quarta-feira, 6 de maio de 2009

Se os outros calam, contamos nós!


Caro Miguel Alvarenga,
Esta guerra aberta pelo Campo Pequeno ao nosso jornal, enche-nos de orgulho.
Logo na reabertura da praça, a administração deu um "lá mi ré" da música que ia tocar nas relações com a Imprensa, com uma retaliação mesquinha e bacoca para com a tua pessoa, como toda a gente se lembra, que depois desfizeram, não por convicção, mas com certeza para não criar má imagem.
A carta que te escrevi nessa altura foi dura e acutilante (modéstia à parte) para com a empresa. Fiquei marcado e assim, nunca me foi facultada a entrada de jornalista que solicitei uma única vez. Evitei, a partir desse momento, referir-me à dita empresa, para não correr o risco de ser acusado de bajulador se dissesse bem ou ressabiado se dissesse mal.
Algumas vezes não me faltou vontade, mas em conversas contigo achei sempre mais correcta a posição por mim assumida.
Não me faltaram motivos para criticar e forte, desde a bambuchata da "Porta Grande" (imitação simplesmente ridícula e ainda por cima mal regulamentada), à entrega dos prémios que no primeiro ano foi parola, no segundo foi despropositada e este ano vai ser insignificante, até à montagem de alguns cartéis mal rematados, passando pelo excesso de novilhos de três anos em corridas de toiros, tratando-se da primeira praça do país.
A rábula da sucessão ou continuidade do gerente foi pindérica (toda a gente do mundo do toiro sabia o que se estava a passar), estando mesmo ao nível da sucessão de um treinador de futebol de uma equipa da 2ª Divisão B.
As reacções às notícias que foste dando sobre este tema, foram primárias e as técnicas usadas, vulgares (por já muito batidas) e levaram a uma contra-informação com entrevistas que tresandaram a encomenda e artigos que falaram por si.
Via-se o incómodo provocado pelos teus escritos e adivinhava-se a vingançazita mesquinha que veio agora a lume. Eu avisei-te, mas tu não viste onde isto ia parar, porque acreditas ingenuamente na Liberdade de Imprensa, que praticas sem vacilar.
Não acredito que algumas pessoas dentro da administração da empresa possam estar de acordo com a posição assumida por esta. O tempo o dirá...
De mim, contas com a solidariedade que conheces desde sempre, quanto mais não seja porque não estou à espera de um cartão que nunca tive, nem nunca terei, com esta empresa, porque senão demarcava-me de ti e ia escrever para a "Voz de Fátima" e conseguiria assim ficar bem com Deus e com o Diabo.
Não sou desses. Solidariedade sempre!

João Cortesão

Foto Rogério Jóia