segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ulrich Hammel: a primeira entrevista do canadiano que quer ser cavaleiro tauromáquico

O cavaleiro canadiano durante a entrevista
Ulrich Hammel visitou ontem, domingo, com Jorge D'Almeida, a praça de toiros
do Campo Pequeno, depois de conhecer o Estoril e Cascais e também a cidade
de Lisboa e o antigo picadeiro de Mestre Nuno Oliveira na Malveira, hoje propriedade
do conhecido equitador Tomás de Noronha e Alarcão



"A minha vida mudou radicalmente num mês!" - é assim que Ulrich Hammel faz o balanço da sua curta permanência em Portugal a aprender a arte de tourear a cavalo na Academia "Jorge D'Almeida" em Almeirim. Construtor civil, tem 33 anos e nasceu em Toronto, no Canadá, onde vive. Aficionado aos toiros desde há vários anos, monta a cavalo no centro hípico de Francisco Grelo, antigo aluno de Mestre Nuno Oliveira, no seu país e foi através da internet que teve conhecimento da existência no nosso país de uma Academia de Toureio a Cavalo. "Apressei-me a contactar e aqui estou", explica o canadiano, que já fez o seu primeiro traje curto (foto ao lado) e no próximo mês de Março se poderá apresentar em público em Portugal. Tomar a alternativa e tornar-se no primeiro toureiro do Canadá é um sonho, mas que Ulrich já não considera impossível. "Até há um mês, era tudo impossível, mas neste mês em Portugal a minha vida mudou". Eis a primeira entrevista.

Entrevista de Miguel Alvarenga


- Como foi possível um canadiano chegar ao mundo dos toiros e querer ser cavaleiro tauromáquico?...
- Foi possível graças à internet e à Academia de Toureio a Cavalo de Jorge D'Almeida. Soube da sua existência primeiro pelo site espanhol "mundotoro" e depois pelo "Farpas Blogue" e pus-me em contacto... Cá estou. Passou um mês, regresso na quinta-feira a Toronto, mas confesso que este mês mudou a minha vida...
- E essa aficion veio de onde, Ulrich?
- Veio desde pequeno. Monto a cavalo há vários anos num centro hípico próximo de Toronto que é propriedade de um português, Francisco Grelo, que foi aluno de Mestre Nuno Oliveira e além desse meu gosto pelos cavalos, cedo me apaixonei pelo mundo da tauromaquia e principalmente, como era óbvio, pelo toureio a cavalo. Assisto a muitas corridas pela televisão e pela internet, além de que viajei também muito pelo mundo e vi corridas no México e em Espanha, nomeadamente em Huelva, no Puerto de Santa Maria e em Sevilha. Como já praticava a equitação, no dia em que soube que havia em Portugal uma Academia de Toureio a Cavalo, a primeira no mundo, decidi experimentar...
- Além de que neste momento existe uma praça de toiros no Canadá, a Monumental "Vitor Mendes", onde se têm efectuado corridas...
- Sim, há poucos anos foi inaugurada uma praça de toiros a poucos quilómetros de Toronto, graças ao empenho de um empresário português e já começa a haver bons aficionados aos toiros no Canadá. Em Toronto, já se tinham realizado corridas de toiros há muitos anos.
- Qual é a sua profissão?
- Sou construtor, tenho uma empresa de construção em Toronto.
- E essa decisão de ser cavaleiro tauromáquico... é para seguir em frente?
- Gostava muito. Tenho uma enorme paixão pelo toureio e durante este mês em que aqui estive tive o primeiro contacto com vacas, tudo foi novo e deslumbrante. Como disse, a minha vida mudou num mês. Claro que quero seguir em frente, gostaria de me apresentar em público e de poder partilhar com os aficionados esta minha paixão pela arte de tourear a cavalo. Espero conseguir. Vou tentar e depois se verá...
- Como foi este primeiro mês na Academia?
- Foi óptimo e, como referi, foi tudo novo e diferente para mim. Visitei algumas ganadarias e coudelarias, tive o prazer de poder treinar em Jerez de la Frontera no tentadero do Maestro Fermín Bohórquez e, sobretudo, aprendi muito junto do meu mestre Jorge D'Almeida e dos meus companheiros da Academia, a quem estou muito grato.
- Como reagiu a sua família e os seus amigos quando lhes disse que vinha a Portugal para aprender a tourear?
- Ficaram surpreendidos, mas deram-me muito ânimo, por saberem da minha aficion e do meu entusiasmo pela Festa Brava.
- Tomar a alternativa e tornar-se o primeiro toureiro canadiano é um objectivo?
- Há um mês atrás, tudo não passava de um sonho. Hoje, depois de ter estado um mês em Portugal a aprender na Academia "Jorge D'Almeida", tudo se modificou. Gostava, obviamente, de um dia tomar a alternativa e tornar-me no primeiro toureiro do Canadá, mas vou sem pressas e logo se há-de ver se tenho valor para isso. Há um mês era tudo impossível para mim, não passava de um sonho. Hoje, já toureei vacas, já estive em locais importantes, já conheci pessoas importantes, tudo mudou. Por isso, alimento ainda mais neste momento essa possibilidade de me profissionalizar como toureiro, mas é ainda muito cedo para poder falar em alternativa...
- Vai fazer ainda este ano a apresentação em público?
- Espero que sim. Regresso esta semana a Toronto, mas vou voltar em Março e é possível que por essa altura faça aqui em Portugal a minha estreia como cavaleiro amador.

Fotos Ana de Alvarenga e D.R.