segunda-feira, 22 de junho de 2020

Fomos uma vez mais enganados e discriminados!



Não vamos ser assim tão ingénuos e supor que houve um erro, um engano, por parte da DGS e da IGAC. É preciso que todos acordem e entendam que as orientações emanadas hoje representam uma clara a inequívoca machadada na Tauromaquia, um bloqueio total, como disse o empresário Ricardo Levesinho. Mais do que nunca, é importante que no sábado vamos para a rua protestar e manifestar a nossa indignação por mais esta escandalosa discriminação

Miguel Alvarenga - A Direcção-Geral de Saúde dera a conhecer no passado dia 11 deste mês de Junho um Guia de Recomendações, presume-se que provisório, para a reabertura das praças de toiros, onde não havia qualquer referência à obrigatoriedade de ficar uma fila desocupada entre espectadores e que muitos acreditaram que iria viabilizar a utilização de 50% da lotação das praças numa primeira fase.
Nas normas hoje divulgadas, uma acção conjunta da DGS com a IGAC, no ponto 26, fica claramente decretado que "deve ser garantida a distância de um metro entre cada lugar a ocupar (excepto de coabitantes), na mesma fila, e a existência de uma fila de intervalo (sem ocupação)".
Todas as restantes medidas, incluindo a obrigatoriedade dos forcados se sujeitarem antecipadamente ao teste da Covid-19, visto constituirem o maior grupo de risco dentro do espectáculo, eram medidas de que se estava à espera e muitas delas constavam do documento que a própria Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET) apresentara há duas semanas à DGS e à IGAC.
A fila desocupada é que veio estragar tudo, reduzindo drasticamente a lotação das praças e tornando completamente inviável a realização de corridas. Alguns empresários falam na redução da utilização dos espaços para 30%, aproximadamente um quarto ou um terço das lotações. Outros, que já fizeram contas mais minuciosas, apontam para a utilização de apenas 16,5% das lotações e isto no caso de não haver coabitantes na bancada. Se os houver, poderia ir até aos 20%.
A APET já protestou junto da DGS e da IGACHélder Milheiro, secretário-geral da Federação PróToiro, já veio dizer que isto "é um absurdo" - e ainda há quem acredite, provavelmente com alguma ingenuidade, que se tratou de "um erro" da DGS e da IGAC e que o mesmo vai ser rectificado.
Acordem! Sejamos claros. Acredito na competência dos técnicos da DGS e da IGAC, não acredito num engano. Se antes não se falava numa fila desocupada e agora esse dado foi "metido à pressa" nas normas emanadas esta manhã, é porque aqui andou "mãozinha da reaça", como diziam os outros.
E, por um lado, ainda bem que se realizaram já no Campo Pequeno (monumento que foi construído há mais de 100 anos para dar corridas de toiros) espectáculos como os do comediante Bruno Nogueira, onde (basta olhar para estas fotos) não houve qualquer obrigatoriedade de deixar uma fila desocupada entre os espectadores. Antes pelo contrário.
Pode o mesmo recinto ter umas regras para concertos e outros espectáculos e mudar essas regras quando se trata de um espectáculo tauromáquico?
Claro que não pode. Mas é o que está escrito nas normas ditadas hoje pela DGS e pela IGAC.
Foi um engano dos técnicos que elaboraram o documento?
Não acredito. Acredito antes na competência deles do que propriamente na incompetência, no engano. Não foi por acaso que apareceu no ponto 26 a história de uma fila desocupada.
Abram os olhos. Há aqui uma clara e inequívoca intenção de bloquear a Tauromaquia. Convém que estejamos preparados para o que vem a seguir. Os políticos aguardam apenas que se realizem as eleições autárquicas (final deste ano) para não prejudicar as Câmaras do PS e depois vão avançar com um novo projecto-lei que bloqueia ainda mais a Tauromaquia. Esperem para ver.
O que aconteceu hoje - a menos que (não acredito) venham dar a mão à palmatória e reconhecer que a história da fila desocupada foi, afinal, um erro... - foi, apenas e só, o princípio do fim.
Mais do que nunca, fazem agora todo o sentido as manifestações que a Associação Nacional de Grupos de Forcados convocou para o próximo sábado, dia 27, em várias localidades do país.
É necessário e urgente que vamos todos para as ruas protestar, manifestar a nossa revolta, exigir igualdade e liberdade, combater a discriminação a que, uma vez mais, fomos votados.
Acreditou-se que as autoridades iam aceitar as medidas propostas pela APET no documento que entregou à DGS e à IGAC. Uma vez mais, embandeirámos todos em arco, fizemos a festa, deitámos os foguetes, gritámos aos quatro ventos que as touradas iam voltar. E agora levámos com mais um balde de água fria em cima.
Não podemos ficar calados! Fomos enganados e discriminados uma vez mais!

Fotos D.R.