Miguel Alvarenga - Diego Ventura encheu ontem a Monumental do Montijo - não esgotada, mas completamente "à cunha" - justificando a enorme expectativa que rodeava o seu regresso àquela praça.
Faltou a emoção do toiro, mas viveu-se uma noite divertida e o público saíu satisfeito, depois de em variadas ocasiões se ter levantado, em ambiente de grande entusiasmo, a aplaudir os toureiros e forcados.
Houve um toiro bom de Conde Cabral, o segundo da noite, lidado exemplarmente por Ventura; um mansote, o terceiro, que coube a Francisco Palha; e quatro cumpridores e manejáveis, sem contudo transmitirem.
Diego Ventura galvanizou o público em duas actuações em que deu o seu espectáculo. No final, trouxe o cavalo "Morante" (foto de cima) e as "mordidelas" dividiram as opiniões - como de costume. Mas Ventura soma e segue e parece que agora (re)conquistou por fim o público que antes acusava de lhe ser hostil. O "furacão" marcou uma vez mais a diferença, fazendo alarde dos seus grandes cavalos e da sua emotiva (e única) personalidade. Há quem goste, há quem (ainda) não goste. Mas uma coisa é certa: ninguém fica indiferente.
A Rui Fernandes coube o pior lote. Dois toiros reservados, a que deu a volta com o seu saber e a sua experiência, conseguindo duas lides perfeitas onde pôs tudo de si, acabando por triunfar. Está num grande momento e deixou no Montijo enorme ambiente para a sua apresentação no Campo Pequeno na próxima quinta-feira.
Francisco Palha lidou muito bem o seu primeiro toiro, um manso que ele entendeu na perfeição, rubricando emotiva lide, com bons pormenores de brega e ferros de verdade. No segundo, último da noite, desenvolveu actuação perfeita até chegar ao par de bandarilhas, que tentou cravar por três vezes, deixando sempre e apenas uma bandarilha. Mesmo assim, o público reconheceu o seu excelente labor nos dois toiros e voltou a aplaudir o valoroso cavaleiro na volta à arena.
Noite grande para os grupos de forcados do Montijo e de Alcochete com seis duras pegas e um "empate" das duas formações no que respeita ao triunfo. Hélio Lopes (à segunda), Ricardo Almeida e o cabo Ricardo Figueiredo (ambos à primeira, em duas grandes pegas) foram os "caras" do Grupo do Montijo; pelos Amadores de Alcochete, pegaram - e bem - Ruben Duarte (à segunda), o cabo Vasco Pinto (grande pega!) e Nuno Santana, ambos ao primeiro intento.
O público vibrou na terceira pega da noite, executada pelo montijense Ricardo Almeida, quando o bandarilheiro Jorge Alegrias, da quadrilha de F. Palha, largou o capote e deu uma valentíssima primeira-ajuda ao forcado, ajudando de forma decisiva a concretizar a sorte. Foi aplaudido de pé. No final, com humildade, recusou a chamada do cavaleiro e do forcado para com eles repartir os aplausos finais no centro da arena. Mas merecia-o. Valente!
Destaque, ainda, para o ofício e o excelente desempenho dos peões de brega João Prates "Belmonte", Duarte Alegrete, Mário Figueiredo, Paco Cartagena e João Santos, quer na brega para os cavaleiros, quer na preparação para os forcados.
A corrida foi bem dirigida por João Cantinho. Destaque para o emotivo brinde de Rui Fernandes ao nosso Emílio, a passar por delicado momento devido a um problema de saúde e que ontem reapareceu no Montijo, em vésperas de baixar de novo ao hospital (segunda-feira) para novos exames e tratamentos. Força, querido Emílio!
Não perca, aqui no "Farpas", a grande reportagem de Emílio de Jesus e o registo de todos os Famosos que ontem estiveram na Monumental do Montijo.
Fotos Glez.Arjona/@Diego Ventura