sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Pega-se, não se pega... e não se pegou mesmo, mas a culpa não foi dos forcados!

O director de corrida e o médico veterinário mandaram recolher o sobrero,
visivelmente coxo, como já sucedera com o toiro que vinha substituir, ambos
da gandaria Canas Vigouroux...
Inconformado com o facto de ficar com uma pega a menos, João Pedro
Oliveira, cabo dos Amadores de Évora, iniciou conversações com Carlos
Ferreira e António José Cardoso, empresários...
... e subiu ao camarote do director de corrida tentando convencê-lo a fazer sair de
novo à arena o toiro para que a pega fosse tentada...
... o director manteve a sua: o toiro não fora lidado, estava inutilizado e não
fazia sentido que fosse pegado...
... mas João Pedro Oliveira insistia...
... e nisto entrou em cena Carlos Ferreira, da empresa Toiros & Tauromaquia...
... "Nada a fazer, paciência, o Regulamento não obriga a que haja um segundo
sobrero, os dois toiros foram recolhidos sem serem toureados, não faz sentido
que se tente a pega", sustentou João Cantinho


Um azar nunca vem mesmo só. E ontem vieram, de facto, dois - na última corrida da Feira de Alcochete. O quarto toiro, que cabia lidar a Filipe Gonçalves e pegar aos Amadores de Évora, foi mandado recolher por manifestar visível invalidez, coxeando, depois de ter sofrido um violento embate contra as tábuas. Telles Bastos, como já aqui referimos, lidou o toiro que deveria ser o quinto, enquanto se embolava nos currais o sobrero que, como o toiro recolhido, era da ganadaria Canas Vigouroux.
O sobrero saíu e Filipe Gonçalves voltou à praça, mas não o chegou a lidar. Cravou-lhe um ferro em sorte de gaiola que ficou demasiado traseiro e provavelmente afectou, também, a mobilidade do toiro, que também coxeou. Filipe ainda lhe cravou mais um ferro, sob fortes protestos do público e o toiro acabou por ser também recolhido.
Como já referimos, o Regulamento não obriga (não há mesmo nada a fazer...) à existência de um segundo sobrero numa praça, como a de Alcochete, de segunda categoria (apesar de ser uma praça de primeira linha!). Ou seja: não houve quarto toiro. E se Filipe ficou sem hipóteses de nos mostrar o seu valor, também os Forcados Amadores de Évora ficaram desfalcados, com um toiro a menos para pegar.
O cabo João Pedro Oliveira subiu então ao camarote da direcção de corrida e, não se conformando com o facto de ter "perdido" uma pega, tentou convencer - educadamente - o director João Cantinho a permitir que o toiro recolhido (e visivelmente inutilizado) voltasse a sair à arena para que o grupo o pegasse, alegando que se assim não fosse, o toiro "teria ido vivo aos currais", isto é, fora recolhido sem que o grupo o pegasse. Mas não por sua culpa, atente-se.
Não fazia sentido fazer sair de novo o toiro. E o director de corrida aguentou, pacientemente, as solicitações do cabo dos forcados eborenses, fazendo-lhe ver que não havia condições para que a pega fosse tentada.
João Pedro Oliveira acabou por descer de novo à trincheira, mas voltou a subir, desta vez acompanhado por Carlos Ferreira, da empresa Toiros & Tauromaquia. E as conversações prosseguiram enquanto decorria a lide de um toiro.
Um episódio de que poucos se apercebaram. E que o "Farpas" registou, a título de curiosidade. E porque tudo o que acontece numa corrida é notícia.
Paciência. Ficou por fazer uma das pegas dos valentes Amadores de Évora. Mas a culpa não foi deles. E vontade de a fazerem, como as fotos bem documentam, tinham eles!

Fotos M. Alvarenga