terça-feira, 27 de agosto de 2013

Gil chegou ao fim: empresas mexem-se para dar a corrida em Portalegre



Desistindo da realização da tradicional corrida da Feira das Cebolas em Portalegre (que anunciara para 14 de Setembro), na sequência de "um diferendo" com os proprietários da praça "José Elias Martins" (foto de cima), depois de também ter desistido da sua anunciada investida em Espanha, nas praças de Albuquerque e Barcarrota, ao que tudo indica terá chegado ao fim a surpreendente aventura empresarial taurina do ainda enigmático Henrique Gil (foto ao lado), que no início desta temporada "aterrou" na Festa, ao que parecia, "carregado de boas intenções", associado a Lúcia Loureiro, sua Mulher, com a empresa "Toiros +".
Gil, até então um ilustre desconhecido no meio tauromáquico, alegadamente proprietário de empresas do ramo da construção civil nas Caldas da Rainha, surpreendeu meio mundo ao arrendar à Família Costa Pinto, proprietária do imóvel, a praça de toiros de Portalegre (que estivera inactiva na temporada anterior) por um ano. De seguida, adjudicou datas em Cabeço de Vide (onde o espectáculo não se efectuou devido à chuva), em Sousel (onde foi por todos louvado ao levar por diante a corrida de segunda-feira de Páscoa, apesar do mau tempo e apesar de muitas empresas terem suspendido com antecedência os espectáculos anunciados para a mesma altura), na Terrugem (Elvas), organizou uma tourada em praça portátil em Pêro Pinheiro (Sintra) e realizou este mês uma corrida em Monforte.
Pelo meio, adquiriu duas barreiras de abono para a temporada do Campo Pequeno, mostrou-se em praças do país e mesmo em praças de Espanha (na foto ao lado, em Almendralejo, este ano) e protagonizou alguns escândalos: "descontratou" os toiros que contratara à ganadaria Murteira Grave para a primeira corrida que deu em Portalegre (1 de Junho) alegando que o ganadeiro lidava um outro curro no mesmo dia em Almeirim; e terão andado cheques "para trás e para a frente" quando chegou a hora de pagar os toiros de Fontembro da corrida em Pêro Pinheiro, o que terá levado, por prudência e para evitar novas "arrelias", a prestigiada ganadaria Pontes Dias (igualmente gerida por José Luis Gomes, tal como a de Fontembro, de José Lavrador) a retirar o seu toiro do recente concurso de ganadarias em Monforte, promovido pela empresa de Henrique Gil.
Ontem à noite no programa "3 Tércios" da Rádio Portalegre, Miguel Alvarenga comentou toda esta polémica opinando que "das duas uma, ou está todo o mundo contra Henrique Gil ou estes acidentes de percurso na sua trajectória revelam que o empresário não está a fazer as coisas bem feitas e como deveriam ser feitas". Pelos vistos e como ele mesmo agora informa ter decidido não dar a corrida da Feira das Cebolas, a segunda hipótese é a mais credível.
Entretanto e segundo fontes próximas da Família Costa Pinto, proprietária da praça de toiros de Portalegre, o alegado diferendo com a empresa "Toiros +" não se circunscreve à multa dos serviços de Veterinária pela falta do documento da "marca de exploração da empresa", relativo à entrada - neste caso, ilegal - no país dos toiros espanhóis da ganadaria Guardiola para a corrida de 1 de Junho (da responsabilidade do empresário), mas, mais grave que isso, "à falta de liquidação da segunda tranche do contrato de adjudicação da praça de toiros" e também "ao uso abusivo da mesma" para "fins a que não está destinada, nem para os quais foi alugada". Explicamos: a empresa de Gil alugou a praça "José Elias Martins" à Família Costa Pinto para a realização de corridas de toiros, mas a 1 de Junho, depois da tourada, levou a efeito no recinto um concerto de um grupo de flamenco espanhol. "A praça não foi alugada para concertos", diz fonte dos proprietários. Nessa madrugada, próximo das 3 horas, os donos da praça desligaram a luz e agora acusam a "Toiros +" de, além de ainda não ter pago a segunda tranche acordada no contrato, que deveria ter sido liquidada dias depois da realização da primeira tourada, terem dado à praça "uso indevido" com a realização do referido concerto musical - esta será, segundo as nossas fontes, a verdadeira causa do diferendo, que o próprio Henrique Gil confirma existir, no seu comunicado, não o especificando, contudo.
Neste momento pode ainda manter-se de pé a realização da tradicional corrida da Feira das Cebolas. Depois da rescisão do contrato com a "Toiros +", a Família Costa Pinto está neste momento em conversações com, pelo menos, duas empresas para adjudicar a data de 14 de Setembro e garantir a realização da corrida da Feira das Cebolas. Aguarde-se.

Fotos D.R.