Rui Levesinho, Miguel Alvarenga, João Salgueiro e Ricardo Levesinho |
Ricardo Levesinho chegou há oito anos
com a empresa
"Tauroleve", uma empresa familiar de que fazem parte seu irmão, o
antigo crítico taurino Rui Levesinho e seu pai, tem gerido a praça de Vila
Franca de Xira e nos últimos anos geriu também, em parcerias, as de Salvaterra
de Magos, de Alcácer do Sal e de Arruda dos Vinhos. O seu trabalho tem sido
sério e notável. À actividade empresarial juntou recentemente o apoderamento de
toureiros, tendo no último ano gerido as carreiras dos cavaleiros Ana Batista e
Marcelo Mendes e mais recentemente abraçou o desafio de também apoderar João
Salgueiro e seu filho João Salgueiro da Costa e ainda o de gerir as ganadarias
Pinto Barreiros e São Torcato. No início de mais uma temporada, quisemos saber
os projectos da "Tauroleve", sobretudo no que respeita a hipotéticas
candidaturas a outras praças. Levesinho revela que nos horizontes da sua
empresa está apenas e só a praça de toiros de Coruche. Está a analisar o caderno
de encargos da adjudicação da praça da Arruda, que geriu nos anos anteriores e
desmente que vá apoderar mais toureiros e nomeadamente, como um site noticioi,
um cavaleiro da Família Ribeiro Telles. "Isso não faz sentido nenhum, sobretudo depois de termos assumido o
apoderamento dos Salgueiro", explica. Fala do orgulho e da
responsabilidade de apoderar os Salgueiro e anuncia que em Vila Franca vai dar
mais oportunidades aos matadores e novilheiros nacionais. Na foto ao lado,
Ricardo Levesinho e João Salgueiro, a nova dupla que promete dar que falar em
2014. Vamos saber por quê - já a seguir.
Entrevista de Miguel Alvarenga
- Vamos falar primeiro do novo desafio
que a vossa empresa tem entre mãos, o apoderamento de João Salgueiro e de seu
filho João Salgueiro da Costa...
- A situação colocou-se e a primeira
coisa que senti foi que era um orgulho muito grande e uma responsabilidade.
Orgulho, porque estamos perante uma figura da tauromaquia mundial e perante uma
figura que acredito que vai seguir as pisadas do seu pai, pela capacidade, pela
técnica, pelo sentido e pela vontade que tem em chegar longe. Responsabilidade,
porque gerir a carreira de dois grandes cavaleiros é uma tarefa que carece de
muita atenção e inteligência porque ao gerirmos a carreira de João Salgueiro e
de João Salgueiro da Costa também gerimos as vidas deles, porque a profissão é
a de cavaleiros tauromáquicos e por isso o trabalho que fazemos é extremamente
importante para o presente e para o futuro deles próprios. E por isso, aquilo
que sentimos e aquilo que temos por obrigação fazer é o melhor possível para
acrescentar valor à carreira deles próprios e chegarmos ao final do ano e
entendermos que fomos uma mais valia para ambos. Isso, para nós, era o maior
orgulho.
- É verdade, como também consta e um site até coloca a hipótese, que vão
ainda apoderar um cavaleiro da Família Ribeiro Telles?...
- Não é verdade, nem nunca esteve nada
disso em hipótese. Nem faz o mínimo sentido, sobretudo depois de termos aceite
o desafio de apoderar os Salgueiro. Não vai haver mais apoderamentos nenhuns...
- Acredito no que me diz, mas costuma-se
dizer que não há fumo sem fogo...
- Esse rumor ou esse boato, como
preferir, tem a ver, presumo eu, com o facto de há dias ter tomado um café no
"El Corte Inglés" em
Lisboa, onde trabalho, como se sabe, com o João Ribeiro Telles Jr. O João
andava por lá, encontrei-o e bebemos um café. Quando descíamos no elevedor,
houve um amigo do mundo dos toiros que nos viu e que até brincou, dizendo que
ali havia negócio... Mas foi apenas um café e foi apenas por acaso que nos
encontrámos, não há absolutamente mais nada, pelo menos no campo profissional,
há apenas uma amizade.
- Há uma semana, no programa "3
Tércios" da Rádio Portalegre, eu disse que a empresa "Tauroleve"
era uma empresa que nunca deu um passo maior que a perna. Vão concorrer a mais
praças de toiros?
- Neste momento estamos em análise.
Sinceramente, entendo que a praça de toiros de Coruche é uma praça que fica bem
dentro da nossa forma de pensar a tauromaquia e porque entendemos que os
cartéis que idealizamos para aquela praça podiam ser cartéis de mais valia e
que podíamos criar espectáculos de registo, de grande capacidade, de grande
qualidade e de interesse para o público. A praça de Coruche é uma praça que
está dentro dos nossos horizontes e por isso analisaremos o seu caderno de
encargos quando sair. Das restantes praças que neste momento estão a concurso,
entendemos que, ou não temos capacidade e disponibilidade para as gerir, ou
sentimos que a nossa forma de ver a tauromaquia a nível daquilo que é o nosso
conceito da tauromaquia, não serve para essas praças, portanto aquilo que lá
íamos fazer era sinceramente marcar passo. E isso não queremos. Ou estamos cá
para sermos uma mais valia e fazermos a diferença, ou não vale a pena estarmos
a hipotecar essas praças e esses projectos, porque pode haver alguém com mais
capacidade que nós.
