domingo, 15 de maio de 2022

Montijo: 6 pegas emotivas e duras a Passanhas de alto calibre!

Miguel Alvarenga - Os belíssimos e bem apresentados toiros da ganadaria Passanha (seis estampas!) não facilitaram a vida no Montijo aos três grupos de forcados que actuaram na corrida inaugural da temporada e que foram autores de seis rijas pegas, ontem com destaque maior para os Amadores Académicos de Coimbra, que executaram as duas ao primeiro intento, mas com louvor especial também para o valoroso grupo do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, com uma pega enorme à primeira tentativa e depois uma intervenção heróica do cabo Marcelo Lóia no quinto toiro da tarde, com 590 quilos e um sentido "do outro mundo", consumada ao terceiro intento com todo o poderio e técnica que se reconhecem a este grande forcado.

O grupo da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, um dos mais antigos e de onde sairam grandes forcados, já viveu épocas de glória e outras menos boas. Está agora em fase de renovação e ontem teve duas intervenções distintas. No primeiro toiro, nem o forcado da cara Armando Costa esteve bem, nem o grupo primou nas ajudas. Se o toiro complicava, os forcados ainda complicaram mais, acabando por consumar ao terceiro intento com as ajudas bem carregadas e depois de passar por dificuldades várias nas primeiras duas tentativas. No quarto toiro, que parecia também ir complicar, foi para a cara Tiago Feitor. O toiro investiu com clareza, mas depois parou-se quando sentiu o forcado na cara e não deu um derrote, permitindo que a pega fosse consumada à primeira. O forcado fechou-se bem e com decisão e o grupo ajudou na perfeição, havendo a registar uma actuação fabulosa e eficiente do primeiro ajuda, decisiva para a concretização da pega, estando também os restantes elementos muito bem.

Pelo Aposento do Barrete Verde de Alcochete, outro grupo consagrado, saltou primeiro à arena, no segundo Passanha da tarde, o forcado João Coimbra, que esteve muito bem a recuar, templando a investida e fechando-se com braços de ferro, muito bem ajudado pelos companheiros, consumando à primeira. O quinto toiro, o mais pesado da tarde (590 quilos), reservado, a "pôr mudanças", foi pegado à terceira pelo valente cabo Marcelo Lóia, ainda e sempre um dos grandes forcados deste país. Brutalmente derrotado nas duas primeiras intervenções, Marcelo acabou por pegar o toiro à terceira, com o grupo a carregar nas ajudas e a contribuir de modo decisivo para que tudo acabasse em bem. Deu merecida volta à arena com Marcos Bastinhas, autorizada pelo director de corrida e exigida pelo público, se bem que o forcado, na humildade que o caracteriza, a não quisesse dar. Uma pega à terceira tentativa, como esta de Marcelo Lóia, merece tanto louvor como outra que fosse consumada à primeira.

Os Académicos de Coimbra são um grupo antigo, se bem que, formado de início por alunos da Escola Agrícola da cidade dos Doutores, apenas pegassem em festejos menores, nomeadamente nas garraiadas da Queima das Fitas na Figueira da Foz. O grupo consolidou-se nos últimos anos, pegando sobretudo em Espanha, em 2021 foi finalmente aceite no seio da Associação de Forcados e em Outubro consagrou-se na noite de apresentação em Lisboa, ganhando o concurso de pegas e afirmando-se de uma vez por todas como um dos bons grupos do momento.

Ontem no Montijo, foram triunfadores absolutos com duas pegas enormes, ambas ao primeiro intento. Monumental a primeira (terceiro toiro), pela decisão com que se fechou o forcado da cara Francisco Gonçalves, muito bem a receber o toiro, aguentando, sem pestanejar, um violento e alto derrote, e também pela coesão evidenciada por todos os companheiros nas ajudas. Foi a grande pega da corrida e Francisco Gonçalves deu uma aplaudida volta à arena com Francisco Palha - que depois, com o senhorial comportamento que lhe conhecemos, abandonou a arena e empurrou o forcado para o centro, batendo-lhe palmas - e depois outra sózinho.

A última pega da tarde foi consumada também à primeira, de novo com o grupo a ajudar "à antiga", pelo valoroso João Tavares, um dos pilares deste grupo. Tarde grande para os forcados das jaquetas azuis e das batinas de estudante.

Felizmente e apesar da dureza imposta pela seriedade dos emotivos toiros de Passanha, com idade (e que idade!), com peso e com imenso trapio, não houve ferimentos graves e apenas, como aqui referimos anteriormente, um forcado do Aposento do Barrete Verde - Afonso Meneses Leal, que dava ajudas ao cabo na pega do quinto toiro - foi retirado da arena de maca, não tendo sofrido, graças a Deus, nenhumas lesões graves.

Fique agora com as sequências das seis pegas de ontem no Montijo.

Fotos M. Alvarenga
























A primeira pega, por Armando Costa (Tertúlia do Montijo),
brindada aos novos empresários da Monumental, foi uma
complicação das antigas... concretizada à terceira












Segunda pega executada à primeira (bem o forcado e bem o
grupo) por João Coimbra do ABV de Alcochete














A pega da tarde foi esta, a de Francisco Gonçalves, dos 
Académicos de Coimbra, à primeira, fabulosa!









Boa pega da Tertúlia do Montijo ao quarto Passanha da tarde,
concretizada à primeira por Tiago Feitor, com o grupo a
ajudar na perfeição



















Pega heróica, à terceira, ao maior toiro da corrida (590 quilos!)
executada pelo enorme forcado Marcelo Lóia, cabo do grupo
do Aposento do Barrete Verde de Alcochete














João Tavares, dos Académicos de Coimbra,
fechou a tarde com chave de ouro pegando
brilhantemente o último toiro à primeira