| Os pais do saudoso Forcado Manuel Trindade, na foto com João Quintella, na grande homenagem que abriu a Gala da Tauromaquia |
Miguel Alvarenga - A V Gala da Tauromaquia, uma noite de glamour e esplendor que este sábado teve lugar no Restaurante Kais, em Lisboa, com a lotação da sala esgotada (mais de 500 pessoas presentes), iniciou-se com um momento de solenidade, de solidariedade e de saudade - em homenagem à memória do jovem forcado Manuel Maria Trindade, do Grupo de São Manços, que morreu com 21 anos a pegar um toiro em Agosto na arena do Campo Pequeno.
Para homenagear os pais do malogrado Manuel Maria, Pedro e Alzira Trindade, subiu ao palco e juntou-se aos apresentadores João Lucas e Margarida Calqueiro, o antigo forcado e consagrado pintor João Quintella (presidente do Real Clube Tauromáquico Português), autor dos fantásticos quadros que foram, um ano mais, os prémios entregues aos triunfadores, também ele vítima da mesma dor por que passou este casal - em 2017, na praça de toiros da Moita, também colhido por um toiro, perdeu a vida seu filho Fernando Quintella, recordado forcado dos Amadores de Alcochete.
Foram exibidos alguns videos de actuações de Manuel Trindade, que os presentes aplaudiram com emotivas ovações, as mesmas com que depois brindaram os pais do forcado - que agradeceram, comovidos, este bonito tributo à memória de seu filho.
Posteriormente, já em fim de festa, o forcado Francisco Cabaço, do Grupo de Santarém, eleito pelo público como melhor forcado da temporada, fez questão de oferecer o seu quadro, o seu troféu, aos pais de Manuel Trindade, dedicando desta feita a sua distinção à memória do companheiro dos Amadores de São Manços.
E se a Gala da Tauromaquia - que, como anteriormente aqui explicámos, terá sido a última levada a efeito pela equipa que a criou há cinco anos e que esteve formada pelos pioneiros Francisco Mendonça Mira, Nuno Santana e Diogo Toorn (a que se juntaram depois outros voluntários, entre os quais João Lucas, Margarida Calqueiro e Miguel Ortega Cláudio) - se iniciou com uma homenagem póstuma ao forcado Manuel Trindade, terminou também com outro emotivo momento de saudade, lembrando todos os homens do mundo tauromáquico que nos deixaram este ano. Vamos aqui recordá-los, também em jeito de homenagem às suas nunca esquecidas memórias:
Os forcados Evandro Maria (Aposento da Moita), José Baião (Cascais), João Caeiro (Monsaraz), Engº João Dotti (Santarém), António Grade (Cascais), José Pedro Suspiro (Vila Franca), Martim Marques (Lisboa), José Polignac de Barros (Montemor), Manuel Trindade (São Manços), Carlos Galamba (Lisboa), Joaquim Maria Mendes (Aposento da Chamusca), Carlos Garcia (Santarém), Rui Souto Barreiros (Ribatejo) e António Castelão (Amad. Chamusca);
Os empresários José Cardal e Rui Domingues;
Os toureiros João Miranda, Zeca Fernandes, Rafael Peralta, Ramón Serrano, Rafael de Paula e Álvaro Domecq Romero;
Os ganadeiros Titá Vinhas, Luis Vinhas, João Vicente Saldanha (Marquês de Rio Maior) e Mariana Palha;
O maioral/campino Joaquim Carlos dos Santos (ganadaria Palha);
Os taurinos José Serrão de Faria (pintor), Luis Azevedo (fotógrafo), Luis Alberto Ferreira (jornalista), Maria Margarida Crato de Castro (Mulher do saudoso cavaleiro José João Zoio), Isabel Rilvas (sócia de honra da Real Tertúlia D. Miguel I, avó de Leonardo Mathias, a primeira Mulher páraquedista), Arménio Morais (médico) e Eduardo Arimateia (aficionado).
E agora os triunfadores!
Concorde-se ou não (alguns são os mesmos há cinco anos...), o júri decidiu, está decidido. E depois o público votou, está votado! Nada a acrescentar.
