
Parabéns a Você! Ana Batista cumpre hoje 20 anos de alternativa. E segue, como um exemplo de classe, de arte e de elevado profissionalismo
A cavaleira Ana Batista recebeu a alternativa há exactamente 20 anos, na noite de 8 de Julho de 2000, na Monumental de Coruche, numa Corrida TV organizada pelo saudoso empresário Manuel Gonçalves.
Conchita Cintrón e Joaquim Bastinhas foram os padrinhos e o acto foi testemunhado por António Ribeiro Telles, Rui Salvador, Luis Rouxinol e José Manuel Duarte. Lidou o toiro "Cigarreiro", com o nº 15 e o peso de 510 quilos, da ganadaria de Manuel Assunção Coimbra, brindando a lide a seu pai.
Maurício do Vale, que apoderou Ana Batista desde os seus tempos de cavaleira praticante (dois anos antes da alternativa) e que esteve 12 anos a seu lado (hoje, a popular toureira é apoderada por José Luis Gomes), recordou hoje ao "Farpas":
"Na noite da alternativa, Conchita Cintrón teve um detalhe com a Ana que poucos conhecem. Ofereceu-lhe o escapulário de ouro que a acompnhara, como amuleto de sorte, ao longo de toda a sua carreira".
O saudoso David Ribeiro Telles, que foi mestre dos mestres e também o foi da Ana, ensinou-lhe na Torrinha a arte que ela quis abraçar e que teve no seu próprio pai, João Batista, o primeiro e dedicado impulsionador. Aos 10 anos de idade, estreou-se em público na Festa da Sardinha Assada, na sua terra, Salvaterra de Magos (18 de Junho de 1988).
O primeiro grande desafio, com 16 anos de idade, ao tempo apoiada por João Cortesão, aconteceu na praça do Campo Pequeno, num espectáculo de Carnaval em 1994, em que deu pela primeira vez nas vistas. Regressaria à Monumental de Lisboa a 30 de Junho desse mesmo ano numa corrida de seis cavaleiros de que saíu máxima triunfadora enfrentando, "como se não fosse nada", um toiro imponente e exigente do saudoso ganadeiro Fernando Palha (Quinta da Foz). Nessa noite, mostrou o que viria a ser: um caso de popularidade, mas sobretudo de valor, de arte e de uma classe sem igual.
Foi então galardoada com o Troféu Incentivo pela Associação Portuguesa de Tauromaquia (instituição entretanto desaparecida).
Integrou em Espanha o Quarteto das Amazonas del Arte, uma iniciativa do empresário Paco Dorado, com as francesas Nathalie e Patrícia Pellén e a espanhola Raquel Orozco nos anos de 1997 e 1998. Só na temporada de 1997 totalizou 42 actuações no país vizinho, toureando 83 toiros a que cortou 60 orelhas e 3 rabos.
Ana Batista confirmou a alternativa no Campo Pequeno em 2006, ano da reinauguração da praça e, até hoje, a sua trajectória passou por importantes praças do mundo taurino, de França a Espanha, da Califórnia ao México, onde se apresentou na Plaza Monumental.
Para esta atípica temporada de 2020 estavam projectados vários acontecimentos para comemorar o 20º aniversário da popular toureira, que ficaram anulados. Espera-se, contudo, que Ana Batista ainda venha este ano a assinalar, com a dignidade e a pompa que a efeméride exige, as suas duas décadas de grande cavaleira profissional.
Fotos Mónica Mendes, Frederico Henriques e Sérgio Hidalgo