), ser toureio”.
“Foram uns belos 35 anos que passaram quase sem dar por isso”, conclui.
Fotos Maria Mil-Homens e D.R.