Na categoria de bandarilheiro/peão de brega, Duarte Alegrete foi o triunfador do júri e João Prates "Belmonte" o eleito pelo público. Estavam nomeados António Telles Bastos (que não esteve presente), Benito Moura, Duarte Alegrete, João Ferreira, João Pedro Silva "Açoreano" (também não esteve presente), João Prates "Belmonte", João Bretes e Joaquim Oliveira.
Os dois primeiros prémios da noite foram entregues por Bernardo Mendia, secretário-geral da Federação ProToiro, havendo a destacar o facto de "Belmonte" ter feito questão de dedicar esta distinção ao cavaleiro a cuja quadrilha pertence, João Moura Caetano.
Na categoria de novilheiro, Tomás Bastos arrecadou os dois prémios, o do júri e o do público, tendo recebido os quadros das mãos da socialite Lili Caneças, que fez um emotivo discurso recordando as suas raízes como aficionada e o seu gosto pelo espectáculo tauromáquico.
Na categoria de novilheiro estavam ainda nomeados o espanhol Javier Zulueta (ausente) e os portugueses Eduardo "Chibanga", João Fernandes e Vicente Sánchez.
Quanto ao cavaleiro praticante/amador (o prémio abrangia as duas categorias) foram vencedores Duarte Fernandes (eleito pelo júri) e o luso-mexicano André Gonçalves (eleito pelo público), ambos ausentes. Como já aqui noticiámos, Duarte Fernandes estava à mesma hora a receber em Roa de Duero (Burgos) o prémio com que foi distinguido como melhor cavaleiro da feira taurina local; e André Gonçalves estava a tourear em Tlaxcala, no México, onde obteve um triunfo memorável.
O prémio de Duarte foi recebido por seu pai, João Marques, enquanto que o de André foi entregue a Henrique Lázaro, conhecido aficionado de Alcácer, pai de um forcado do Grupo de Montemor e amigo da família do jovem cavaleiro/rejoneador. Os dois quadros foram entregues aos representantes dos cavaleiros galardoados pelo antigo cavaleiro Mateus Prieto, em cujo Pavilhão Dr. Miguel Quina, por si gerido, foram apresentados na Feira da Golegã os nomeados desta Gala da Tauromaquia.
Além destes, estavam nomeados os cavaleiros praticantes Francisco Maldonado Cortes (não esteve presente), Tomás Moura e Vasco Veiga.
Na categoria de forcado, foram vencedores José Maria Cortes Pena Monteiro, dos Amadores de Montemor, eleito pelo júri; e Francisco Cabaço, dos Amadores de Santarém, eleito pelo público.
Estavam ainda nomeados os forcados António Cortes Pena Monteiro (cabo dos Amadores de Montemor), Francisco Graciosa (cabo dos Amadores de Santarém), Guilherme Dotti (Vila Franca), João Cristóvão (Évora), João Prates (cabo dos Amadores de Coruche) e Miguel Faria (Vila Franca).
No que à melhor empresa diz respeito, foram vencedoras a Doses de Bravura, de Rui Bento e seus filhos (gestora das praças da Figueira da Foz, Nazaré e Almeirim), eleita pela júri; e a associação Reguengos Aficion (eleita pelo público), formada na maioria por antigos forcados locais e que pela primeira vez geriu com rigor e brilhantismo a praça de Reguengos de Monsaraz.
Subiram ao palco todos os membros da associação de Reguengos e em representação da empresa Doses de Bravura foi ao palco Rui Pedro Cordeiro, filho de Rui Bento, que agradeceu a distinção do júri e fez questão de agradecer também a todos os seus familiares membros da empresa, especialmente a seu pai, e a todos os colaboradores, assim como a todos os toureiros, forcados e ganadeiros que integraram os seus cartéis, fazendo uma referência especial a Morante de la Puebla, que marcou a temporada com a sua memorável e inesquecível presença na corrida de abertura da temporada na carismática praça da Nazaré.
