sábado, 24 de outubro de 2020

Regalito "O Faraó": lembrando um romântico da Festa


Miguel Alvarenga - Não tão bem como o João Cortesão, o meu saudoso amigo José Zuquete ou o Fernando Guarany, entre muitos outros, mas ainda cheguei a conhecer o popular Regalito Flores Cabeça, que nos cartazes se anunciava como "El Faraó" e que foi, mais que um cavaleiro amador, um aficionado romântico da Festa.

Era natural de Moura e filho de Marcelino Cabeça, o Rei dos Ciganos, respeitado negociante de cavalos na sua terra.

Chegou a tourear no Campo Pequeno e em muitas outras praças nos anos 60 e ainda nos 70. Pode não ter feito grande história como toureiro, mas fê-la pela forma apaixonada e intensa com que vivia e dava largas à sua desmedida aficion.

Era frequentador assíduo das muitas tertúlias tauromáquicas que tinham por palco o velho Hotel Príncipe, outrora o grande santuário dos toureiros em Lisboa.

Um dia chegou até a desafiar Mestre Batista e José João Zoio para com ele medirem forças...

Foi uma figura no seu tempo. Isso foi. Uma figura respeitada, a que todos achavam graça. E que levava a sério o sonho de um dia brilhar nas arenas. Chegou a ser apoderado pelo lembrado António Silva, o taurino que lançou toureiros como o "Muleta Negra", Fernando Guarany e Paco Duarte e que um dia convenceu Manuel Valente, o "Espontâneo do Zip-Zip", a saltar à arena do Campo Pequeno quando toureava "Paquirri".

Regalito morreu prematuramente num acidente de automóvel há uns anos. E deixou saudades. Apeteceu-me lembrá-lo hoje. E homenagear a sua memória. 

Fotos D.R.


O célebre panfleto em que desafiava Batista e Zoio

Recorte de uma publicação dos anos 60