quarta-feira, 3 de março de 2021

Venham daí comigo ver como Lisboa está!

Miguel Alvarenga - Graças a Deus, os números da terrível pandemia (mortos e infectados) estão a baixar diariamente, aumentando a percentagem de doentes recuperados - mas é cedo para cantar vitória e mais cedo ainda para começar a arriscar de novo. É preciso evitar mais Natais.

O primeiro-ministro anuncia no próximo dia 11 o plano do desejado desconfinamento, que será gradual para as várias actividades e se espera abra em Maio para os espectáculos culturais. Luis Miguel Pombeiro anunciou ontem que o Campo Pequeno abre a temporada na terceira semana de Maio - e que a abre em grande, com duas corridas. Vejo-o e sinto-o animado e empenhado em fazer o que no ano passado não foi possível. Vão estar em Lisboa as grandes figuras do toureio de Espanha - Pablo Hermoso e Ventura, certamente - e os maiores de Portugal. A pouco e pouco, voltamos ao normal.

E enquanto esperamos pelas novidades - e à falta de notícias taurinas, que é coisa que agora escasseia - continuo a passear por aí na Yellow Vespa, continuo a fotografar esta Lisboa deserta e triste, mas bonita sempre.

Voltei ao Chiado, voltei a visitar Fernando Pessoa, que continua sózinho, confinado, à porta da "Brasileira", sem turistas sentados na cadeira do lado a fotografar-se com o poeta. Revi o lindíssimo edifício que foi outrora sede da Rádio Renascença, que agora será um hotel, paredes meias com a Academia de Belas Artes (primeiras fotos de baixo), impressionou-me a Rua Garrett e o Chiado despovoados de gente que descia e subia num rodopio permanente. Lá em cima, um cantor descansa antes de pegar na viola e cantar para ninguém. Dá uns ares ao grande Moustaki, lembra "Le Méteque".

Fui até ao miradouro de São Pedro de Alcântara, de onde se vislumbra uma das mais bonitas vistas panorâmicas de Lisboa, com o Castelo, a e o Tejo como panos de fundo de um cenário inspirador. Espreitei alguns becos do Bairro Alto, sem boémia e sem fadistas nem jornalistas a fechar as edições às tantas da manhã (que saudades que eu tenho desse tempo...). 

Percorri a Rua da Escola Politécnica até ao Rato, sem ver quase ninguém. Passei pelo Marquês de Pombal, subi ao Parque Eduardo VII, passei em frente do Pavilhão dos Desportos (Pavilhão Carlos Lopes), segui para o Arco do Cego, para a Alameda da Fonte Luminosa, para a Praça de Londres e para a Avenida de Roma, cenários desertos de uma Lisboa confinada e tristonha que aqui vos deixo. Fechei a reportagem com a foto do Panteão Nacional. Pelo significado imenso que o monumento tem.

Fotos M. Alvarenga