Estavam também nomeadas as empresas de José Maria Charraz (gestor de várias praças, entre as quais as do Campo Pequeno em parceria com Luis M. Pombeiro, e as de Moura, Montemor-o-Novo, Beja e Cuba); a Associação "Sector 9" (Santarém); e a Toiros & Tauromaquia (Alcochete e Estremoz). Todos os seus representantes estiveram presentes.
Como melhor ganadaria, foi vencedora a de Murteira Grave, que ganhou os dois prémios, o do júri e o do público. Estavam também nomeadas as ganadarias de António Raul Brito Paes (presente), Canas Vigouroux (ausente), David R. Telles (nenhum representante presente), Fernandes de Castro (esteve presente o seu representante Hugo Branquinho, mas os ganadeiros não), Palha (ausente), Passanha (ausente) e Veiga Teixeira (ausente).
No que ao melhor grupo de forcados concerne, foram vencedores da noite os Amadores de Vila Franca de Xira (prémio do júri) e os Amadores de São Manços (prémio do público).
Os prémios foram entregues aos respectivos cabos, Vasco Pereira e João Fortunato, por Rui Cardoso, deputado do partido Chega, o mais jovem deputado desta legislatura no Parlamento, que foi toureiro amador na extinta Academia de Toureio do Campo Pequeno e que fez um dos mais vibrantes e emotivos discursos da noite manifestando o apoio do seu partido à Tauromaquia, depois de o Chega ter apresentado na Assembleia da República uma proposta que visava trazer de volta as transmissões de corridas de toiros à RTP, através da revisão do contrato de concessão ao canal estatal, que as abolira em 2015, proposta essa inviabilizada, que fique bem claro, pelos votos contra do PSD, do Livre e do PAN. Adiante...
Estavam também nomeados os grupos de forcados Amadores de Alcochete, do Aposento da Moita, de Évora, de Lisboa, de Montemor e de Santarém - que, ao contrário do que aconteceu com muitos dos nomeados noutras categorias, estavam todos presentes e representados não apenas pelos respectivos cabos, como por muitos outros elementos.
Abro aqui um parêntisis para destacar que, também ao contrário de cavaleiros, matadores, ganadeiros, etc., os forcados, últimos românticos da Festa, voltaram a manifestar a sua consideração e o seu apoio a esta importante promoção dos "Três Mosqueteiros" Francisco Mira, Nuno Santana e Diogo Toorn. Além dos grupos nomeados, vimos na sala mesas compostas por outros grupos de forcados, casos das dos Amadores das Caldas da Rainha e Amadores Académicos de Coimbra. Provavelmente estariam outros grupos, mas não andámos a ver todas as mesas...
Para o prémio de melhor matador de toiros estavam nomeados o português Manuel Dias Gomes (único dos cinco que esteve presente), os espanhóis Morante de la Puebla e Borja Jiménez, o peruano Roca Rey e o francês Sebastián Castella.
O vencedor dos dois prémios, do júri e do público, foi Morante de la Puebla - que momentos antes de se anunciar a sua vitória foi avisado por telefone pela organização e fez questão de que fosse o autor destas linhas a receber os seus dois galardões/quadros, pedindo-me que transmitisse, primeiro que tudo, o seu abraço solidário aos pais do saudoso forcado Manuel Trindade, os seus parabéns a todos os nomeados e a todos os vencedores e o seu carinho muito especial ao público aficionado de Portugal.
Transmiti ainda aos presentes que Morante se encontra muito bem, graças a Deus, como ele próprio minutos antes me informara... e que continuava à sua espera para em 2026 tourear na Corrida "Farpas" (no ano em que comemoro 50 anos de Jornalismo), como, aliás, estava combinado antes do seu inesperado "corte" de coleta em Madrid. Haja calma, vamos aguardar.
Os dois troféus de Morante foram-me entregues por José Peseiro, um apaixonado pela tauromaquia e um dos grandes nomes do mundo do futebol - que, como aqui se referiu anteriormente, protagonizou um dos momentos altos da noite, lamentando a falta de união dos homens dos toiros, que viram costas e não comparecem numa festa desta importância e desta relevância - uma falta de consideração e de respeito que terá causado a desmotivação dos três pioneiros promotores desta Gala da Tauromaquia, levando-os a anunciar, logo a abrir a noite, que esta seria a última por eles organizada...
