sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Moura enorme ontem em Lisboa!

Moura e o "Merlin": sinfonia de bom toureio!
João José: despediu-se um grande toureiro!
Cortesias de Gala à Antiga Portuguesa atrairam muito público ao C. Pequeno:
os coches e o bom cartel, formado na maioria por cavaleiros veteranos, esgotaram a praça!

Miguel Alvarenga - Com a lotação esgotada, o Campo Pequeno encerrou ontem a temporada de abono com direito a transmissão em directo pela RTP. De apresentação intocável, os toiros de Pinto Barreiros sairam na generalidade mansotes e sem permitir brilharetes de maior aos toureiros.
O espectáculo teve, quanto a mim, três momentos de destaque: as sempre apreciadas cortesias de gala à antiga portuguesa, a lide fabulosa de João Moura ao primeiro toiro da noite, o melhor e a emotiva despedida de um grande toureiro, o bandarilheiro João José Vieira Pedro.
Moura e o cavalo "Merlin" protagonizaram uma verdadeira sinfonia de bem tourear. Esteve o Maestro "acima da média", ao estilo de chegar e dizer: "estou aqui, ainda estou aqui!". E esteve mesmo.
Brilhante, também, com a comunicabilidade usual, a actuação de Joaquim Bastinhas no segundo toiro, a repetir o êxito da corrida de aniversário da praça.
Com um toiro menos colaborante, Rui Salvador destacou-se sobretudo em dois curtos, os últimos, da sua marca, dois "ferros impossíveis" daqueles que marcaram em 27 anos de alternativa a diferença.
João Salgueiro continua a ter azar nos sorteios. Saiu-lhe o pior toiro. Fez das tripas coração, mas o oponente tinha pouco ou nada para dar.
O mesmo aconteceu ao valente Vitor Ribeiro. Sem toiro para brilhar, "atirou-se a ele como um leão" e conseguiu a faena que parecia não existir. Uma lide de imenso valor. Muito, mesmo. Lamentável, apenas, a atitude de menos respeito pelo director de corrida quando no final dava a volta, em forma de protesto pelo facto de aquele não lhe haver concedido música. Na primeira praça do país, impõe-se outro comportamento dos toureiros. Por mais irritado que estivesse, havia que ter respeitado a máxima autoridade da corrida.
Laureado com destacados triunfos em arenas de Espanha, Francisco Palha esteve irregular no Campo Pequeno. Começou decidido com uma sorte de gaiola, depois desenhou a lide com altos e baixos.
Bem a forcadagem, sem a vida facilitada. Por Montemor, uma boa pega de João Caldeira e outra fabulosa de João Cabral, ambos à primeira; e de João Romão Tavares à segunda. Pelo grupo da Chamusca, pegaram Nuno Luís (à primeira), Rui Pedro (à quarta) e o cabo Nuno Marques (ao primeiro intento).
O Campo Pequeno fechou a temporada de abono com um espectáculo de casa esgotada, de elevado nível, a que faltou apenas "salero" aos toiros. Teria sido uma grande noite, assim ficou praticamente por uma grande actuação, a de Moura no primeiro toiro - lide brindada ao seu antigo bandarilheiro Amâncio Grilo, que assistia na barreira à corrida.
Finda a actuação de Bastinhas, despediu-se das arenas o bandarilheiro João José - que já este ano dissera adeus às arenas na sua terra, a Aldeia da Luz, acabando ontem por cortar a coleta. Foi Bastinhas quem se encarregou de o fazer, depois de João José ter estado muitos anos ao seu serviço, embora já não pertencesse à sua quadrilha há algum tempo. Volta aplaudida e o merecido tributo do público a um grande toureiro.
Três deputados, entre os quais a antiga ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, estiveram em lugar de honra no Campo Pequeno. Uma "troika" para avaliar a importância do espectáculo tauromáquico, num momento em que se decide na Assembleia da República, pasme-se, o futuro da Festa de Toiros em terras de Portugal...
A corrida foi bem dirigida pelo antigo bandarilheiro Manuel Jacinto.

Fotos Fernando Clemente/www.pararmandartemplar.com