Miguel Alvarenga - Os toiros de Fernandes de Castro deram ontem água pela barba aos valentes forcados em Vila Franca de Xira. Mesmo assim e apesar de três elementos dos Amadores do Ramo Grande terem recolhido de maca à enfermaria, não houve, felizmente, lesões graves a registar. Segundo Filipe Pires, cabo fundador do grupo açoreano, os forcados que sairam de maca não sofreram nada de muito grave.
Sérios, duros, a "meter mudanças" e a "tocarem teclas", exigindo, impondo emoção na praça, cheios de sentido, com idade e com peso (dois com 600 quilos e todos os outros acima dos 550), com força - e que força! - os Castros fizeram estragos na hora das pegas e em nada facilitaram, bem pelo contrário, a actuação dos Amadores de Vila Franca e dos Amadores do Ramo Grande. Houve perigo, emoção e seriedade. Com toiros destes não se brinca... Houve forcados valentes, heróicos mesmo, direi.
Levaram a melhor os gloriosos Amadores de Vila Franca, sob o comando de Vasco Pereira, com três grandes pegas de Pedro Silva (ao segundo intento); de Rafael Plácido (forcado de valor que é filho do antigo novilheiro e actual bandarilheiro Rui Plácido), com uma rija pega também à segunda; e de Luis Valença, "valente como as casas", que mesmo diminuído depois de três violentas tentativas, acabou por concretizar com estoicismo à quarta. Nota alta, como sempre, para o grande rabejador Carlos Silva. E para todo o grupo, que esteve valente a ajudar.
Os Amadores do Ramo Grande, comandados por Manuel Pires, não tiveram ontem, decididamente, a sua tarde, como em outras ocasiões em que os vimos triunfar em praças continentais. Houve, sobretudo, alguma falta de coesão nas ajudas, apesar da decisão e da raça dos forcados de cara. Óbvio que os toiros em nada ajudaram e aos açoreanos couberam os dois maiores, de 600 quilos (segundo e sexto), mas a realidade é que ontem o grupo não teve o êxito de outras presenças por cá.
O primeiro toiro dos forcados da Praia da Vitória, segundo da tarde, foi pegado na sua segunda intervenção por César Pires, a dobrar José de Sousa, que recolheu lesionado à enfermaria depois de três tentativas sem sucesso. Foi pegado à quinta.
O quarto toiro da ordem foi também pegado à quinta tentativa, na segunda intervenção de Luis Valadão, que dobrou André Lourenço, igualmente levado de maca para a enfermaria depois de ter tentado pegar o toiro por três vezes.
O último toiro, o maior da corrida (610 quilos) foi pegado pelo cabo Manuel Pires, um forcado experiente e bom, a que ontem faltaram ajudas nas primeiras três tentativas, acabando por consumar a sesgo, e com as ajudas carregadas, à quarta.
Fique agora com as sequências das seis pegas de ontem - numa tarde que não foi fácil para os homens das jaquetas.
Fotos M. Alvarenga
Pedro Silva (Vila Franca) executou uma valente pega ao segundo intento ao primeiro toiro da tarde |
Rafael Plácido (Vila Franca) fez uma grande pega ao terceiro Castro da tarde, ao segundo intento, muito bem ajudado pelo grupo |
Para a cara do último Castro (610 quilos!) foi o experiente e grande forcado Manuel Pires, cabo do Ramo Grande. Nem sempre bem ajudado pelo grupo, concretizou a pega à quarta e a sesgo |