Por fim, foram galardoados os cavaleiros distinguidos como triunfadores da temporada: João Moura Jr. foi o eleito pelo júri e João Moura Caetano foi o mais votado pelo público. Ambos manifestaram a sua satisfação e o seu orgulho pelas distinções recebidas, tendo sido o Chef Rodrigo Castelo (antigo forcado dos Amadores do Aposento da Moita) a fazer a entrega dos quadros aos primos de Monforte.
Moura Jr. dedicou o seu prémio ao apoderado Francisco Mendonça Mira e João Moura Caetano (que esteve acompanhado pela sua namorada Luísa Abreu) congratulou-se pela distinção com que o público reconheceu a sua triunfal temporada (em que foi, pelo terceiro ano consecutivo, líder do escalafón).
Além de Moura e Caetano, estavam nomeados na categoria de cavaleiro de alternativa Diego Ventura (que não esteve presente), Francisco Palha (que também não esteve presente), João Ribeiro Telles (também ausente), Luis Rouxinol Jr., Miguel Moura (também ausente) e Tristão Ribeiro Telles.
A meio das entregas de prémios houve um momento importante de fado interpretado pelo fadista Luis Caeiro (com que voz!), que interpretou três dos maiores sucessos de Amália, cantando os dois primeiros em palco acompanhado pelos músicos e depois o último misturado com o público na sala, sem microfone, só com a sua (magistral) voz.
Na mesa dos fadistas, ao lado da nossa, sentaram-se, entre outros, Nuno da Câmara Pereira, Luis Caeiro e sua Mulher, Tatiana, Tiago Andrade Nunes, Lili Caneças e o comentador televisivo António Leal Costa.
Desta vez, lamentavelmente, faltaram políticos (estiveram os dois já aqui referidos deputados, Rui Cardoso do Chega e Gonçalo Valente e Henrique do PSD; a ex-deputada Fernanda Velez e António Tereno, ex-presidente da Câmara de Barrancos) e faltaram grandes figuras do toureio.
Ao fim e ao cabo, a Gala da Tauromaquia foi uma grande festa, cheia de classe e de glamour, mas teve a importância que (não) teve. Afinal de contas, a importância que a tauromaquia, temos que reconhecer, não tem. Porque os seus agentes, nunca comparecendo em força nestes eventos, são, infelizmente, os primeiros a retirar-lhe toda e qualquer importância.
Se fosse uma gala desportiva ou uma festa como a dos Globos de Ouro, estavam lá as televisões e todas as revistas e jornais para cobrir a festa. Como é uma Gala da Tauromaquia, não estava lá ninguém. Nem mesmo os habituais fotógrafos que correm nas trincheiras de um lado para o outro. Nem os escribas dos sites...
Foi uma festa que ficou, toda bonitinha, entre as quatro paredes do bonito Restaurante Kais. Com muito pouco eco para o mundo exterior.
Francisco Mendonça Mira, Nuno Santana e Diogo Toorn têm todas e mais algumas razões para se sentir desmotivados e colocar um ponto final nesta bonita festa que idealizaram há cinco anos.
Como me confessava ontem, triste, Francisco Mira, "isto dá-nos imenso trabalho, 'ganhamos' imensos inimigos e ninguém nos agradece... pelo contrário, ainda criticam e dizem mal...".
É pena, mas é assim o Portugalzinho das Toiradas...
Obrigado, Mira, Santana e Toorn. Adeus, Gala da Tauromaquia!
Fotos M. Alvarenga
Ao longo do dia desta segunda-feira, feriado nacional, não perca todas as fotos desta quinta e última Gala da Tauromaquia.
| Francisco Cabaço, forcado de Santarém (eleito pelo público), fez questão de oferecer o seu prémio aos pais do saudoso Manuel Trindade, dedicando a distinção à sua memória e ao Grupo de São Mancos |
| Com que voz! Luis Caeiro interpretou três dos maiores sucessos de Amália |
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| A equipa fantástica da Associação Gala da Tauromaquia... adeus, até ao nosso regresso!... |

