segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Momento único ontem em Alcochete: o Fado, segundo Ferreira Rosa e José Cid!

Presença em palco de João Ferreira Rosa foi um dos momentos altos do concerto
de José Cid ontem no Fórum Cultural de Alcochete
"Sons ibéricos" em dueto com Zé Perdigão, o novo grande valor da música popular
portuguesa - que em breve gravará o seu primeiro cd em espanhol
José Cid viajou pelos principais temas da sua carreira ao longo de mais de duas
horas. Foi um concerto memorável
Momento em que elementos do Grupo de Forcados de Alcochete presentavam os
artistas com lembranças
O concerto terminou em apoteose com José Cid a cantar "A minha música" com um
coro muito especial: Ferreira Rosa e Zé Perdigão
Público aplaudiu os artistas de pé - e a pedir mais!



Miguel Alvarenga - Cantou, encantou e viajou pela sua inigualável carreira através das suas mais famosas canções - que todos trauteamos de cor e salteado há muitos anos. Foi uma noite memorável aquela que José Cid porporcionou ontem a todos os que enchiam o auditório do Fórum Cultural de Alcochete e onde cantou a favor do Fundo de Assistência do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete.
O "Tio Zé" esteve mais de duas horas em palco, sem fazer intervalo, com a mesma garra e a eterna voz, recordando-nos alguns dos seus maiores êxitos, desde "A Lenda d'El-Rei D. Sebastião" aos célebres "Vinte anos", passando pela "Cabana junto à praia", pela "Rosa que te dei", por "Um grande, grande amor", pela "Anita" que "não é bonita, mas acredita que a noite cai" (uma letra de sua prima, a saudosa e grande poetisa Maria Manuel Cid), até ao "Macaco gosta de banana", "Cai neve em Nova Iorque" ou "Ontem, hoje e amanhã", temas quer fizeram, fazem e farão sempre parte da nossa própria história, das nossas recordações e do nosso eterno imaginário. José Cid faz parte das nossas vidas, das nossas infâncias, crescemos, muitos dos que ali estavam ontem, a ouvi-lo cantar...  "há muito, muito tempo...". "Demos-lhe o telefone", "convidámo-la para jantar" e ela adorou "ver a nossa colecção" - quantos não passaram por isto ao longo das (nossas) vidas e "lembraram a canção"?
Momento alto e esperado da noite foi aquele em que José Cid teve a seu lado em palco o fadista João Ferreira Rosa, ainda e sempre a maior referência do Fado e, como Cid referiu, "o mais fiel seguidor" do Fado segundo Alfredo Marceneiro.
Cantaram em dueto "A Fragata" e depois Ferreira Rosa "abriu o livro" - e a garganta! - e brindou-nos, à sua maneira e como só ele sabe e só ele canta, com "Os Saltimbancos" e o inevitável "Embuçado". A pedido do público e depois da presença em palco de dois elementos do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete que entregaram lembranças aos dois artistas, João Ferreira Rosa cantou ainda - e com que voz! - o seu "Fado de Alcochete", uma letra de sua autoria que é o auto-retrato das suas vivências na vila ribeirinha, de que se tornou filho adoptivo. Foi um momento único, que José Cid enalteceu afirmando que "os outros cantam o fado-canção, o João canta o Fado!".
José Cid apelou à autarquia de Alcochete para que "não deixe morrer a arte de Ferreira Rosa" e o apoie no lançamento de um novo cd. Oxalá alguém tenha ouvido e cumpra o desejo - que não é apenas de Cid, mas de todos nós, também.
O concerto prosseguiu com o público ensusiasmado e participativo, colaborando nos coros e voltou a ter mais um convidado (não anunciado) em palco, desta vez Zé Perdigão, autor do cd "Sons Ibéricos" (que em breve gravará também em espanhol), que já nos fora apresentado no recente concerto do Campo Pequeno e que ontem reafirmou estarmos em presença de um "vozeirão"  e de um novo grande valor da música popular portuguesa - mas não só.
Com o público de pé a pedir mais e mais, José Cid terminou o memorável concerto de ontem à noite em Alcochete cantando "Nasci para a música"  num fantástico terceto com João Ferreira Rosa e Zé Perdigão.
Notável o apoio dos três à arte tauromáquica. Se já todos conheciámos a aficion de José Cid e de Ferreira Rosa, ficámos ontem a conhecer também a de Zé Perdigão, que se confessou aficionado e amante das tradições, deixando palavras simpáticas de carinho e de alento aos Forcados de Alcochete e aos praticantes da arte nas arenas em geral.
Para lá de um considerável número de forcados do Grupo de Alcochete, onde se destacavam os antigos cabos António Manuel Cardoso "Nené" e João Pedro Bolota, o actual cabo Vasco Pinto e as antigas glórias que tão bem honraram anos a fio aquela histórica jaqueta de ramagens, António José Pinto, Francisco Marques "Chalana" e José Barrinha da Cruz, entre muitos mais, marcaram também presença na primeira fila os cavaleiros Rui Fernandes e Filipe Gonçalves, aos quais José Cid dedicou um fado de sua autoria.

Fotos M. Alvarenga