- Refere-se a todas as restantes praças
que vão a concurso, casos de Almeirim, da Moita, etc?
- Sim, refiro-me a todas as outras
praças que vão a concurso e onde essas duas que referiu se incluem. Se concorrermos
a alguma, como disse, será apenas e só à praça de Coruche.
- Mas falta falarmos da praça da Arruda
dos Vinhos, que geriam e que este ano também vai a concurso. Recandidatam-se?
- Neste momento, não sabemos. Houve uma
mudança na Câmara, o caderno de encargos é bem diferente do anterior e estamos
a analisá-lo. Não sei ainda se vamos voltar a concorrer à Arruda...
- Àparte as outras praças onde têm
parcerias com a empresa de Vasco Dotti, nomeadamente as de Salvaterra e
Alcácer, a de Vila Franca é a "vossa praça". Que projectos para 2014?
- Estamos a começar a idealizar a
temporada. Começamos muito cedo a ver toiros no campo, neste momento já temos
muitas ganadarias vistas, muitos curros escolhidos, temos algumas ideias, vamos
começar em Maio com a tradicional corrida de Maio e depois segue-se o formato
normal, o Colete Encernado em Julho e a Feira de Outubro. Temos algumas ideias
que neste momento já estamos a sementar, queremos dar este ano a oportunidade,
a nível de toureio a pé, aos toureiros portugueses. É algo em que estamos a
acreditar, por considerar que é o caminho de oportunidade e de diferença para
criar condições para que os matadores e novilheiros portugueses tenham mais
possibilidades de perante o seu público e perante o seu país demonstrar que têm
valor para serem alguém no meio da tauromaquia e isso é uma das ideias que nos
norteiam. De resto, vamos trabalhando de forma a conseguir criar para Vila
Franca mais espectáculos daqueles que, graças a Deus, temos conseguido realizar
nos últimos tempos.
- E entretanto mais uma novidade da
"Tauroleve" para 2014, a gestão das ganadarias Pinto Barreiros e São
Torcato, de Joaquim Alves...
- Sim, foi um acordo que muito nos
orgulha, vamos fazer a gestão da camada de 2014 das ganadarias Pinto Barreiros
e São Torcato, de Joaquim Alves, no sentido artístico, na colocação nos cartéis
e, por outro lado, também, no sentido comercial de negociação com os próprios
empresários, nas respectivas praças. Concerteza que também iremos lidar alguns
curros nas nossas praças e queremos fazer o melhor possível para estarmos à
altura do desafio, da delicadeza e da amabilidade que o ganadeiro Joaquim Alves
teve para connosco, convidando-nos para estarmos ao lado dele neste projecto de
gestão de uma camada em que ele se revê e em que acredita. Estarmos ao lado de
um senhor que é um extraordinário aficionado, cheio de carisma, para nós é um
orgulho e é com muita satisfação que aí estamos.
- Um site noticiou entretanto que também
tinham ficado com a camada de 2014 das duas ganadarias de Mestre David Ribeiro
Telles, a com o seu nome e a de Vale Sorraia. Verdade, Ricardo?
- Mentira. Comprámos um curro de David
R. Telles e outro de Vale Sorraia, o que é bem diferente de termos comprado a
camada toda...
- Para terminarmos, Ricardo Levesinho,
qual é o balanço que faz desta sua actividade empresarial? Começou há quanto tempo?
- Nós começámos em 2006, portanto
estamos a falar de oito anos de actividade. Sinceramente, é um balanço duro.
Nós andamos nisto com uma paixão que às vezes eu nem questiono, acho que a
devia questionar um pouco mais, mas acredito que somos muito bons aficionados.
Por outro lado, temos um cunho de elevar as responsabilidades e os compromissos
acima de tudo e isso, quer queiramos, quer não, muitas vezes torna-nos a vida
difícil. As coisas não estão fáceis e para sermos, não quero utilizar a palavra
sérios, para sermos aquilo que temos que ser e corresponder com quem temos que
corresponder, existem muitas vezes alguns momentos duros e difíceis. Graças a
Deus, penso que andamos de cara lavada, graças a Deus penso que somos e
transmitimos que somos aficionados e, por isso, vamos ter uma época de 2014 que
penso que vai fazer a diferença pela positiva e para nos motivar também, porque
nós também precisamos de motivação, como é evidente. Gostaríamos de andar cá
muitos mais anos para o bem da Festa, Deus queira que as pessoas sintam que
andamos cá pelo bem da Festa e, pelo menos, procuramos ser uma mais valia ou
pelo menos alguém que anda na Festa no sentido de lhe criar mais valias e de a
engrandecer.
Fotos Ana de Alvarenga