Miguel Alvarenga - A história (de glória e mil triunfos) do grupo de forcados Amadores do Aposento da Moita confunde-se com a história da "revolução" que em Abril de 1974 mergulhou o país no caos... a que eles chamam "democracia".
Decorria o atribulado "Verão Quente" de 1975 quando a "revolucionarite aguda" atacou o seio do então consagrado grupo de forcados Amadores da Moita, um mal contraído ao tempo por muita gente e que acabou por ser "curado" com os anos e é hoje uma situação completamente ultrapassada.
Inconformado com a situação, português de gema e valente como as casas, o forcado José Manuel Pires da Costa decide na altura abandonar o grupo - e atrás deles vai um punhado de valentes que também não aceitava a "nova cor" política do seu antigo agrupamento - e formar outro, o Aposento da Moita, que se estreia na praça "Daniel do Nascimento" a 25 de Maio desse conturbado ano de 1975.
Pires da Costa solidificou e consagrou um grupo que viria ao longo dos anos a conquistar o estatuto de um dos melhores do país, passando por várias fases e que teve como cabos, depois dele, Manuel Vieira Duque, João Simões, Hélder Queiroz, Tiago Ribeiro, José Pedro Pires da Costa (filho do cabo fundador), José Maria Bettencourt e actualmente Leonardo Mathias.
Ontem estiveram fardados os antigos cabos Hélder Queiroz, Tiago Ribeiro (que brilhou, como sempre, a rabejar vários toiros) e José Pedro Pires da Costa. E à paisana estavam também José Manuel Pires da Costa, Manuel Duque e João Simões - aos quais o actual cabo Leonardo Mathias brindou a primeira pega da noite.
Em 45 anos de existência, por obra e graça dos grandes forcados que por lá passaram, o Aposento da Moita marcou a história da forcadagem e escreveu muitas páginas a letras de ouro. Ontem, na sua praça, celebrou precisamente o seu 45º aniversário. Numa noite duríssima, frente a toiros da ganadaria Mata-o-Demo que não queriam à viva força ser pegados e os obrigaram a um total de 17 tentativas - heróicas - para pegar os seis, só com uma à primeira, enorme, do já retirado Fernando Parente.
Com força, a derrotar com violência e "a levar tudo à frente", como comboios de alta cilindrada, os Mata-o-Demo não permitiram aos valentes forcados - entre os quais muitos "antigos" que regressaram por uma noite - a festa de triunfo sonhada. Mas nem por isso o Aposento da Moita manchou os seus pergaminhos de tanta glória. E felizmente, para lá de algumas mazelas, não houve acidentes graves - que poderiam ter acontecido.
Ficam aqui as emotivas sequências de uma noite de muito trabalho, sem a vida facilitada, antes pelo contrário, mas sem perder a dignidade e a decidida valentia com que todos os forcados estiveram na cara dos toiros.
Parabéns, Aposento da Moita!
Fotos M. Alvarenga
José Manuel Pires da Costa, o cabo fundador |
O cabo Leonardo Mathias e os antigos cabos Hélder Queiroz, Tiago Ribeiro e José Pedro Pires da Costa |
Eternas glórias do grupo nas cortesias |