Jaime Amante - Cumprem-se hoje 41 anos sobre a trágica corrida nocturna realizada na praça de toiros do Campo Pequeno em que foi vítima de grave colhida o cavaleiro José Francisco Varela Crujo, que viria a falecer quatro anos depois, no dia de Natal do ano de 1987 no Hospital de Beja.
Varela Crujo nasceu em Lisboa a 23 de Outubro de 1956, mas bem cedo foi viver para Beja, onde se iniciou na prática do toureio equestre.
Debutou em público a 9 de Setembro de 1970 na praça de Moura e tomou a alternativa no Campo Pequeno na corrida de Domingo de Páscoa, a 10 de Abril de 1977, apadrinhado por Mestre David Ribeiro Telles e com toiros da ganadaria do Dr. Ortigão Costa.
Varela Crujo desenvolveu digna carreira em arenas de Portugal, Espanha e França, gozando de enorme popularidade neste último país, onde toureara dias antes da fatídica queda em Lisboa.
Nessa noite de 11 de Agosto de 1983, José Varela Crujo alternava no Campo Pequeno com José Maldonado Cortes e os matadores Mário Coelho e Pepe Câmara, frente a toiros da ganadaria Pontes Dias. Pegaram os Forcados Amadores da Chamusca (cartaz em baixo).
O malogrado cavaleiro esteve em coma vigil durante quatro anos, acabando por morrer a 25 de Dezembro de 1987.
Foi o terceiro cavaleiro a perder a vida por colhida na arena lisboeta - depois de Fernando de Oliveira (12 de Maio de 1904) e Joaquim José Correia "Quim-Zé" (16 de Outubro de 1966).
Este é um dia que recordo com tristeza e mágoa.
Conheci o José Francisco Varela Crujo no ano de 1972, era ele aluno da Escola de Regentes Agrícola de Évora e eu "bicho" na Escola de Regentes Agrícola de Santarém.
A Garraiada anual da ERAS realizou-se na Monumental "Patrício Cecílio" e contou com a sua presença juntamente com Brito Limpo, também aluno da Escola de Évora e cavaleiro amador. Nessa tarde lidaram-se reses do Marquês de Rio Maior.
Nessa noite de 11 de Agosto de 1983, no Campo Pequeno, saí como moço de espadas às ordens do Maestro Mário Coelho e o momento que vivemos foi assustador e de muita apreensão.
Recordo-me que depois de dar entrada em Santa Maria, o malogrado toureiro foi transferido para o antigo Hospital da Cuf, que na época era o único que possuía equipamento para um diagnóstico profundo. Todos os toureiros se deslocaram a Santa Maria e acompanharam a família na deslocação ao estabelecimento hospitalar da Cuf.
São momentos e datas que jamais esqueceremos.
Foto D.R./"Correio da Manhã"/Arquivo