O eurodeputado socialista Capoulas
Santos (na foto, assistindo a uma corrida este ano no Coliseu do Redondo) considerou hoje "indesmentível" que a tauromaquia faça parte
da cultura portuguesa, defendendo que a Festa deve ser "preservada" e
que contribui para a "biodiversidade" no mundo rural.
"A tauromaquia faz parte da nossa
cultura. É um dado indesmentível. Pode-se gostar ou não gostar de toiros, mas
não se pode é negar que faz parte da nossa cultura", disse o antigo
ministro da Agricultura, em declarações à agência Lusa.
Capoulas Santos exerce também o cargo de
presidente da Assembleia Municipal de Évora que, em Setembro, aprovou uma moção
contra a classificação da tauromaquia como Património Cultural Imaterial de
Interesse Municipal.
Na moção, apresentada pelo Bloco de
Esquerda (BE), pode ler-se que "considerar que a tourada é uma
manifestação cultural que faz parte da nossa identidade colectiva é de um
determinismo atroz".
Na moção aprovada, a Assembleia
Municipal de Évora recomendou à Câmara que rejeite reconhecer a tauromaquia
como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal, comunicando esta
rejeição à Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC).
Sem querer fazer comentários sobre esta
situação, Capoulas Santos considerou que a apresentação da proposta do BE na
reunião da Assembleia Municipal foi "prematura", indicando que se
absteve na votação.
"Além de cidadão, sou sociólogo e
tenho alguma responsabilidade em interpretar as sociedades, os seus valores, as
suas raízes e sob esse aspeto negar que a tauromaquia faz parte da nossa
cultura é negar uma evidência", declarou.
"Por essa razão não votei
favoravelmente essa moção", sustentou.
De acordo com Capoulas Santos, a
proposta contou com 17 votos favoráveis (11 deputados municipais do PCP, cinco
do PS e um do BE), 13 votos contra (sete do PS, cinco do PSD e um do PCP) e com
nove abstenções (seis do PS e três do PCP).
Para Capoulas Santos, a tauromaquia
"contribui" para a biodiversidade no mundo rural, porque, explicou,
sem as diversas vertentes da Festa Brava "extinguia-se" o toiro
bravo.
"O toiro bravo não é economicamente
rentável. Se a bovinicultora se reduzir exclusivamente à produção de carne não
será a raça do toiro bravo que sobreviverá", disse.
No entanto, defendeu que o espectáculo
deve "evoluir", uma vez que é "evidente" que constitui um
espectáculo que provoca "sofrimento" ao toiro.
"Hoje em dia, temos a esgrima como
desporto olímpico e não precisa de trespassar o adversário para ganhar uma medalha,
ou seja, num desporto que vinha do passado e por vezes violento foi adaptado à
nova realidade através de uma sofisticação tecnológica. Eu não sei se não é
possível um dia fazer algo parecido nas touradas", disse.
- in rtp/Lusa
Foto Hugo Teixeira/cortesia diariotaurino.blogspot.com