Matador de toiros e primeira figura do seu país durante vinte anos, Alejandro Amaya despiu o traje de luces em 2021 e tornou-se cavaleiro (rejoneador). Uma nova faceta que vai pela primeira vez mostrar aos aficionados portugueses no próximo sábado em Vila Viçosa. Antes, falou ao “Farpas”. E treinou-se na praça do Montijo, onde pudemos constatar (fotos) que está apto e em forma para a estreia na Pátria do Toureio a Cavalo.
Entrevista de Miguel Alvarenga com colaboração especial de Miguel Calçada (fotos)
- Maestro, não é a primeira vez que uma primeira figura do toureio a pé “despe” o traje de luces e passa a tourear a cavalo. Aconteceu, entre outros, com os grandes Carlos Arruza, seu compatriota, e Paco Ojeda e também em Portugal com Mário Miguel e Paco Velásquez, ambos com a alternativa de matador e depois a de cavaleiro. Porque razão enveredou pela nova trajectória de rejoneador?
- Sempre tive aficion e entusiasmo por cavalos. E sempre estive ligado à criação de cavalos, mas que não eram de toureio. O meu pai começou a criar cavalos Lusitanos, já há quase quarenta anos. Depois comecei a tourear, como matador reparti muitas vezes cartel com rejoneadores, como Pablo Hermoso de Mendoza e outros em corridas mistas. E todo esse convívio com rejoneadores levou a que algum dia me emprestassem um cavalo para eu dar uma volta com uma bezerra e assim foi acontecendo. Fui pouco a pouco, sempre com a ilusão de que um dia poderia tourear a cavalo um novilho e não apenas uma bezerra.
- Não vai voltar a tourear a pé?
- Não me vou voltar a vestir nunca mais de luces. A minha etapa como matador de toiros terminou e há dez anos, quando me retirei, tinha muito clara na minha mente a decisão de que acabara. Estou muito agradecido a Deus por tudo o que vivi, sempre com o desejo de cumprir muitas outras metas. Estou consciente de que não foram poucas tardes, foi uma trajectória larga e sai satisfeito. Mas agora vivo outra etapa e outro sonho e não vou mais tourear a pé.
- Conhece certamente, até porque já o vimos em praças nacionais, o toureio a cavalo de Portugal. Quem são os seus ídolos?
- Sempre gostei de ver imagens de todas as épocas. Mas confesso que tenho alguns toureiros preferidos, porque eram melhores, porque gosto da sua forma de tourear. Um cartel com toureiros de que gosto mais e para o que compraria um bilhete para os ir ver, posso referir, por exemplo, o festival do próximo sábado em Vila Viçosa. É um cartel enorme, estou muito nervoso e nunca me imaginei a tourear ao lado do Maestro Paulo Caetano, de que vi tantas imagens, que tanto admiro e que algumas vez vi tourear, quando era ainda jovem e vinha a corridas com meu pai. A verdade é que ir debutar em Portugal, a Pátria do Toureio a Cavalo e, ainda apara mais, tourear a seu lado, é um verdadeiro sonho para mim.
- No próximo sábado, vai assumir o grande desafio e a enorme responsabilidade de debutar como rejoneador na Pátria do Toureio a Cavalo, no festival que se realiza em Vila Viçosa e onde reparte cartel com figuras de Portugal num elenco encabeçado pelo Maestro Paulo Caetano, que celebra esta temporada 45 anos de alternativa. Nervoso? Confiante?
- Confiante, mas também nervoso, consciente da responsabilidade. Há uns dias atrás chovia muito e não me pude preparar, isso enervou-ma ainda mais… Mas estou contente, estou alegre e estou motivado, espero que as coisas corram bem e que possa mostrar o meu toureio, respeitando sempre muito o público.
- Que cavalos vai utilizar? Trouxe a sua quadra?
- Há já alguns anos que toureio alguns festejos, alguns festivais, tenho quatro, cinco cavalos preparados e com os quais me sinto bem, estão cá e são esses que vou utilizar.
- Será apenas este festejo ou vem com a intenção de cumprir temporada este ano em Portugal?
- Vou tourear apenas este festival. Se num futuro decidir fazer uma campanha, tourear um maior número de festejos, isso obrigar-me-ia a uma maior preparação e a ter mais tempo livre para me dedicar mais aos cavalos. Neste momento, será unicamente este festival de sábado em Vila Viçosa.