Autarcas, jornalistas, políticos, artistas e muitos nomes conhecidos do mundo tauromáquico de Portugal, Espanha e México multiplicaram-se nos últimos dias nas redes sociais em comentários, textos e notas de pesar pela trágica morte do valoroso e jovem forcado Manuel Maria Trindade, de 22 anos, membro do Grupo de Amadores de São Manços, que morreu em consequência de colhida no Campo Pequeno na passada sexta-feira.
Elegemos este texto, que nos tocou particularmente, escrito no Facebook pelo nosso companheiro Miguel Ortega Cláudio (na foto de baixo), desde sempre seguidor e amigos dos Forcados Amadores de São Manços. Aqui o reproduzimos com a devida vénia:
Manel…
Desde menino que sonhava ser forcado. Quem o conheceu sabe bem: era nas palavras, nos gestos e até nos olhos que se via esse destino. Quantas vezes não citou diante de um espelho, a recuar como se um toiro imaginário lhe desse a verdade da pega? Quantas conversas sobre arenas, forcados e ídolos – e quantas vezes o nome de Manuel Murteira e do Francisco Borges não foram chamados como farol do seu caminho.
O Manel não era apenas um rapaz que sonhava. Era teso, era garboso, era forcado de corpo inteiro. Tinha nos ombros e na alma a vontade de viver e de pegar como poucos. Viveu intensamente cada um dos seus 22 anos – e partiu como viveu: com coragem, abraçado a um toiro, no Campo Pequeno, a fazer o que mais gostava.
Ficam as histórias partilhadas, os ralhetes de amizade, os copos levantados, os cigarros acesos em conversas que nunca terão fim na minha memória. Fica sobretudo a amizade, a marca de quem passou por nós com verdade e com bravura.