sexta-feira, 17 de julho de 2020

A história de Luis Miguel Pombeiro, o novo "dono disto tudo"

Na Monumental de Santarém, quando era o braço-direito de
João Pedro Bolota na empresa Aplaudir. No tempo das praças cheias
Com sua Mulher, Vera Vieira
Com outro bom amigo, o saudoso António Manuel Cardoso "Nené"
Pombeiro em versão repórter
Com o Maestro António Badajoz, há alguns anos
Com o saudoso cavaleiro José João Zoio na praça da Nazaré, na
noite em que foi homenageado, pouco antes de morrer vítima de
ataque cardíaco
Com o Maestro José Samuel Lupi e, ao lado, o empresário Rafael
Vilhais, que também foi concorrente ao Campo Pequeno
Com João Pedro Bolota nos tempos iniciais da empresa
Aplaudir, de que foi o grande impulsionador
Na praça do Campo Pequeno com o seu cavaleiro Duarte Pinto
e o pai, o Maestro Emídio Pinto
Em Alcochete com o cavaleiro e ganadeiro José Luis Sommer
D'Andrade
Há três anos em Espanha com o saudoso Ángel Peralta, o Papa
do Rejoneio
Na última Feira da Golegã, com o ganadeiro António Lopes da Costa,
o cavaleiro Manuel Jorge de Oliveira e o apoderado espanhol Julian
Alonso; e, em baixo, com Pablo Hermoso de Mendoza


É advogado e não exerce. Foi cavaleiro amador e nunca tomou a alternativa. Vive dos toiros e para os toiros, a sua grande paixão. Entende de toureio a cavalo como poucos. É um homem recatado e gosta pouco de ter os focos sobre si. Contamos a história de Luis Miguel Pombeiro, o empresário que ganhou o Campo Pequeno, ficou nas mãos com o epicentro da Tauromaquia nacional e de repente se tornou o “dono disto tudo”

