sexta-feira, 31 de maio de 2019

Joaquim Bastinhas: cinco meses de saudade



Miguel Alvarenga - Cumprem-se hoje cinco meses sobre o dia triste da prematura partida de Joaquim Bastinhas.
E parece que foi ontem que me telefonou o amigo "Galinha" a avisar para eu ver, poucos dias depois, na televisão, numa corrida em Alcácer, "um cavaleiro novo que apodero e que vai dar que falar".
E parece que foi ontem que o amigo coruchense José Raposo, que era como irmão do bandarilheiro Jorge Marques, me levou a Coruche à herdade de António José Teixeira para que eu visse e conhecesse esse novo toureiro que despontava e de que o Jorge era bandarilheiro.
Os anos passaram, cimentámos uma amizade sólida e férrea. O Bastinhas, todos sabem, era um brincalhão. O que nos divertimos, o que vivemos juntos, até presos fomos um dia em Madrid.
Mas para lá do brincalhão, do amigo de verdade, estava um toureiro genial, um toureiro que eu admitava profundamente e que marcou os últimos quarenta anos das nossas vidas. Dentro das praças e fora das praças, não houve outro igual.
Recordo a última corrida, em Setembro passado, em Elvas. Mal acabou de tourear - e como ele toureou, meu Deus! - fui abraçá-lo ao pátio de quadrilhas. E ele deu-me um beijo. Nunca tinha dado. E não voltou a dar mais nenhum.
Falámos depois algumas vezes. Ficou feliz em Outubro quando lhe liguei a dizer que tinha nascido o meu neto. "Cuida dele e diverte-te com ele, vais adorar", disse-me. E depois adoeceu. E depois um dia, sem mais nem menos, sem se despedir, sem beber um último copo e sem dizer adeus, morreu. Ainda hoje não acredito.
Lembrá-lo é sempre uma saudade. Triste e nostálgica. O Bastinhas não era homem para morrer. Aquele sorriso nunca se apagaria nunca.
Na quinta-feira vamos prestar-lhe no Campo Pequeno a homenagem que ele merece - na praça onde ele próprio nos prestou a todos tantas com a alegria do seu toureio, com a emoção e a verdade com fazia frente aos toiros. Com aquela forma genuína e única com que marcou sempre a diferença ao longo de quarenta anos.
Vamos todos dar a mão à Lena, o abraço ao Ivan, o nosso apoio e carinho ao Marcos - que vai continuar a defender com a sua arte e o seu valor desmedido esse nome, essa imagem e toda essa força que o Maestro deixou como legado. A todos nós. Saibamos honrá-lo enchendo o Campo Pequeno.

Fotos Frederico Henriques e Maria Mil-Homens