A Assembleia da República aprovou ontem um voto de pesar pela morte do Maestro Mário Coelho, falecido há uma semana vítima de covid-19. Publicamos o texto do documento
A 5 de Julho de 2020, no que seria um domingo de Colete Encarnado, vítima de Covid-19, faleceu em Vila Franca de Xira o conceituado toureiro Mário Coelho, nome grande da tauromaquia e um dos grandes embaixadores culturais de Portugal no estrangeiro. Nas décadas de 50 e 60 do século XX alcançou prestígio internacional como bandarilheiro das principais figuras portuguesas e espanholas do toureio a pé, alcançando o estatuto de “Melhor Bandarilheiro do Mundo”, e foi o que mais prémios conquistou a nível mundial.
Mário Coelho troca a Prata pelo Ouro e, a 25 de julho de 1967, toma a alternativa de matador em Badajoz, confirma-a em 1975 no México e, também, na Monumental de Madrid em 1980, durante a Feira de Santo Isidro.
A fama e glória alcançada nas arenas de todo o Mundo transportaram-no (e ao nome de Portugal) para um patamar de notoriedade internacional, tendo privado, entre muitos outros, com Hemingway, Orson Welles, Ava Gardner e Audrey Hepburn e tendo sido inspiração para um quadro de Pablo Picasso.
Em 1990, na Praça de Toiros do Campo Pequeno, despediu-se das arenas.
Foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural em 1990, por Pedro Santana Lopes (então S.E.C.), e, em 2005, com a Comenda da Ordem do Mérito, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.
Em Outubro de 2001, na casa onde nasceu em Vila Franca de Xira, abriu ao público a Casa Museu Mário Coelho. Em 2005, assinalando 50 anos de toureio, publicou o livro autobiográfico “Da Prata ao Ouro”, com prefácio de Agustina Bessa-Luís.
Em 2015 esteve patente, em Vila Franca de Xira, a exposição "Mário Coelho - 60 Anos de Glória" e, em 2019, o Município inaugurou um busto em sua honra, da autoria de Paulo Moura. Em Fevereiro deste ano, António de Sousa Duarte escreveu a sua biografia, apresentada por Manuel Alegre no Campo Pequeno, no Dia da Tauromaquia.
Até morrer, Mário Coelho nunca deixou de colaborar com ganadarias e de promover e participar em colóquios e outras atividades culturais. Mário Coelho disse, recentemente, que gostaria de ser recordado como “um homem digno, um homem que traçou um caminho direito e que nunca saiu dele”. E assim será.
Pelo exposto, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, decide demonstrar o seu profundo pesar e consternação pelo falecimento do Maestro Mário Coelho e apresentar à família as suas sentidas condolências
Assembleia da República, 7 de Julho de 2020
Os Deputados e Deputadas
Maria da Luz Rosinha, Fernanda Velez, Telmo Correia, André Ventur,a Fernando Paulo Ferreira, Duarte Pacheco, Cecília Meireles, Mara Lagriminha, Ana Rita Bessa, Pedro do Carmo, João Moura, Luís Testa, João Gonçalves Pereira, Vera Braz, Duarte Marques, João Pinho de Almeida, António Gameiro, António Ventura, Pedro Cegonho, Ricardo Baptista Leite, João Miguel Nicolau, Paulo Rios de Oliveira, Carlos Silva, Cláudia Bento, Helga Correia, Filipa Roseta, Alexandre Poço, Isabel Lopes, Carla Borges, Olga Silvestre, Cláudia André, Firmino Marques, Lina Lopes e Fernando Negrão
Foto Marques Valentim

