quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Nuno Pardal demitiu-se de deputado municipal do Chega e Ventura admite expulsá-lo do partido

Nuno Pardal já renunciou ao mandato de deputado municipal pelo Chega em Lisboa e deverá também demitir-se do cargo de vice-presidente da Distrital de Lisboa do partido. 

Ao que apurámos e na sequência do que também aconteceu com o deputado Miguel Arruda, depois do caso das malas, André Ventura e Pedro Pinto, líder parlamentar, admitem agora expulsar o antigo cavaleiro tauromáquico do Chega.

No seio do mundo tauromáquico, a estupefacção é imensa e os telefones não têm parado esta manhã. Os toureiros sugerem a formação de uma comissão de gestão, já que ninguém se quer candidatar ao cargo, para dirigir a Associação Nacional de Toureiros e o louvável Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses, duas instituições que tinham como presidente o agora arguido Nuno Pardal, embora estivesse demissionário desde Março de 2022. 

Demitiu-se na altura, precisamente, por falta de tempo, devido às novas funções directivas que passou a exercer no Chega, mas a realidade é que nunca ninguém o quis substituir e nunca apareceu uma lista a candidatar-se à presidência das duas associações dos toureiros.

O mundo tauromáquico ficou em estado de choque esta manhã, depois de terem surgido as primeiras notícias, avançadas pelo semanário "Expresso" na sua edição online, de que Nuno Pardal Ribeiro, de 51 anos, estava acusado pelo Ministério Público de dois crimes agravados de prostituição de menores. 

Pardal é acusado de ter mantido encontros sexuais com um rapaz de 15 anos em 2023, mas já esta manhã, em declarações à RTP, negou os alegados crimes. Antes, confrontado com a acusação do MP, assumira que tivera esses encontros com o menor, mas alegou que "não sabia que ele tinha 15 anos".

De acordo com o Ministério Público, tudo começou na aplicação de encontros para homossexuais Grindr, passando depois para o WhatsApp, "para melhor combinarem" um encontro, que acabou por acontecer no dia 11 de Julho de 2023, junto a uma estação de comboios. 


Ainda segundo a acusação, noticiada pelo jornal "Expresso", ambos seguiram no carro do deputado municipal do Chega em direcção a um pinhal, e Nuno Pardal Ribeiro perguntou ao rapaz que idade tinha, tendo este respondido que tinha 15 anos. Mesmo assim, tiveram relações sexuais e, posteriormente, o conselheiro nacional do partido de André Ventura enviou um código através de MbWay para que o adolescente pudesse levantar 20 euros.


Ao "Expresso", o deputado municipal do Chega afirmou “desconhecer por completo” que o jovem era menor de idade à altura dos factos, mas a acusação do Ministério Público acredita que o arguido sabia que o menor tinha 15 anos e que era sexualmente inexperiente.


O caso terá sido denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do menor, que descobriram as mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho - algumas das quais são citadas na acusação do procurador Manuel dos Santos, do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Cascais.


O jornal escreve que o deputado do Chega terá perguntado ao jovem se tinha experiência sexual e se já tinha estado com um daddy, numa referência a um homem mais velho. Nuno Pardal Ribeiro pediu alegadamente fotos íntimas e tentou encontrar-se novamente com o menor, que acabou por recusar.


A publicação adianta ainda que o arguido vai "serenamente, proceder à sua defesa, lamentando profundamente a situação desagradável para todas as partes". Já esta manhã, em declarações ao "Farpas", o antigo cavaleiro tauromáquico disse "que precisava de tempo" e que terá sido "enrolado numa armadilha".


“O arguido agiu com o propósito concretizado de, para satisfazer os seus instintos libidinosos, praticar com o assistente os actos sexuais descritos” a troco de “dinheiro”, afirma, na acusação, o procurador Manuel dos Santos, do DIAP de Cascais.


Ontem mesmo, Nuno Pardal esteve na Assembleia da República a acompanhar a delegação da ProToiro-Federação Portuguesa de Tauromquia, que era composta pelos presidente e pelo secretário-geral, respectivamente Francisco Macedo e Bernardo Mendia, numa audiência com Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega (foto de baixo).


Como ele mesmo disse ontem ao "Farpas", esteve nessa audiência "pelos dois lados", ou seja, "como dirigente do Chega e como presidente, embora demissionário há três anos, da Associação Nacional de Toureiros".


Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e D.R.