Miguel Alvarenga - A ideia foi genial e partiu, como não podia deixar de ser, da Fernanda. Adaptando-se aos novos tempos da pandemia, sem nunca perder a esperança de que um dia isto há-de voltar ao normal, e enquanto os restaurantes não podem disponibilizar aos seus clientes os espaços interiores, a "Casa das Enguias" - ainda e sempre (já lá vamos), uma das principais catedrais gastronómicas dos aficionados da Festa Brava, na Lançada (Sarilhos Grandes, Montijo) - inaugurou na semana passada a sua esplanada. Que agora veio para ficar.
Com requinte e bom gosto, a eterna simplicidade, mas também a característica grandeza da casa, o Tó Manuel Barata Gomes e a Fernanda, (à mesa, connosco, na foto de cima), que primam pela arte de bem receber, herdade dos Pais do antigo forcado, os fundadores da casa, meteram mãos à obra e transformaram um antigo quintal (que poucos sabiam existir) numa agradável esplanada, por forma a poderem voltar ao trabalho e a matar a "sede de estar outra vez juntos" (se bem que com o devido e necessário respeito pelas normas de distanciamento agora exigidas) de todos os seus fiéis clientes de tantos anos.
A primeira semana foi um verdadeiro "ver se te avias" e a segunda (esta) para lá caminha. Casa cheia aos almoços e jantares. E se não tiver marcação, paciência, terá que voltar noutro dia.
A esplanada agora fica para sempre. Será um espaço agradável para se estar no Verão, sobretudo ao jantar, se ao almoço o calor apertar. E este ano é especial. Especialíssimo, mesmo. A nossa "Casa das Enguias" comemora em Setembro (dia 21) o seu 70º aniversário.
E continua a comer-se divinalmente, outra coisa não era de esperar. A arte da Fernanda é de muitas estrelas e acima de quaisquer estrelas. O meu irmão Nuno (que é homem conhecedor destas artes) deliciou-se com uma fantástica posta de bacalhau (com grão), a que o Tó Manuel também não se negou. Eu fui para o ensopado de enguias - que melhor não há. De entrada, uns super-percebes das Berlengas. Eles regaram o almoço com um tinto (que o meu irmão diz que era magnífico), eu fiquei pela cerveja.
A "Casa das Enguias" está de volta. Agora com uma fantástica esplanada, que se manterá mesmo quando as salas interiores abrirem. Não deixem de lá ir.
Uma última palavra para enaltecer, nunca é demais fazê-lo, a magnífica equipa do restaurante. Todos simpáticos, prestáveis, eficientes - como sempre. E o grande Oliveira, que foi lembrada estrela dos relvados, também sempre a marcar a diferença. E o Pedro (não estava a Carmo) a seguir com a mesma arte e o mesmo saber as pisadas de seus Pais e de seus Avós.
Na esplanada da "Casa das Enguias" - está-se bem. Muito bem, mesmo. E come-se ainda melhor. 70 anos depois.
Fotos M. Alvarenga