domingo, 30 de junho de 2024

Em Évora: destacou-se Palha na noite dura dos Palhas

José V. Claro - A ganadaria Palha proporcionou ontem uma noite de emoções fortes na Arena D'Évora na mais tradicional das datas da temporada na Cidade-Museu, a Corrida de São Pedro, que apesar da tradição não encheu por completo as bancadas da praça alentejana. Era um cartel diferente dos São Pedros usuais, um cartel com toureiros jovens, a olhar o futuro e a verdade é que o público aficionado não aderiu nem respondeu à chamada como se esperava e se impunha. Faltou preencher um terço da, já de si pequena, lotação da Arena D'Évora.

Os toiros da ganadaria Palha eram, sem sombra para dúvidas, o prato forte deste São Pedro/2024. Foi bravo e exigente o primeiro - superiormente lidado por Francisco Palha, naquela que se pode considerar a lide mais destacada da corrida; nobres e fáceis os lidados em segundo e terceiro lugar; os quarto e quinto mais complicados e com menos opões; o sexto foi um toiro bravo, o melhor da noite, com o qual Tristão Teles Queiroz esteve à altura das circunstâncias e no final o maioral da ganadaria deu aplaudida volta à arena. Quanto há toiros de verdade e há emoção na praça, a Festa tem, de facto, outro sentido.

Francisco Palha está a passar por um momento altíssimo e é, até aqui, um dos mais destacados triunfadores desta temporada. Teve um triunfo pleno e e motivo na lide do primeiro toiro da noite, um Palha encastado, exigente e com muitas teclas. No quarto da ordem, um toiro que cedo procurou o refúgio em tábuas, desenvolveu uma lide de muito empenho, pôs a carne no assador e voltou a estar por cima. Foi, na noite dura dos Palhas, o mais destacado dos três cavaleiros em praça. Próximo compromisso de Francisco Palha, a não perder: domingo 7 de Julho em Vila Franca, pelo Colete Encarnado, em tarde de alta competição com João Ribeiro Telles. "Vai ser a doer!".

António Prates não esteve ontem nos seus dias. Sentiu algumas dificuldades nos dois toiros. O primeiro foi um toiro nobre e fácil, ideal para o êxito, o jovem cavaleiro andou irregular de início e já só na fase final da lide viria a dar um ar da sua graça, mesmo assim algo distanciado do seu melhor. O segundo do seu lote foi um dos piores do encerro, sem quaisquer opções. Prates fez o que pôde. Não deu volta em nenhum dos toiros.

Tristão Telles Queiroz cumpriu no seu primeiro, um bom Palha, sem contudo redondear. No último, o melhor toiro da noite, teve uma lide alegre, iniciada com uma emotiva sorte de gaiola, a demonstrar atitude e muito querer, alcançando depois momentos muito bons que chegaram ao público e emocionaram tudo e todos. Um jovem cavaleiro em crescendo de corrida para corrida.

Bem as quadrilhas dos três cavaleiros, sobretudo no trabalho que tiveram durante as pegas.

Noite dura para os forcados Amadores de Évora, que cumpriram esta encerrona com enorme galhardia.

Foram forcados de cara João Madeira numa grande pega ao primeiro intento, a última da sua carreira brilhante de forcado amador, um forcado que deixa história; Henrique Corguete ao segundo intento; Ricardio Sousa também à segunda; António Prazeres à terceira; João Cristovão à segunda; e fechou o cabo José Maria Caeiro, consumando também a pega à segunda tentativa.

A corrida teve direcção feminina, assumida (e bem) por Maria Florindo, assessorada pela médica veterinária Ana Gomes.

Foto Maria Mil-Homens