Miguel Alvarenga - Agora veneram-no e chamam-lhe o "dono disto tudo". E ele encolhe os ombros. "Sou a mesma pessoa", afirma. O facto de ter ganho o concurso do Campo Pequeno não o modificou. "Vivo dos toiros e para os toiros e esta é uma nova etapa, um novo desafio, a que vou procurar corresponder da melhor forma, como sempre fiz desde que sou empresário tauromáquico, desde 1989", sublinha com a simplicidade de sempre. 
Luis Miguel Veiga Clara Arnaut Pombeiro nasceu há 58 anos (não gosta muito de dizer a idade…) e desde muito novo alimentou o sonho de ser toureiro a cavalo. A paixão pela Festa veio-lhe do convívio com os homens dos toiros e dos cavalos na Golegã, onde a família passava grande parte do seu tempo. José Mestre Batista foi o seu ídolo-maior e o seu mestre, nuns tempos em que pela casa do saudoso cavaleiro andavam também João Cortesão, José Zuquete, Tomix e outros mais.
Filho de um ilustríssimo advogado da nossa praça, o Dr. Luis Arnaut Pombeiro, que chegou a ser deputado na Primavera Marcelista, o então jovem Luis Miguel quis seguir os passos do pai e tirou o curso de Direito, mas foi pouco o tempo em que exerceu a advocacia. Depressa se virou para aquele que, afinal, era o seu mundo: o dos toiros. No final dos anos 70, início dos 80, chegou a participar em vários festejos como cavaleiro tauromáquico amador. E em 1989 abraçou pela primeira vez a actividade de empresário tauromáquico, realizando a sua primeira corrida, que foi televisionada, na praça de Vila Nova da Barquinha. Não parou mais.
Geriu várias praças de toiros e lançou e apoiou alguns toureiros, como os cavaleiros João Paulo, António Manuel Pereira (que levou à alternativa) e outros, até se fixar como apoderado de Duarte Pinto e agora também do jovem praticante Manuel de Oliveira, filho do veterano Manuel Jorge de Oliveira.
De 2007 a 2012 esteve ao lado de João Pedro Bolota e foi o grande impulsionador do arranque da empresa Aplaudir no tempo das praças cheias. Depois criou a sua própria empresa, a Ovação & Palmas, com que agora concorreu e ganhou a adjudicação das datas do Campo Pequeno. Disse numa entrevista ao site toureio.pt que se ganhasse o Campo Pequeno era “para ficar muitos anos”. É um homem de convicções.
Conviveu de perto com as maiores figuras do toureio a cavalo, de Mestre Batista a Joaquim Bastinhas, de quem foi íntimo amigo, de José João Zoio e Pablo Hermoso de Mendoza ou Ángel Peralta. E tantos mais. 
Há mais de dez anos, fundou o semanário "Olé!", actualmente suspenso, depois de a meu lado ter dado nova vida ao "Farpas".
Inteligente, astuto, audaz, sério e lutador, Luis Miguel Pombeiro foi sempre um homem de causas. E de desafios. Que não gosta de perder.
É um estratega nato. Foi ele que planeou, no início dos anos 90, a retirada de João Salgueiro e depois a reaparição do cavaleiro, tendo conseguido ao tempo o apoio da Família Borges, que geria o Campo Pequeno e que chegou a apoderar o grande cavaleiro de Valada.
Luis Miguel Pombeiro é um dos aficionados que mais entende de toureio a cavalo. Assistir a uma corrida a seu lado é uma lição.
Homem de carácter, apaixonado até ao fim pelas causas que abraça, é recatado, odeia protagonismos e foge dos focos da imprensa. É exactamente a mesma pessoa, tranquila e simples, desde que na semana passada foi proclamado novo gestor taurino do Campo Pequeno. Chamam-lhe agora “o dono disto tudo” e ele encolhe os ombros e está-se nas tintas. "Sou a mesmíssima pessoa. Apenas com mais responsabilidades agora e o desejo férreo de que tudo corra bem neste novo desafio", diz.
Foi contra os que queriam realizar touradas sem público, chegou a dizer que “se pararmos um ano, ninguém morre por isso”, mas assim que o Governo anunciou o desconfinamento da Tauromaquia, ainda que com normas demasiado restritivas e altamente discriminatórias, entretanto rectificadas, foi ele o primeiro a anunciar, contra ventos e marés, a primeira grande corrida a nível mundial, a que se realizou no último sábado em Estremoz.
Empresário de visão, criou uma empresa de desinfecções mal a pandemia estalou. Se não houvesse touradas tão cedo, teria pelo menos uma nova actividade a desenvolver.
Nunca lhe cairam os parentes na lama por andar a colar cartazes das corridas que organizava. Perdia noites a fazê-lo. Quando se lhe mete uma coisa na cabeça, vai até ao fim sem falhar.
Tem muitas e notáveis virtudes, a principal das quais é saber ser amigo do seu amigo. Não gosta de ver um amigo mal e faz das tripas coração para o deixar bem. Despe a camisa, se preciso for.
Tem um único “defeito”: a mania das doenças. Pode mesmo dizer-se que é doentiamente hipocondríaco. Todos os dias tem isto e mais aquilo. Mas depois passa-lhe.
É um homem pacato, recatado. E não bebe bebidas alcóolicas. Em contrapartida, fuma que nem um cavalo. Uns cigarrinhos fininhos, estilo de senhora, que o fazem auto-convencer-se de que fazem menos mal…
O documento com a sugestão da novas normas de segurança e prevenção do contágio da covid-19 que a Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos apresentou à DGS e à IGAC foi por ele elaborado, escrito numa noite em que não se deitou. A maioria das sugestões foram aprovadas, outras foram alteradas, mas o trabalho de casa foi ele que o fez.
Luis Miguel Pombeiro foi casado em primeiras núpcias com Teresa Schiappa, de quem tem três filhos, dois rapazes e uma rapariga. A Teresinha, que tirou o curso de Marketing e Publicidade no Iade e o Francisco, que estuda Gestão Hoteleira e trabalha na hotelaria. O mais velho, o Guilherme, trabalha consigo há vários anos na promoção das suas corridas de toiros. Depois casou-se com Vera Vieira, de quem teve outro filho, o Luis Maria, além da Matilde, filha da sua Mulher. Vive em Alenquer.
Havia certamente muito mais para contar da trajectória de um homem que dedicou toda uma vida à causa tauromáquica - mas esta é, em traços largos, a história do novo gestor taurino da praça de toiros do Campo Pequeno. Atingiu o topo, hoje é por todos bajulado e mesmo os que antes o atacavam, agora tiram-lhe o chapéu e fazem-lhe vénias. Os dois telemóveis não têm sossego. Todos querem tourear no Campo Pequeno. Mas Pombeiro gere a situação sem tormentos. Com a calmaria e a serenidade costumeiras. Entre mais um e outro cigarro.
Há quem lhe chame, carinhosamente, “espião Pombeiro” - porque está dentro de tudo e sabe sempre tudo. E quem diga que ele é “uma caixinha de bombas” - porque nunca se sabe o que vai sair daquela cabecinha.
Mas a realidade é que ele é válido, é trabalhador, empreendedor e vê mais para a frente que muitos.
Quando há dias lhe perguntei se já se tinha consciencializado de que se ia “sentar na cadeira” que foi ocupada por tantos empresários ilustres como Manuel dos Santos, Américo Pena, Alfredo Ovelha, Manuel Gonçalves, Dr. João Borges e filhos e ultimamente Rui Bento, encolheu os ombros com a simplicidade que o caracterize e respondeu apenas: “Eu sei. E vou procurar a todo o custo conseguir honrá-los”.

Fotos D.R., Maria Mil-Homens, Luis Azevedo/Estúdio Z, Emílio de Jesus/Arquivo e M. Alvarenga