sábado, 9 de novembro de 2019

Semanário "Sol" conta a "embrulhada": Campo Pequeno "com venda tremida"

Campo Pequeno: a venda "está tremida", divulga hoje o jornal "Sol"
A bombástica reportagem do semanário "Sol" está desde esta manhã a agitar
o meio tauromáquico nacional
João e Henrique Borges, os anteriores empresários, acusam o BCP de ter
provocado a insolvência da sociedade "de forma fraudulenta" e agora
avançaram com uma acção administrativa para impugnar o processo de venda
da concessão da praça a Álvaro Covões e Pires de Lima
A compra do Campo Pequeno pelo empresário Álvaro Covões pode vir a ser
anulada face à acção administrativa da família Borges. Paula Resende, a
administradora da insolvência (na foto de baixo, com Rui Bento, director do
Departamento de Tauromaquia) deverá continuar à frente dos destinos da
primeira praça de toiros do país até que a situação tenha um desfecho nos
tribunais

"Praça com venda tremida" é o título da bombástica reportagem publicada hoje com grande destaque em duas páginas do semanário "Sol", com chamada de primeira página, como esta madrugada aqui divulgámos.
A jornalista Sofia Peres Pinto adianta que a família Borges, acionista da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno, a responsável pela obra maonumental de remodelação da praça e que foi afastada na sequência do processo de insolvência, decretada em 2014, avançou com uma acção administrativa contra a Casa Pia de Lisboa, a Massa Insolvente da SCRUP, o BCP e a Plateia Colossal, empresa de Álvaro Covões, que no passado dia 31 de Outubro assinou o contrato de promessa de compra e venda para ficar com a concessão do Campo Pequeno.
No documento, a que o "Sol" teve acesso, a família Borges acusa a Casa Pia de Lisboa (proprietária da praça de toiros)  de ser "um credor de má fé", lembrando que esta, "por não ter meios para recuperar o espaço, recorreu à SRUCP (família Borges) para que esta remodelasse e recuperasse o imóvel, o que aconteceu. O investimento fixou-se em 91 milhões de euros".
Em 2014 a insolvência da sociedade foi decretada pelo Tribunal do Comércio e foi nomeada como administradora de insolvência para gerir o espaço a Drª Paula Mattamouros Resende, desde então referenciada como a Dama da Ferro da tauromaquia nacional e cujo trabalho conjunto com os seus directores e nomeadamente com Rui Bento, responsável pela áera tauromáquica, trouxe nos últimos seis anos um novo esplendor à Festa Brava.
Na acção administrativa que interpôs, a família Borges considera que "a insolvência da contra interessada SRUCP é fundamento para a resolução imediata do contrato de concessão pela Ré Casa Pia de Lisboa" e face a este cenário, adianta o jornal, considera que "estamos em presença de uma situação de falta de idoneidade contratual para manter o contrato de concessão em vigor".
A família Borges alega ainda que "os autores tiveram conhecimento que a massa insolvente se encontrava a negociar a venda da empresa por um valor reduzido à contra interessada Plateia Colossal" e acusa a Casa Pia de "ter enriquecido à custa da SRUCP sem qualquer causa jusitficativa e à custa do empobrecimento desta", defendendo que o crédito da SRUCP é "superior a 91 milhões de euros, correspondente ao valor das obras de remodelação, restauração e construção realizadas".
O contrato de promessa de compra e venda da sociedade foi assinado no último dia do mês de Outubro com a Plateia Colossal de Álvaro Covões e o fundo Horizon Equity Partners de António Pires de Lima e Sérgio Monteiro por 37 milhões de euros - mas segundo o "Sol" o negócio pode estar agora em risco mercê da acção administrativa interposta pelos anteriores arrendatários.
A família Borges insiste que o BCP terá provocado a insolvência da sociedade "de forma fraudulenta", processo esse que se arrasta há alguns anos e que deu mesmo origem a uma queixa na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Resumindo e concluindo: o que pode agora acontecer?
Segundo um jurista que o "Farpas" contactou, a acção administrativa avançada pelos empresários Borges pode travar e anular o processo de venda da concessão do Campo Pequeno, o que por seu turno levará os compradores (Álvaro Covões, Pires de Lima e Sérgio Monteiro) a exigir uma indemnização. As acções que a família Borges interpôs na Justiça alegando que a insolvência foi provocada "de forma fraudulenta" podem prolongar-se por "muito mais tempo" e "dificultar sempre qualquer negócio de venda do Campo Pequeno". Caso os tribunais dêm razão à família Borges, estes empresários podem voltar a assumir a gestão da sociedade e regressar ao Campo Pequeno.
Para já e face à acção administrativa da família Borges impugnando a venda, a praça continuará a ser gerida pela administradora de insolvência Paula Mattamouros Resende e tudo vai permanecer como estava - mas que estamos perante "uma gigantesca embrulhada, disso ninguém tem dúvidas", acrescenta a nossa fonte.
E acrescenta:
"Todos os cenários estão em aberto e tudo vai depender dos tribunais".

Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e D.R.