terça-feira, 25 de outubro de 2016

Família de Pedro Canas Vigouroux reclama: "É nosso o bairro da Cova da Moura!"

Pedro Canas Vigouroux, à esquerda na foto, em Vila Franca com o matador de
toiros Vitor Mendes; e, em baixo, no Campo Pequeno com a administradora da
empresa, Drª Paula Mattamouros Resende e Rui Bento, director da Tauromaquia

A família do ganadeiro Pedro Canas Vigouroux (sua mãe, com 80 anos e sua tia, com 82) reclamam há 40 anos uma compensação do Estado pela ocupação ilegal dos seus terrenos, uma herdade com 16 hectares avaliada hoje em perto de cem milhões de euros, às portas de Lisboa, nada mais, nada menos que o actual e problemático bairro da Cova da Moura, na Amadora.
A história vem toda no “Diário de Notícias” de ontem, onde o próprio e conhecido criador de toiros de lide afirma: “A Cova da Moura tem dono e todos lucram à nossa conta”.
A família Canas tem de pagar todos os anos três mil euros de IMI pelo terreno que lhes foi ocupado a seguir ao 25 de Abril. O actual bairro da Cova da Moura era uma exploração agrícola quando, na década de 70 e logo após a Revolução dos Cravos, foi ocupado por milhares de pessoas provenientes das antigas províncias ultramarinas, vindas para Portugal depois da chamada descolonização. Começou por assistir-se à construção ilegal de barracas e mais tarde de casas, dando origem ao actual bairro “onde tudo acontece” e que variadas vezes vemos referido nas televisões por tiroteios, intervenções policiais, etc.
Nos últimos anos, refere o “DN”, vários responsáveis políticos prometeram soluções à família Canas para a compensar da perda irreversível do seu património, mas…
“A nossa paciência esgotou-se. E se até ao final do ano não resolverem a situação, avançamos em várias frentes com processos em tribunal contra o Estado, a câmara (da Amadora) e todas as empresas privadas que têm feito negócio à nossa revelia”, afirma o ganadeiro Pedro Canas Vigouroux, filho de uma das proprietárias e representante da outra, sua tia.
A família já escreveu uma carta ao presidente da República apelando à sua intervenção. Lamentam que o governo e o município da Amadora “não cheguem a nenhum entendimento” e que os proprietários se vejam “impossibilitados de exercer na plenitude o seu direito de propriedade, constitucionalmente consagrado, com todas as consequências inerentes”, acrescenta o “Diário de Notícias”.
Pedro Canas Vigouroux, proprietário de uma das mais prestigiadas ganadarias nacionais, em declarações ao “DN” de ontem, mostra-se “perplexo e chocado com a circunstância de o poder político provar que não tem vontade para resolver o problema”. E afirma: “A verdade é que empurram de um para o outro, mesmo quando quem não tem obrigação de o fazer - como é o caso dos proprietários - por várias vezes já tentou um acordo e já apresentou soluções concretas passíveis de desbloquear o problema”.
“O Estado não quer resolver. Ponto”, conclui o conhecido ganadeiro.

Fotos Emílio de Jesus