sábado, 25 de maio de 2019

Diego Ventura: lição de humildade e grandeza no jantar do "Sector 1"

Patrícia Sardinha, presidente do Grupo Tauromáquico "Sector 1", no uso da
palavra, ao início do jantar que ontem assinalou em Lisboa o 87º aniversário
da prestigiada instituição
Incrível a lição de simplicidade, de humildade e de grandeza que Ventura deu
ontem no jantar do "Sector 1" na interessante conversa com João Cortesão
Ventura no uso da palavra, tendo a seu lado o rejoneador equatoriano Álvaro
Mejía e, em baixo, a delegação do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete
com Diego Ventura e Patrícia Sardinha, Miguel Alvarenga e João Cortesão


Diego Ventura deu ontem uma enorme lição de grandeza e humildade no jantar de aniversário do Grupo Tauromáquico "Sector 1". "Não sou o número um, há muitos toureiros bons", afirmou. E até teceu rasgados elogios a Pablo Hermoso de Mendoza

Sala cheia ontem no Restaurante "Jardim Mundial", no Hotel Mundial, em Lisboa, no jantar comemorativo do 87º aniversário do Grupo Tauromáquico "Sector 1", de que foi convidado especial o rejoneador Diego Ventura.
Patrícia Sardinha, presidente do mais antigo dos grupos tauromáquicos da capital, abriu a noite congratulando-se pela honra da presença de Ventura e afirmando: "Finalmente consegui trazê-lo a Lisboa", numa clara alusão às dificuldades que têm rodeado a contratação do toureiro para o Campo Pequeno.
Depois de uma breve apresentação do rejoneador, João Cortesão esteve à conversa com Diego Ventura, que nas suas intervenções deu uma enorme lição de grandeza, de sensibilidade e mesmo de humildade.
Começou por recusar o rótulo de número um, alegando que "há hoje em dia muitos toureiros que são muito bons".
Também negou que se toureie hoje melhor que antigamente: "Toureia-se muito bem, o toiro e o cavalo evoluiram, mas não concordo que se diga que se toureia hoje melhor que noutros tempos. Tourearam muitíssimo bem os toureiros de antigamente".
E quando questionado quem foram os seus grandes ídolos, Ventura nem hesitou: "João Moura e Pablo Hermoso de Mendoza. Moura foi o Maestro que modificou por completo a forma de tourear a cavalo. Pablo Hermoso já era um figurão quando eu comecei. Pode haver muita coisa, nem nos falamos sequer, mas não posso deixar de reconhecer que é um figurão do toureio a cavalo".
E citou ainda muitos outros cavaleiros, como Álvaro Domecq e Manuel Vidrié, os irmãos Peralta, Mestre Batista, Zoio e, na actualidade, António Telles, Rui Salvador, Luis Rouxinol, João Salgueiro (recordando as suas grandes actuações com o cavalo Isco, que disse terem-no marcado) e, dos novos, João Moura Júnior, Rui FernandesFrancisco Palha e João Ribeiro Telles.
O cavalo Morante, que mordia os toiros, foi também tema da charla de Ventura com Cortesão: "Havia quem não gostasse, mas todos exigiam que eu toureasse nele. E é preciso não esquecer que o trazia à praça no final da lide, depois de já ter toureado em muitos dos meus melhores cavalos. O que fazia não era, reconheço, a maior pureza do toureio a cavalo, mas 'El Cordobés' também não toureava com a pureza dos outros e foi um figurão indiscutível do toureio".
Obviamente que o "caso Campo Pequeno" tinha que vir à baila. E Ventura não se negou a abordá-lo, quando questionado por João Cortesão:
"O Campo Pequeno é a grande catedral mundial do toureio a cavalo, onde todos desejam actuar. Não nego que todos os dias, quando estou a montar e a preparar-me, sonho em tourear no Campo Pequeno. Um dia acontecerá...".
E quando Cortesão lhe perguntou qual era o cartel ideal, com que toureiros gostava de tourear, respondeu:
"Com Pablo Hermoso, com João Moura, com Moura Jr., com o Ginja (João Telles), o Rui Fernandes, o António Telles, o Palha, que está num momento incrível...".
Henrique da Câmara, jovem diestro amador, perguntou a Ventura se alguma vez iríamos vê-lo tourear um mano-a-mano com Pablo Hermoso de Mendoza:
"Quando e onde o Pablo quiser e com os toiros que ele quiser. Ganhávamos todos com isso e ganhava a Festa e os aficionados".
Simples, humilde, verdadeiro, Diego Ventura abordou muitos outros temas, falou da diferença dos píublicos de Lisboa, de Madrid, do México, "todos muito entendidos e exigentes", recordou as "sensações maravilhosas" que teve no ano passado em Las Ventas quando cortou um rebo, feito que não ocorria na primeira praça do mundo há mais de quarenta anos e lembrou ainda o papel importante e decisivo que seu pai, António Ventura, teve e tem na sua carreira.
Durante o jantar foram entregues os diplomas aos alunos que participaram no III Curso de Formação Taurina do "Sector 1", entre os quais Lourenço Vinhas, responsável da ganadaria Vinhas.
Presente uma grande representação do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete; o presidente da Real Tertúlia D. Miguel I, Francisco Cabral; os cavaleiros Fernando de Andrade Salgueiro, António Raúl Brito Paes e Francisco Palha; o rejoneador equatoriano Álvaro Mejía (que há dois anos recebeu no seu país a alternativa das mãos do Maestro João Moura); Dr. Paulo Pereira (empresa do Campo Pequeno), o empresário Rafael Vilhais (representante de Ventura em Portugal), Sousa Cintra, Isabel Rilvas, os antigos bandarilheiros António Garçoa e Francisco Farinha, os antigos forcados José Jorge Pereira e Rui Souto Barreiros, o director de corrida Tiago Tavares, Hélder Milheiro da Federação PróToiro e muitos mais.

Fotos M. Alvarenga