quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

PróToiro apresenta balanço da temporada: touradas recuperam da pandemia com grande crescimento em 2022

No primeiro ano pós-pandemia, o número de touradas cresceu 58% em relação a 2021, passando de 121 para 191 espectáculos e o público aumentou 105%, subindo de 182.600 em 2021 para 375.200 espectadores em 2022. Portugal passou ainda a contar com mais dois cavaleiros de alternativa. 

A temporada tauromáquica de 2022 foi a primeira temporada sem restrições pandémicas e o sector mostrou uma grande resiliência e vitalidade, com indicadores de crescimento muito altos, estando já em números próximos aos de 2019.


Em 2022 realizaram-se 191 espectáculos tauromáquicos (121 em 2021), uma subida de 58%, obtendo 375.200 espectadores (182.600 em 2021) representando um crescimento de 105% face a 2021.


Dado relevante é o facto de, analisando só as corridas de toiros, estas terem aumentado 11% face a 2019 (de 138 em 2019 para 153 em 2022), superando o número pré-pandemia. Para isso contribuiu o reforço do número de corridas nas principais praças, mas também o aumento da actividade nas praças toiros amovíveis pelo país, recuperando actividade em diversos concelhos, representando 20% dos espectáculos face aos 13% de 2019. No que diz respeito à média de ocupação em corridas de toiros esta foi de 2.174 espectadores, uma subida de 35,7% face aos 1.602 espectadores por corrida em 2021. 


Os consumidores de espectáculos tauromáquicos continuaram a ser discriminados com o pagamento de uma taxa ilegal de 23% de IVA nos bilhetes, desde 2020, quando a taxa devida nos espectáculos culturais é de 6%. Isto prejudica não só a recuperação total do setor mas também o apoio às instituições de solidariedade social que dela dependem. Recordamos que as Misericórdias e IPSS são proprietárias de cerca de metade das praças de toiros do país. 


Em linha com os objectivos da Conferência das Nações Unidas sobre a biodiversidade realizada em Montreal, que pretende manter, melhorar e restaurar ecossistemas, incluindo deter a extinção de espécies e manter a diversidade genética, os ganadeiros portugueses continuaram o seu trabalho de gestores ecológicos, promovendo a biodiversidade e a mitigação das alterações climáticas em cerca de 70 mil hectares de lezíria, montado e espaços endémicos nos Açores, dedicados ao toiro bravo, preservando este património genético.


No balanço do ano, as ganadarias portuguesas voltaram a contribuir positivamente para a balança comercial de bens e serviços, tendo as exportações atingido as 456 reses bravas (432 para Espanha e 24 para França), num aumento de 143% face às 187 de 2021. Foram importados somente 13 toiros. No total de 2.022 foram lidados 1.206 toiros nas praças nacionais, face aos 740 de 2021, um aumento de 63%.


Para Diogo Durão, presidente da PróToiro (Federação Portuguesa de Tauromaquia) e da Associação Nacional de Grupos de Forcados, o "ano de 2022 mostrou uma grande resiliência do sector tauromáquico e, terminadas as limitações na realização de espectáculos, registou-se um grande crescimento no número de espectáculos e de público, que voltou a acorrer em massa às corridas de toiros, o que mostra bem o apego dos portugueses à cultura tauromáquica”.


Marcos Bastinhas liderou o ranking de actuações dos cavaleiros tauromáquicos em Portugal (45 actuações) seguido de Luís Rouxinol e João Salgueiro da Costa (27) e de Luís Rouxinol Jr. (24) que encerra o top 3. Contabilizando as actuações no estrangeiro o cavaleiro Rui Fernandes somou 28 actuações (4 em Portugal e 24 no estrangeiro).


Joaquim Ribeiro "Cuqui" e João Silva "Juanito” (6 corridas cada), Manuel Dias Gomes (4) e António João Ferreira e João Diogo Fera (3) lideraram o ranking de actuações dos matadores de toiros. Os forcados Amadores de Vila Franca (24), Montemor e Ribatejo (18) e Évora, S. Manços e Moura (17) lideraram as actuações dos Grupos de Forcados. 


Vila Franca de Xira (13) foi a cidade com mais espectáculos tauromáquicos, seguida de Angra do Heroísmo (7) e de Moita e Alcochete (6).


Quanto aos cavaleiros praticantes, António Ribeiro Telles (filho) liderou o ranking dos jovens cavaleiros com 21 actuações, seguido de Tristão Ribeiro Telles Queiroz (20) e Paco Velasquez (13). Contabilizando as actuações fora de Portugal, Duarte Fernandes realizou 15 actuações (3 em Portugal e 12 no estrangeiro).


Diogo Peseiro foi o líder entre os novilheiros (2 actuações) e Filipe Martinho (2) ficou em primeiro no ranking dos novilheiros praticantes.


