A emotiva chegada do cortejo fúnebre à praça de toiros de Alcochete, "a menina dos olhos" do inesquecível "Nené" |
A chegada da urna à arena de Alcochete, vendo-se à direita a viúva de "Nené" ladeada pelas duas filhas do empresário, Margarida e Cláudia (esta, do seu primeiro casamento) |
O povo saíu à rua e o mundo tauromáquico também, esta tarde, para o último adeus ao empresário e antigo cabo dos Forcados Amadores de Alcochete, António Manuel Cardoso "Nené".
Centenas de pessoas acompanharam pelas ruas de Alcochete o cortejo fúnebre em que a urna, coberta pela bandeira dos Forcados Amadores de Alcochete, foi transportada aos ombros pelos forcados e também alguns cavaleiros como Paulo Caetano e João Ribeiro Telles. Na frente, também segurando o caixão, com o barrete de "Nené" ao ombro, ia António José (19 anos), seu filho e também valoroso forcado do grupo. Logo atrás, a viúva, Paula Cardoso e as duas filhas, Cláudia e Margarida. Perto delas, visivelmente consternado, Rogério Amaro, que durante mais de vinte anos foi sócio de "Nené" e já no cemitério viria a sentir-se mal, sofrendo uma baixa de tensão e sendo de imediato assistido pelos Bombeiros e por um enfermeiro. Felizmente, nada de grave e Rogério já se encontra em sua casa, na Parede.
A urna, contendo os restos mortais do inesquecível "Nené", saíu do Salão Nobre da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 (Banda de Alcochete), onde esteve desde ontem em câmara ardente, detendo-se por alguns minutos diante da sede do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, ao som da Marcha do Silêncio tocada por elementos da Banda de Alcochete.
Depois percorreu as ruas de Alcochete, onde se aglomeravam muitos populares, passando diante da casa de "Nené" e dirigindo-se para a praça de toiros, onde uma enorme multidão humana que preenchia os sectores de sombra e grande parte da arena lhe rendeu uma emotiva e demorada homenagem, aplaudindo enquanto a urna dava uma derradeira volta à arena.
Momentos depois, com o caixão aos ombros dos companheiros no centro da arena, a Banda tocou o pasodoble dos Amadores de Alcochete. Muitos não contiveram as lágrimas em cerimónia que foi particularmente emotiva. Nas bancadas e na arena, muitas figuras do mundo tauromáquico e simples aficionados renderam o último grande tributo à memória do maior empresário taurino nacional e uma das grandes figuras da forcadagem, que morreu quinta-feira passada num acidente de automóvel próximo de Alcochete, quando regressava de Mourão, onde assistira ao primeiro festejo da temporada. Fortes aplausos, novamente, quando a urna abandonava a praça.
Já no exterior, o cortejo fúnebre deteve-se alguns minutos diante da estátua que perpectua a memória do forcado Helder Antono, morto por um toiro naquela praça quando "Nené" era cabo do grupo, rumando depois ao cemitério, que se situa próximo da praça de toiros.
Aí, foi celebrada uma missa na capela, pequena para albergar as centenas de pessoas que marcaram presença no último adeus a "Nené", que a seguir foi sepultado, descansando agora finalmente em paz.
Fotos M. Alvarenga