segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Comemora-se no próximo ano o 40º aniversário da triunfal aventura de Fernando Guarany no Campo Pequeno

No próximo ano comemora-se o 40º aniversário da histórica vigília do toureiro
brasileiro Fernando Guarany à porta do Campo Pequeno
A "Manchete", a mais importante revista do Brasil, fez eco do feito histórico
de Fernando Guarany numa reportagem de várias págians
Em 29 de Maio de 1977, depois de um mês antes ter permanecido 20 dias
e 20 noite à porta da praça exigindo uma oportunidade para tourear, a empresa
contratou-o e Guarany esgotou o Campo Pequeno. O cartel era formado por si
e por Paco Duarte, pelos saudosos cavaleiros Gustavo Zenkl e José Zúquete e
pelos Forcados da Azambuja. Lidaram-se toiros de Vicente Caldeira
Julho de 1977: Fernando Guarany na capa da revista
"Nova Gente": o êxito de quem vence deve-se à forma
como se luta
Guarany permaneceu 20 dias e 20 noites, ao sol e à chuva,
à porta do Campo Pequeno. Este episódio faz obrigatoriamente
parte da história da praça que comemora 125 anos na próxima
temporada - e não pode ser ignorado!
Abril de 1977. O povo saíu à rua para ver e acarinhar o toureiro brasileiro que
reclamava uma oportunidade para tourear no Campo Pequeno. Todos os dias
havia verdadeiros banhos de multidão em seu redor. Em baixo, Guarany no
caixão, na porta principal da praça de toiros, às primeiras horas da manhã do
dia 10 de Abril de 1977: "Só saio daqui morto ou em triunfo", dizia

O único toureiro brasileiro na história da tauromaquia, Fernando Guarany, esgotou em 1977 (comemora-se no próximo ano o 40º aniversário) o Campo Pequeno, em Lisboa, após ter estado no interior de um caixão à porta da praça de toiros para reivindicar uma oportunidade (foto da direita).
Há quatro anos, três décadas e meia depois da "grande aventura", o novilheiro brasileiro garantiu numa entrevista à Agência Lusa que "voltava a fazer o mesmo""Tudo o que tenho hoje devo a esse facto", justificou.
A história passou-se na manhã de 10 de Abril de 1977, Domingo de Páscoa, quando os transeuntes se depararam com um homem vestido de toureiro, no interior de um caixão à porta do Campo Pequeno, a reivindicar uma oportunidade e munido de um cartaz onde se podia ler: "só saio daqui em triunfo ou morto".
O toureiro brasileiro foi no mesmo dia detido pela PSP e o caixão foi apreendido pelas autoridades, mas horas depois Fernando Guarany regressava para a porta principal do Campo Pequeno a reivindicar uma oportunidade.
"Esses tempos foram únicos, jamais esquecerei o alvoroço que isso criou na imprensa portuguesa e na sociedade em geral", recordou.
Munido de capotes, muletas, bandarilhas e estoques (espadas), ali permaneceu 20 dias e 20 noites, reivindicando um contrato para actuar em Lisboa.
Ao fim de 20 dias, a empresa deu-lhe uma oportunidade, contratou-o para uma corrida no dia 29 de Maio desse mesmo ano de 1977, tendo esgotado o Campo Pequeno e exigido à empresa, horas antes, que hasteasse a bandeira do Brasil, porque se assim não fosse "não toureava".
Passados 40 anos, o toureiro continua no activo e na próxima temporda tenciona mesmo tourear em Portugal "três a quatro festejos", não escondendo a vontade de regressar ao Campo Pequeno para "assinalar a aventura" vivida em 1977. Precisamente no ano em que a praça de toiros de Lisboa vai comemorar o seu 125º aniversário. E Fernando Guarany faz parte, por méritos próprios, da sua história. Também no início do próximo ano, o toureiro doará ao Museu do Campo Pequeno algumas peças do seu espólio, por forma a que passe a estar, como tem direito, na grande sala de recordações da principal praça de toiros nacional.
O sonho de implantar as corridas de toiros no Brasil continua também no seu horizonte, tendo já desenvolvido várias iniciativas nesse sentido.
"Eu tenho divulgado a Festa nas emissoras, nas revistas e televisões do Brasil. Para implementar a tauromaquia no Brasil, tenho desenvolvido ainda vários contactos com os políticos brasileiros ao longo dos últimos anos", explicou.
Fernando Guarany, que goza de grande popularidade no meio artístico brasileiro, recordou que a última vez que se realizou uma corrida de toiros no Brasil foi em 1922, ano em que se assinalou o centenário da independência do país.
"Eu gostava imenso de mostrar aos meus compatriotas a minha arte, mas ainda não perdi a esperança", disse.
Apaixonado por Portugal, onde possui vários negócios, Fernando Guarany é respeitado pelas pessoas do meio taurino, que o consideram "um verdadeiro romântico da Festa". Talvez mesmo um dos últimos.

Fotos D.R.