Boa entrada de público (mais de meia casa) ontem na Chamusca |
Ainda e sempre em grande forma: Maestro Joaquim Bastinhas dando a volta com o forcado tomarense autor da primeira grande pega da noite |
Marco José lidou com rigor e técnica um toiro com... 6 anos |
Foi de Marcos Bastinhas o triunfo maior da noite na Chamusca |
Oficial e cavaleiro: Filipe Vinhais não defraudou |
Ana Rita e o forcado premiado (ABV de Alcochete) |
Público foi ao rubro com a actuação de Jacobo Botero |
Miguel Alvarenga - A praça de toiros da Chamusca registou ontem uma boa entrada de mais de meia casa numa corrida montada pelo crítico taurino Pedro Pinto e que reunia em cartel encabeçado pelo Maestro Joaquim Bastinhas (homenageado ao intervalo pelos seus 30 anos de alternativa) um naipe de cavaleiros distintos: Marco José, Marcos Bastinhas, Filipe Vinhais, Ana Rita e o colombiano Jacobo Botero. Pelo menos, havia diversidade de estilos, a presença de alguns toureiros menos vistos - e não era, como de costume, um cartel "de mais do mesmo"...
Estavam anunciados toiros de Paulino Cunha e Silva e Manuel Veiga, mas os mesmos, ao que se disse, por escassez de peso, foram trocados por exemplares das ganadarias Prudêncio e Herdeiros de José Salvador (três de cada). O espectáculo, muito bem dirigido por Rogério Jóia, um "inteligente" aficionado e participativo, resultou em cheio, apesar do diferente comportamento dos seis toiros, também de apresentação diversa. Assessorou o director Jóia o médico veterinário Dr. José Guerra (filho).
O triunfo maior coube a Marcos Bastinhas, que lidou superiormente o terceiro toiro, evidenciando a temporada alta que vem construindo de actuação para actuação. Teve ferros de muito valor e terminou com um arrojado par de bandarilhas, recebendo os maiores aplausos da noite. Está moralizado, bem montado e anda na "guerra" com a serenidade e a solidez que caracterizaram sempre os Toureiros grandes.
Joaquim Bastinhas abriu praça com um Prudêncio distraído a que deu a volta com a sua técnica e maestria - mas também com a sua tremenda popularidade. Há quem insista em referenciar o Maestro como "toureiro popularucho", como se isso fosse negativo: Marco Paulo e Tony Carreira são o quê? Vendem mais que os outros e enchem os estádios por onde passam. Bastinhas é, há mais de trinta anos, um caso de popularidade - e prevalece. Contra ventos e marés. Contra aqueles que o tentam diminuir. Porque é e continua a ser um caso à parte. Viu-se ontem, uma vez mais, na Chamusca. O público com ele do início ao fim.
Marco José lidou um toiro de José Salvador com... 6 anos. Apesar de fisicamente pequenote, tinha trapio e idade. Diz-se mesmo que o quiseram recusar no sorteio e que Marco se predispôs desde logo a enfrentá-lo. Foi uma lide empenhada e brilhante, sobretudo quando trouxe o fantástico cavalo "Girassol". Bons apontamentos de brega e dois grandes ferros culminaram uma actuação valorosa do já veterano cavaleiro de Leiria, que continua jovem e a lutar pelo reconhecimento das empresas que teimam em deixá-lo de fora dos grandes cartéis da temporada.
Filipe Vinhais é um caso de aficion - e por isso, merece respeito. Oficial da Força Aérea, alia a profissão que abraçou ao gosto pela tauromaquia e sobretudo pelo toureio a cavalo. Tomou a alternativa no ano passado no Cartaxo e pouco tem toureado. Fá-lo por gosto e por aficion. Lidou com algum desacerto, mas sem falhas. Teve direito a música - como todos os companheiros e nisso há que elogiar o incentivo e o bom ritmo dado pela direcção de Rogério Jóia - e deu aplaudida volta à arena. Não defraudou.
Ana Rita está rodada pelos sucessivos triunfos em Espanha. Teve ontem o azar de enfrentar o "quinto mau", um toiro que mal se mexeu em praça. Fez das tripas coração para agradar e a verdade é que teve música e o público obrigou-a a dar a volta à arena, mesmo sem ter conseguido brilhar, o que só por si diz bem da sua entrega, do seu esforço e do seu empenho para fazer omeletas sem ter um único ovo na frigideira...
Por fim actuou o colombiano Jacobo Botero, que "arrancou" com um emotivo ferro comprido depois de esperar o toiro à porta dos curros e aí agarrou o público. Seguiu-se uma lide variada e onde há a destacar sobretudo a verdade de dois grandes ferros curtos e também o sentido de lide e o profissionalismo de um jovem que "há dois dias" estava a começar e hoje se transformou já num "caso" reconhecido pela aficion do país onde se radicou e onde se fez toureiro. Jacobo tem garra, tem sentido de lide, é bom equitador e sabe bem o que quer e para onde vai.
Bruno Amaro, do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, ganhou merecidamente o prémio para a melhor pega. O grupo chefiado por João Salvação teve outra intervenção de valor numa corrida em que actuaram ainda os Amadores de Tomar e os da Chamusca. Brilhante a primeira pega dos tomarenses - que brindaram aos heróicos Bombeiros. O grupo da terra, chefiado pelo grande Nuno Marques, não teve ontem noite de grande evidência. Mas há noites assim...
Fotos M. Alvarenga