O ranking dos bandarilheiros foi liderado por Duarte Alegrete (58) seguido por Pedro Paulino “China” (54) e Diogo Malafaia (52). Quanto aos bandarilheiros praticantes, Miguel Maltinha liderou (34 actuações), seguido por Fernando Fetal (30) e Francisco Honrado (28).


Analisando a temporada tauromáquica de 2022, Nuno Pardal, presidente da Associação Nacional de Toureiros, refere que "neste ano pós pandémico temos de enaltecer a resiliência dos artistas tauromáquicos que tanto sofreram com a paragem forçada. O ano de 2022 aproximou-se da normalidade e os toureiros, finalmente, puderam superar as dificuldades e criar a sua arte, sem condicionantes". 


Ricardo Levesinho, presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, indica que “foi um ano muito intenso com um número de espectáculos muito próximo ao período antes do Covid, que na altura contemplava temporadas normais em Albufeira e Lisboa. A infeliz redução nessas praças foi absorvida por aumentos de espectáculos espalhados pelo país, o que é um óptimo sinal. Evidenciou-se uma excelente procura pelos espectáculos de qualidade e de reconhecida importância, o que demonstra um grande interesse por parte do público e aficionados, mas que continuam a ser discriminados com uma taxa de 23% de Iva”. 


João Santos Andrade, presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, destaca o facto de “a temporada de 2022 registar um desempenho muito positivo nos resultados de venda e exportação das ganadarias face a 2021, a caminho dos valores pré-pandemia.”


O tom positivo é confirmado por Luís Capucha, presidente da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal, dizendo que foi "uma temporada de recuperação, com os aficionados a dizerem 'presente!', o que mostra a forte adesão dos portugueses à tauromaquia, como expressão única da cultura portuguesa".


Para o representante da União das MisericórdiasArmando Jorge Carvalho, o desempenho do sector nesta temporada “é uma boa notícia para as Misericórdias proprietárias das praças de toiros que puderam estabilizar as receitas oriundas dos arrendamentos à tauromaquia para benefício das suas obras sociais, promovendo a cultura portuguesa e dignificando o sector social em Portugal."


As ganadarias que mais toiros lidaram em Portugal foram as de Passanha (91), Palha (76) e Murteira Grave (69). O top 3 das ganadarias que mais lidaram no estrangeiro é ocupado por Santa Teresa (56), Guiomar Cortes Moura (48) e Couto de Fornilhos (45).


Quanto aos produtores de espectáculos (empresários) o ranking foi liderado pela RACG com 28 espectáculos produzidos, seguindo-se a Ovação e Palmas (20) e a Toiros & Tauromaquia (15). 


No ano que termina, quanto a alterações de categoria, tornaram-se cavaleiros de alternativa (profissionais) dois jovens cavaleiros: Joaquim Brito Paes (21 Julho, no Campo Pequeno) e António Núncio (15 Agosto, em Requengos de Monsaraz). Ascenderam à categoria de bandarilheiro Miguel Maltinha e à categoria de bandarilheiro praticante Francisco Honrado, Rodrigo Recarita, Diogo Fernandes, Mariano dos Santos e Guilherme Cruz.


Depois de a pandemia ter sido invocada como um das razões para a não transmissão de touradas na RTP em 2021, no ano de 2022 o canal público voltou a não transmitir nenhuma corrida de toiros, quebrando os laços históricos e afectivos com os portugueses e emigrantes na diáspora, que reconhecem nas touradas uma das mais queridas expressões da portugalidade. 


Segundo o estudo de opinião da Eurosondagem realizado em Dezembro de 2019, 65% dos portugueses afirmou que já assistiu ou costuma assistir a touradas pela televisão. Esta é uma situação que tem de ser corrigida com urgência em 2023, para que seja cumprido o seu dever de serviço público. 


Em relação às tauromaquias populares (de rua) como as largadas de toiros, as capeias arraianas ou as touradas à corda, a temporada foi também de grande recuperação, sendo que anualmente se realizam cerca de 2.000 eventos de tauromaquia popular pelo país.


PróToiro-Federação Portuguesa de Tauromaquia


Nota:


Esta informação estatística foi reunida pela PróToiro-Federação Portuguesa de Tauromaquia, com base no cruzamento dos dados da Associação Nacional de Toureiros e da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide. Esta análise permite um retrato mais fidedigno da tauromaquia em Portugal, uma vez que os dados da Inspecção-Geral das Atividades Culturais apenas reflectem a actividade administrativa deste organismo em Portugal Continental. A Região Autónoma dos Açores, por reger-se por legislação própria, não está incluída nos dados da IGAC, tal como eventos que não são abrangidos pelo Regulamento Taurino, como Barrancos e os espectáculos de Recortadores, entre outros. O critério utilizado na contabilização dos espectáculos e espectadores é a de todos os eventos em que foi lidada pelo menos uma rês brava. 


Foto José Canhoto